Função Pública - Sindicato dos Trabalhadores em Funções ...
Função Pública - Sindicato dos Trabalhadores em Funções ...
Função Pública - Sindicato dos Trabalhadores em Funções ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
mas que o ganho médio mensal (GMM) <strong>dos</strong> sargentos,<br />
do Pessoal do SEF está “<strong>em</strong> linha com o mercado” , e<br />
que o ganho das praças das FA, <strong>dos</strong> chefes e <strong>dos</strong> agentes<br />
da PSP, <strong>dos</strong> sargentos e guardas da GNR, do Pessoal<br />
da Administração Tributária e Aduaneira, do Pessoal<br />
de Inspeção, do Bombeiro, da Policia Municipal, do Oficial<br />
de Justiça, da Policia Judiciária e Guarda Prisional,<br />
está “acima do mercado”. E para isso utilizou uma metodologia<br />
a que chama “Mercer IPE”, que t<strong>em</strong> como<br />
base cinco factores – Impacto, Comunicação, Inova,<br />
Conhecimento e Risco – cuja aplicação prática não explica,<br />
permitindo assim que se pense que domina a<br />
aleatoriedade e arbitrariedade.<br />
E foi com base num estudo desta natureza, s<strong>em</strong><br />
credibilidade técnica, que a generalidade <strong>dos</strong> órgãos de<br />
comunicação social intoxicaram a opinião pública, mais<br />
uma vez, contra os trabalhadores da <strong>Função</strong> <strong>Pública</strong><br />
com o estafado t<strong>em</strong>a de “privilegia<strong>dos</strong>”. Por ex., o Diário<br />
Economico de 19.3.2013, noticiava na 1ª página com<br />
letras garrafais: “Maioria do Estado ganha mais do que<br />
o sector privado”, quando isso era mentira. Outros jornais<br />
e mesmo as TV’s seguiram-lhe o ex<strong>em</strong>plo. Os media,<br />
a não alertar<strong>em</strong> os leitores para os erros e distorções<br />
do estudo da Mercer, acabaram, objectivamente,<br />
por participar numa operação de manipulação e de<br />
engano da opinião pública, já que fizeram passar, como<br />
verdades, mentiras.<br />
Em 2006, o governo de Sócrates contratou a multinacional<br />
CAPGEMINI para elaborar um “Estudo comparado<br />
de sist<strong>em</strong>as de r<strong>em</strong>uneração entre o sector público<br />
e o sector privado”. O objetivo era claro: mostrar que as<br />
r<strong>em</strong>unerações <strong>dos</strong> trabalhadores das Administrações<br />
<strong>Pública</strong>s eram muito superiores aos do sector privado.<br />
Como os resulta<strong>dos</strong> do estudo mostraram precisamente<br />
o contrário, como reconheceu o ex-ministro das Finanças,<br />
Teixeira <strong>dos</strong> Santos, quando o confrontamos durante<br />
o debate do Orçamento do Estado na Ass<strong>em</strong>bleia da<br />
República <strong>em</strong> que participamos, o governo escondeu o<br />
estudo, e esse objetivo foi esquecido, apesar do estudo<br />
ter custado aos contribuintes portugueses muitas centenas<br />
de milhares de euros.<br />
Em 2012, sob o comando da “troika”, o governo<br />
PSD/CDS, ignorando tal estudo (o Secretário de Estado<br />
da Administração <strong>Pública</strong>, na reunião realizada com os<br />
sindicatos da Frente Comum <strong>em</strong> 20.3.2013, afirmou<br />
mesmo que o desconhecia), contratou a multinacional<br />
MERCER para que fizesse novo estudo (“Análise comparativa<br />
das r<strong>em</strong>unerações praticadas no Sector Público<br />
e no sector privado”). Mas agora teve mais cuidado<br />
para que os resulta<strong>dos</strong> foss<strong>em</strong> os deseja<strong>dos</strong>. E para<br />
isso a MERCER utilizou uma metodologia diferente da<br />
usada pela CAPGEMINI. No lugar de utilizar a informação<br />
das r<strong>em</strong>unerações de todas as <strong>em</strong>presas do setor<br />
privado constantes da sua base de da<strong>dos</strong> (Total R<strong>em</strong>uneration<br />
Survey – TRS) que engloba pequenas, médias<br />
e grandes, <strong>em</strong>presas como tinha feito a CAPGIMINI (a<br />
base de da<strong>dos</strong> utilizada pela CAPGEMINI era da MER-<br />
CER como consta do Anexo 2, pág. 397 do seu estu-<br />
do),utilizou apenas a informação das r<strong>em</strong>unerações<br />
referentes às pequenas <strong>em</strong>presas (<strong>em</strong>presas, <strong>em</strong> média,<br />
com 30 trabalhadores e 13 milhões de euros de volume<br />
de negócios), como consta da pág. 47 do seu estudo. E<br />
isto apesar da realidade de uma pequena <strong>em</strong>presa ser<br />
totalmente diferente da do Estado. No entanto, como<br />
estas <strong>em</strong>presas pagam normalmente r<strong>em</strong>unerações<br />
inferiores às pagas pelas médias e pelas grandes <strong>em</strong>presas,<br />
era assim mais fácil mostrar que as r<strong>em</strong>unerações<br />
na <strong>Função</strong> <strong>Pública</strong> eram superiores às das <strong>em</strong>presas<br />
privadas. Mesmo assim, na reunião que teve com os<br />
sindicatos da Frente Comum da <strong>Função</strong> <strong>Pública</strong>, o Secretário<br />
de Estado confessou que os resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong><br />
ainda não eram os que esperavam, e que o estudo vai<br />
ser “esquecido” pelo governo.<br />
O ESTUDO DA MERCER NÃO TEM<br />
QUALQUER CONSISTENCIA TÉCNICA<br />
E DISTORCE A REALIDADE<br />
Comec<strong>em</strong>os pela representatividade da amostra<br />
das <strong>em</strong>presas privadas cujas r<strong>em</strong>unerações serviram de<br />
base de comparação com as da Administração <strong>Pública</strong><br />
utilizada pela MERCER. Na pág. 46 do seu estudo, a<br />
MERCER diz que t<strong>em</strong> uma base “289 <strong>em</strong>presas do mercado<br />
português, englobando da<strong>dos</strong> referentes a 38.325<br />
colaboradores”. No entanto, nada esclarece como foram<br />
selecionadas estas <strong>em</strong>presas. Por outro lado, e contrariamente<br />
ao que fez a CAPGEMINI para elaborar o estudo<br />
solicitado pelo governo de Sócrates que utilizou todas<br />
as <strong>em</strong>presas daquela base, a MERCER utilizou, naturalmente<br />
porque isso era mais conveniente para os objectivos<br />
do cliente, apenas as <strong>em</strong>presas pertencentes ao<br />
“Percentil 25%”, ou seja, constituído por pequenas <strong>em</strong>presas<br />
(<strong>em</strong> média com 30 trabalhadores), naturalmente<br />
com r<strong>em</strong>unerações mais baixas. Ao reduzir a amostra<br />
desta forma tornou-a menos representativa (o número<br />
de trabalhadores da amostra foi reduzido de 38.325 para<br />
apenas 2.167), o que tornou os resulta<strong>dos</strong> menos consistentes<br />
os quais já tinham sido enviesa<strong>dos</strong> (distorci<strong>dos</strong>)<br />
através da forma como os selecionou dentro das 389<br />
<strong>em</strong>presas da sua base (apenas considerou os salários<br />
<strong>dos</strong> trabalhadores pertencentes a pequenas <strong>em</strong>presas).<br />
Para que o leitor possa car com uma ideia como foram<br />
distorcidas as conclusões vamos comparar as r<strong>em</strong>unerações<br />
do setor privado utiliza<strong>dos</strong> pela CAPGEMINI e pela<br />
MERCER nos respetivos estu<strong>dos</strong> para as comparar com<br />
as do setor público.<br />
O quadro 1 [ver página seguinte], construído com<br />
da<strong>dos</strong> constantes do estudo da CAPGEMINI, permite<br />
car a conhecer quais os valores das r<strong>em</strong>unerações do<br />
setor privado que a MERCER tinha fornecido à CAPGE-<br />
MINI para esta elaborar o seu estudo para o governo de<br />
Sócrates, assim como as diferenças a que chegou entre<br />
as r<strong>em</strong>unerações do sector privado e do sector publico<br />
que não agradaram ao governo.<br />
25<br />
EDITORIAL<br />
Estudo