Cândida Gonçalves-dissertação de Mestrado 21 de Julho 2
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escolar, <strong>de</strong>vido a uma certa cultura <strong>de</strong> que o importante é apren<strong>de</strong>r conceitos sem nenhuma<br />
reflexão por parte do aluno é, geralmente, sacrificado no quotidiano lectivo. Tal facto, só por si,<br />
po<strong>de</strong> ser um bom indicador das elevadas taxas <strong>de</strong> insucesso no domínio das Matemáticas, Físicas,<br />
Químicas, Biologias e outras ciências, em níveis <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> mais avançados, uma vez que<br />
não se vão construindo os alicerces, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> muito cedo, que promovam o gosto e forneçam as<br />
competências que facilitem a resposta a problemas novos, tão comuns naquelas áreas do saber.<br />
Não será pois <strong>de</strong> estranhar, na sua opinião, que cada vez mais se incentivem os professores, a<br />
a<strong>de</strong>rir a metodologias <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> projecto e a utilizar o ensino das ciências como motivação<br />
para a aprendizagem <strong>de</strong> outras e diferentes áreas curriculares e extracurriculares.<br />
Há vários investigadores a escrever sobre a natureza e os objectivos da ciência. Nott e Wel-<br />
lington (1993) <strong>de</strong>finiram um conjunto <strong>de</strong> elementos num continuum <strong>de</strong> um extremo ao outro<br />
(escala <strong>de</strong>s<strong>de</strong> “concordo fortemente” (+5) a “discordo fortemente” (-5)), para clarificar a pers-<br />
pectiva <strong>de</strong> professores e alunos sobre a natureza da ciência, num questionário sobre o perfil da<br />
natureza da ciência com itens do seguinte tipo: “a ciência é essencialmente um constructo mas-<br />
culino”; “o objectivo da activida<strong>de</strong> científica é revelar a realida<strong>de</strong>”; “os cientistas não têm i<strong>de</strong>ia<br />
sobre os resultados <strong>de</strong> uma experiência antes <strong>de</strong> a fazerem”; “a investigação científica é econo-<br />
micamente e politicamente <strong>de</strong>terminada”; “os processos da ciência estão divorciados das consi-<br />
<strong>de</strong>rações morais e éticas”; o conhecimento científico é moralmente neutro – só a aplicação do<br />
conhecimento é eticamente <strong>de</strong>terminada”. Ratcliffe (1998) e An<strong>de</strong>rson e Nashon (2007) <strong>de</strong>s-<br />
creveram as seguintes perspectivas encontradas por Nott e Wellington nessa investigação: rela-<br />
tivismo vs positivismo, a verda<strong>de</strong> como sendo relativa ou absoluta; inductivismo vs <strong>de</strong>ductivismo,<br />
generalizar as leis gerais a partir das observações versus formular hipóteses e testar as conse-<br />
quências observáveis; contextualismo vs <strong>de</strong>scontextualismo, a ciência é inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte ou in<strong>de</strong>-<br />
pen<strong>de</strong>nte do contexto cultural; processo vs conteúdo, a ciência é caracterizada principalmente por<br />
processos ou por factos e i<strong>de</strong>ias; instrumentalismo vs realismo, a ciência como fornecendo i<strong>de</strong>ias<br />
que funcionam versus um mundo in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das percepções dos cientistas.<br />
Wellington (2000) apresenta três tipos <strong>de</strong> razões pelas quais todas as pessoas <strong>de</strong>vem<br />
apren<strong>de</strong>r ciências: pelo valor intrínseco da educação em ciências, por argumentos <strong>de</strong> cidadania e<br />
por argumentos utilitários (quadro 1).<br />
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