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diam a diferença entre a cultura caiçara e a cultura cabocla. Paulino de Almeida<br />
(1945) apresenta o modo de vida caiçara nos primeiros anos do século XX,<br />
descrevendo os caiçaras como uma comunidade que sobrevive entre as atividades<br />
agrícola e pesqueira: “Nessa luta terrível, ora para a terra ora para o mar,<br />
consomem toda a energia, julgando-se felizes quando conseguem algumas roças<br />
de mandioca e os apetrechos principais para a pesca” (p.70).<br />
A cooperação entre a comunidade do litoral paranaense sempre foi um<br />
ponto forte da cultura caiçara, e a grande responsável pela prática do <strong>Fandango</strong>.<br />
Os moradores se uniam nas práticas agrárias e para os trabalhos mais pesados,<br />
como a prática do solo para o posterior plantio, faziam o mutirão. Uma ação<br />
que era resultado da ajuda mútua que geralmente acontecia nos fins de semana.<br />
Além do caráter solidário, o mutirão também era uma forma de convívio social.<br />
Com o êxodo rural que teve uma ação forte entre os anos de 1930 e<br />
1950, época em que foram construídas as primeiras estradas de rodagem ligando<br />
o centro do Estado com o litoral, a expectativa de crescimento econômico<br />
fez com que muitas famílias deixassem suas atividades rurais. Outro fator que<br />
contribuiu para a degeneração da cultura caiçara foi à instituição das áreas de<br />
preservação ambiental, que acabou impedindo que muitas famílias continuassem<br />
sobrevivendo das atividades de subsistência. Esta ação governamental que teria<br />
como objetivo conter a especulação imobiliária e proteger a Mata Atlântica acabou<br />
por expulsar os caiçaras de suas terras de origem.<br />
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Heloisa Garrett