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Prosa - Academia Brasileira de Letras

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Massaud Moisés<br />

Dos escritores nacionais <strong>de</strong>sse período, dois houve que, por diferentes<br />

motivos, imprimiram a sua presença na instalação e <strong>de</strong>finição do Mo<strong>de</strong>rnismo:<br />

Ronald <strong>de</strong> Carvalho e Paulo Prado. O primeiro, nascido em 16 <strong>de</strong> maio<br />

<strong>de</strong> 1893, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, percorreu uma trajetória retilínea, sem sobressaltos,<br />

até a sua morte prematura, num <strong>de</strong>sastre <strong>de</strong> automóvel, em 19 <strong>de</strong> janeiro<br />

<strong>de</strong> 1935, na cida<strong>de</strong> natal. Viajado, cosmopolita, em Paris edita o seu livro<br />

<strong>de</strong> estréia (Luz Gloriosa, 1913); nos anos seguintes participa do grupo <strong>de</strong><br />

Orpheu, que <strong>de</strong>tonaria a revolução mo<strong>de</strong>rnista em Portugal; conhece vários<br />

países da América, enquanto vai publicando livros <strong>de</strong> poesia (Poemas e Sonetos,<br />

1919; Epigramas Irônicos e Sentinentais, 1922; Toda a América, 1926; Jogos Pueris,<br />

1926) e ensaios (Pequena História da Literatura <strong>Brasileira</strong>, 1919; Espelho <strong>de</strong> Ariel,<br />

1922; Estudos Brasileiros, 3 séries, 1924, 1931; Rabelais e o Riso do Renascimento,<br />

1931), mercê dos quais é eleito Príncipe dos <strong>Prosa</strong>dores Brasileiros em<br />

1931. Deixou ainda livros <strong>de</strong> viagens, em parte publicados postumamente<br />

(Imagens do México, 1930; Ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> Imagens da Europa, 1935; Itinerário. Antilhas,<br />

Estados Unidos, México, 1935).<br />

Ronald <strong>de</strong> Carvalho é bem o retrato da efemerida<strong>de</strong> da glória: incensado<br />

durante a vida, gozando dum prestígio que as boas amiza<strong>de</strong>s testemunham, a<br />

sua estrela apagou-se após o falecimento. Talentoso, vocacionado para as<br />

<strong>Letras</strong> como por uma inarredável pre<strong>de</strong>stinação, encontrando todas as facilida<strong>de</strong>s<br />

para exprimir seus dons, duma ampla cultura, nem por isso resistiu ao<br />

<strong>de</strong>sgaste do tempo. A explicação <strong>de</strong>sse fenômeno, para além da volubilida<strong>de</strong><br />

natural do público e do gosto, talvez resida precisamente nesses predicados<br />

especiais, que lhe <strong>de</strong>terminaram uma trajetória literária singular, marcada<br />

por obras em que o êxito do dia como que prenunciava o esquecimento do<br />

amanhã.<br />

Como poeta, iniciou-se à sombra do Simbolismo, <strong>de</strong> mistura com rasgos<br />

parnasianos, mas já <strong>de</strong>notando as características fundamentais da fase seguinte,<br />

com Poemas e Sonetos, assinalada pelo tom <strong>de</strong>sencantado, melancólico,<br />

crepuscular, na linha do Penumbrismo, em que certa inflexão filosofante,<br />

<strong>de</strong> matriz clássica, ressoa a atmosfera <strong>de</strong> Orpheu, notadamente <strong>de</strong> Ricardo Reis:<br />

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