Apresentação - Planej

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• Wendy, costure em mim aquela sombra que
deixei no gavetão!!! (O pronome aquela diz
que a sombra está afastada da pessoa que
fala — Peter Pan — e da pessoa com quem
se fala — Wendy.)
Quanto ao tempo, veja alguns exemplos:
• Durante esta noite, Peter Pan procura sua sombra
no quarto das crianças. (O pronome esta
sugere tempo presente, a ação ainda transcorre
no “agora”.)
• Desses tempos, se recordara com saudades do
amigo Peter Pan. (O pronome esses — mais a
palavra de — sugere que a ação ocorreu no
passado da pessoa que fala — Wendy.)
• Naquela noite, Peter Pan procurava sua sombra
no gavetão. (O pronome naquela [em + aquela]
indica que a ação de Peter ocorria em um tempo
afastado, vago, distante do presente.)
Texto com conteúdo:
Professor: Pronomes demonstrativos expressam
referência a uma oposição de espaço, dividido
linguisticamente nos dois campos polares do
eixo falante-ouvinte e num terceiro campo à parte
desse eixo. Transposta a indicação geral no espaço
(dêitica) para indicação particular no próprio
contexto linguístico (anafórica), tem-se o campo
do que vai ser dito no contexto, o do que já foi
dito, e um terceiro campo abrangendo outros contextos.
Há, assim, em português, três espécies de
demonstrativos: (1) este: indicação no âmbito do
falante (uso dêitico) ou no do que vai ser dito no
contexto (uso anafórico); (2) esse: indicação no
âmbito do ouvinte (uso dêitico) ou no que já foi dito
no contexto (uso anafórico); (3) aquele: indicação
de um âmbito exterior ao falante e ouvinte (uso dêitico)
ou exterior ao contexto em que o pronome
se acha (uso anafórico). No uso anafórico, porém,
a estilística interfere frequentemente nessa distribuição
puramente gramatical das formas, dandose
a substituição de esse por este e o emprego
de aquele para uma indicação dentro do contexto,
distanciada do ponto atual da enunciação […].
No português do Brasil, principalmente na fala, há
uma redução dos demonstrativos em dois tipos
apenas, este e esse, gramaticalmente equivalentes,
e estilisticamente diversos como mais enfático
e menos enfático, de um lado, e, de outro lado,
aquele, na base da distinção entre o campo do falante
e tudo o mais.
Adaptado de CÂMARA JR. Mattoso. Dicionário de
filologia e gramática referente à língua portuguesa.
Rio de Janeiro: J. Ozon, 1970, p. 133-134.
No próprio texto, os pronomes podem anunciar
ou resgatar coisas que foram ou serão ditas:
Peter Pan fez apenas isto: colocou um botão
na mão dela.
Mas todas as perguntas se resumiam nisto:
como são as fadas?
De fato, ele não sabia nada a esse respeito.
Nas duas primeiras frases, o demonstrativo
anuncia algo que será dito e explicado; enquanto
na terceira frase, o demonstrativo resgata algo que
já foi dito no próprio texto.
Algumas formas também podem funcionar como
explicação:
Wendy chegou a dizer que daria um beijo nele,
isto é, se ele quisesse.
Os pronomes demonstrativos muitas vezes
substituem gestos físicos e são acompanhados de
uma entonação especial quando falamos, revelando
nossas intenções, sentimentos ou ideias. Observe
os substantivos da caixa e diga que valor afetivo
têm as expressões em destaque:
admiração – indignação – irrelevância
pena – confiança – raiva – medo
surpresa – desagrado – repulsa – consolo
— Deixe isso pra lá. consolo,
irrelevância
— Que coisa é essa? repulsa,
surpresa
— Isso não, isso não! medo,
indignação
— Aquilo sim é que era comida boa! admiração
— Mais esta agora! surpresa,
desagrado
— Isso não se diz pra uma pessoa! pena,
indignação
— Aquele menino me paga! raiva
Pronomes indefinidos
Os pronomes indefinidos são aqueles que
se referem à terceira pessoa do discurso, de maneira
imprecisa, vaga.
Alguns funcionam como substantivos:
algo – alguém – nada – ninguém – outrem
… preferiam fingir que nada estava acontecendo…
Ninguém sabia voar um palmo…