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com uma pessoa de mais idade. Isso é errado porque tiram deles (os mais velhos)<br />
a oportunidade de transmitir o conhecimento adquirido por décadas.<br />
Zé desenvolveu um trabalho de pesquisa muito vasto nos últimos anos, que<br />
classifica como pesquisa de vivência.<br />
“No decorrer desse tempo me encontrei com um fandangueiro ali, outro<br />
aqui, que conta uma coisa nova, ou até mesmo reconta uma história várias vezes.<br />
Então é um material que no momento eu considero como um ponto bem<br />
bom de ser publicado. Muitas características, muitas peculiaridades a mais, é<br />
uma coisa que não tem fim.<br />
Ele conta que começou essa pesquisa sobre <strong>Fandango</strong> exatamente há 13<br />
anos. Com 15 anos ele ganhou de seu pai uma viola e começou a frequentar os<br />
bailes.<br />
“Você vai conhecendo as pessoas. Comecei a trabalhar com o <strong>Fandango</strong><br />
somente com papai que era violeiro. Depois fui abrangendo grandes mestres<br />
que foram contribuindo, como o Seu Anísio, que hoje está em Paranaguá, e aos<br />
poucos fui aprendendo”, explica Zé Muniz.<br />
Seu Anísio morava do lado de sua casa e sempre ia dar uma oficina. Zé<br />
fazia questão de pagar, afinal ele estava transmitindo seu conhecimento e, como<br />
todo professor, merecia ser recompensado por seus ensinamentos.<br />
“Nós não tínhamos dinheiro pra nada, reunimos apenas R$ 15 e perguntamos<br />
se ele podia nos ensinar, e Seu Anísio nos deu três dias de oficina. Então<br />
você vai criando uma amizade, construindo um vínculo, como com o Seu Anísio.<br />
Você vai conhecendo outras pessoas, o Nildo, o Nilo e o Eraldo. Hoje em dia a<br />
gente já é bem conhecido, os fandangueiros das ilhas, de Paranaguá, porque<br />
você já construiu uma história, um trabalho”, conclui.<br />
Durante a conversa com Zé ele me falou de algumas peculiaridades de<br />
Guaraqueçaba, como a forma que as famílias se relacionam, as dificuldades que<br />
os moradores enfrentam quando se trata do desenvolvimento econômico e a<br />
falta de perspectivas dos jovens da comunidade, que acabam saindo da cidade<br />
em busca de oportunidades. Ele me conta que durante sua pesquisa identificou<br />
pessoas que saíram de Guaraqueçaba, mas antiveram suas raízes.<br />
“Claro que não me interessa muito saber se tem um fandangueiro em<br />
Morretes, ou em Cananéia, litoral Sul de São Paulo. Interessa pelo sistema da<br />
pesquisa e trabalho, mas a minha pesquisa é direcionada ao <strong>Fandango</strong> e me<br />
interessa que seja ligado aqui com Guaraqueçaba, independentemente que esteja<br />
morando aqui ou lá”, ressalta.<br />
Zé Muniz disse ainda que não adianta querer pesquisar a origem do<br />
<strong>Fandango</strong>, porque o que se encontra são várias vertentes.<br />
<strong>Fandango</strong>,o bailado de gerações<br />
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