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Anne Caroline Nava Lopes - Outros Tempos

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Advertimos que experiência da morte deve ser historicizada, pois todas as<br />

representações da morte estão imersas em contextos sociais e culturais que<br />

determinam de modo significativo as atitudes coletivas onde se encontram o<br />

imaginário, os rituais, os gestos, onde se prolongam os medos e onde se cristalizam<br />

os mistérios. Resta-nos indagar como mudou o sistema de representações coletivas<br />

em torno do tema da morte de sua dimensão sagrada para outra profana.<br />

A atualidade do tema e a reflexão realizada neste trabalho dão-se pela<br />

motivação de discutir um tema por muito tempo silenciado, enquanto um assunto<br />

interditado e banido do cenário da vida, uma vida moderna que se caracteriza cada<br />

vez mais pela atitude de recusa da morte. Dessa maneira, deseja-se reconhecer a<br />

importância da temática da morte como algo importante vinculado aos fenômenos da<br />

vida fazendo com que a mesma adquira valor e possa ser vivenciada em toda a sua<br />

dimensão. O debate em torno da morte é, portanto, fundamental para a<br />

compreensão da vida.<br />

Nesse ínterim, dispomos de estruturas de longa duração, que possibilitam<br />

alargar o plano dos acontecimentos e ainda visualizar os fenômenos, a configuração<br />

e suas densas variações (FOUCAULT, 2008, p. 56).<br />

É para estabelecer as séries diversas, entrecruzadas, divergentes muitas<br />

vezes, mas não autônomas, que permitem circunscrever o “lugar” do<br />

acontecimento, as margens de sua contingência, as condições de sua<br />

aparição.<br />

O trabalho está basicamente dividido em três partes. Em um primeiro<br />

momento faremos uma discussão geral das atitudes e representações perante a<br />

experiência da morte no século XIX no ocidente e no Brasil, ressaltando a<br />

importância da perspectiva do imaginário fúnebre religioso e das disputas que se<br />

fizeram no tocante à. organização da morte. Num segundo momento, discutiremos<br />

os novos arranjos e dinâmicas sociais decorrentes de um discurso médico e de um<br />

controle estatal sobre as práticas corporais. Num terceiro momento, discutiremos<br />

sobre os efeitos modificadores com o trato da morte que são mais comuns aos<br />

nossos atuais costumes, ou seja, será feita uma referência à construção da idéia de<br />

uma morte mais “selvagem” que suplanta as consideradas “belas mortes”.

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