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Anne Caroline Nava Lopes - Outros Tempos

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Mui depressa chegará teu fim neste mundo; vê, pois, como te preparas:<br />

hoje está vivo o homem, e amanhã já não existe. Entretanto, logo que se<br />

perdeu de vista, também se perderá da memória. Ó cegueira e dureza do<br />

coração humano, que só cuida do presente, sem olhar para o futuro! De tal<br />

modo te deves haver em todas as tuas obras e pensamentos, como se<br />

fosse já a hora da morte. Se tivesses boa consciência não temerias muito a<br />

morte. Melhor fora evitar o pecado que fugir da morte. Se não estás<br />

preparado hoje, como o estarás amanhã? O dia de amanhã é incerto, e<br />

quem sabe se te será concedido? (...)<br />

Procura agora de tal modo viver, que na hora da morte te possas antes<br />

alegrar que temer. Aprende agora a desprezar tudo, para então poderes<br />

voar livremente a Cristo. Castiga agora teu corpo pela penitência, para que<br />

possas então ter legítima confiança.<br />

Por meio das palavras de um membro da Igreja, também se percebe a<br />

maneira como se institui o medo na morte durante a própria vida. Esta deve ser<br />

vivenciada de um modo incorruptível, pois as atitudes dos homens em vida devem<br />

refletir um ideal de vida religioso estabelecido pela Santa Igreja Católica. Era<br />

necessário, portanto conviver cada vez menos com o pecado, pois este poderia ser<br />

um grande obstáculo diante do salvamento da alma de um fiel.<br />

O pecado exercia um papel fundamental na intimidação da morte, pois se<br />

sabia que Deus não perdoaria uma vida desregrada e permeada de pecados diante<br />

do juízo individual a que todos seriam submetidos após a morte. O medo era tão<br />

intenso que durante a morte, todos buscavam estratégias para se redimir de suas<br />

faltas, pois tinham a certeza de que tudo Deus sabia, tudo Deus via, nada lhe era<br />

ocultado.<br />

Outro fragmento dessa mesma obra do cônego Kempis (1984, p. 53-54)<br />

demonstra a obrigação de seguir um ideal religioso de vida. Segundo ele, tudo o que<br />

não vem de Deus perecerá. Suas palavras estimulam a necessidade de rejeição da<br />

cobiça e dos comportamentos perniciosos e nocivos como o egoísmo e a<br />

ostentação. O fragmento intitula-se Da abnegação de si mesmo e abdicação de toda<br />

cobiça. Trata-se de um diálogo entre Jesus e alma cujo centro da discussão é um<br />

modelo de vida “correto”:

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