Função Pública - Sindicato dos Trabalhadores em Funções ...

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Opinião 10 Valdemar Madureira Presidente da Assembleia-Geral do STFPSN Inicio este meu artigo de opinião com a parte nal do poema “Soneto do Trabalho” do Poeta que viveu e cantou Abril e que várias vezes foi recordado nesta Revista. É um apelo, um incitamento à indignação, ao protesto, à revolta, hoje tão necessário. Vivemos tempos difíceis, tempos de esbulho mas, também, tempos em que nos querem roubar a esperança por muito pequena que já seja. Querem que quemos anestesiados, mesmo adormecidos enquanto saqueiam o país e destroem as nossas vidas. Querem continuar a política da austeridade sucessiva sem olhar às consequências profundamente negativas para o país e os portugueses. A crise económica e social aprofunda-se. Portugal está mais pobre com o PIB, Produto Interno Bruto, a decrescer mais acentuadamente do que o previsto, o sector público da economia vai sendo vendido ao desbarato, na maior parte dos casos a grandes grupos estrangeiros, as micro, pequenas e médias empresas lutam pela sobrevivência, milhares delas não conseguem resistir, o investimento público e a procura interna têm variações negativas nunca antes atingidas. O país está mais endividado, muito mais do que quando a troika internacional ocupou o país e num montante sem paralelo na nossa história recente. A generalidade dos portugueses está num ritmo acelerado de empobrecimento, os seus salários e pensões são reduzidos, melhor confiscados, e as leis relativas ao trabalho são alteradas sempre a favor da entidade empregadora aniquilando direitos, fomentando a precariedade e tornando mais fácil e barato os despe- Levanta-te meu Povo. Não é tarde. Levanta-te meu Povo. Não é tarde. Agora é que o mar canta é que o sol arde pois quando o povo acorda é sempre cedo. José Carlos Ary dos Santos dimentos. Alguns, sempre os mesmos, continuam a ser isentos dos tais sacrifícios que dizem ser para todos. As funções sociais do estado, designadamente a escola pública, o serviço nacional de saúde e a protecção social, estão debaixo de fogo, primeiro degradando-as para depois as privatizar. Tudo isto vem acontecendo tendo como guião o denominado memorando de entendimento, verdadeiro pacto de agressão ao país e aos portugueses, assinado e apoiado pela troika nacional, PS, PSD e CDS-PP, e apadrinhado pelo PR. O remédio que estão a aplicar não ataca a doença, antes está a agravá-la de tal forma que pode ser incurável. Agora, depois da 7ª avaliação feita pela força de ocupação, sempre positiva para eles, concluíram que era necessário rever as previsões anteriormente feitas e lançar mais medidas de austeridade. O dé ce para este ano vai ser maior, a divida pública aumentará, o desemprego atingirá no nal deste ano a taxa assustadora de 19%. Isto signi cará mais recessão económica e social, menos economia e mais desemprego e pobreza. A esta realidade negra, consequência das políticas que vêm implementando, receitam mais cortes, para já 500 milhões de euros parte dos tão falados quatro mil milhões a concretizar nos dois anos seguintes. O Governo anunciou que nos próximos dois meses apresentará as propostas para a reforma do Estado que implicarão a dispensa de dezenas de milhares de trabalhadores da administração pública. Eles falam em rescisões por mútuo acordo, mas com esta gente o acordo deve ser conseguido dando ao trabalhador a escolha entre aceitar ou ser despedido. Isto, claro, sempre num clima de concertação social.
A reforma de Estado que dizem querer fazer, já a vêm fazendo há muito, será o aprofundamento da destruição das funções sociais do Estado de forma a criar as condições propícias à privatização dos seus principais sectores. È a destruição de aspectos fundamentais da Democracia nascida com o 25 de Abril e que a Constituição da República contempla. E é para a defesa da Constituição e do regime democrático nela consignado que todos os esforços se devem concentrar, todas as vontades convergir, deixando de lado discordâncias que podendo ser importantes nada são perante o que está em causa. É uma questão de sobrevivência do regime, é uma questão vital para os trabalhadores da Administração Pública a começar pelo seu posto de trabalho e pelo seu salário. Para que este caminho de destruição do nosso país e das nossas vidas seja travado é urgente, cada vez mais urgente, denunciar o memorando de entendimento exigindo a quem o assinou que olhe para as consequências e se deixe de palavras que não passam disso, apenas palavras. É preciso dizer Basta! Aproximando-se as comemorações do 25 de Abril e do 1º de Maio, datas que serão de festa mas, também e mais do que nunca, de luta quero terminar como comecei, recordando Ary dos Santos e um outro seu poema: 11 Depois da tempestade há a bonança que é verde como a cor que tem a esperança quando a água de Abril sobre nós cai. O que é preciso é termos confiança se fizermos de Maio a nossa lança isto vai meus amigos isto vai. “ “ EDITORIAL Opinião
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