O Ciclo da Água evaporada e pode retornar - UFTM

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Commonwealth (Csiro) e da Universidade Nacional da Austrália, ambos em Canberra, mostraram que a AAI, quando produzida nas ervilhas, sofre uma alteração estrutural que dispara uma resposta imune nos animais de laboratório, podendo levar a inflamações e danos pulmonares. Os resultados foram publicados na edição de 16 de novembro da revista norte-americana Journal of Agricultural and Food Chemistry. Inicialmente, o trabalho analisou e comparou as duas versões da proteína, a original, do feijão, e a transgênica, da ervilha. Segundo o artigo, ao ser expressa nesta última, a AAI sofre alterações póstraducionais, ou seja, embora possua a mesma seqüência genética, a proteína é modificada após sua produção, principalmente durante uma etapa chamada de glicosilação, onde moléculas de açúcares são adicionadas à AAI. Normalmente, proteínas que fazem parte da dieta de um indivíduo são digeridas no estômago e induzem uma tolerância oral: o sistema imune do organismo não reage quando a substância entra em contato com a pele ou o pulmão. No entanto, os pesquisadores suspeitaram que as diferenças estruturais da versão da AAI produzida na ervilha pudessem afetar a tolerância oral. Para responder a essa questão, eles alimentaram camundongos com a proteína normal e a transgênica, e depois expuseram a pele e o pulmão dos animais às mesmas substâncias. A AAI do feijão não causou qualquer reação. Já a da ervilha produziu hipersensibilidade e resposta inflamatória. Esses efeitos foram registrados mesmo quando a proteína foi extraída de ervilhas cozidas por 20 minutos. Além disso, a AAI transgênica potencializa reações imunológicas contra outras substâncias alimentares. Os autores do artigo não sabem dizer qual a freqüência com que alterações estruturais de proteínas transgênicas acontecem ou se o fenômeno se restringe à AAI. Eles ressaltam, porém, que é possível que o mesmo aconteça com outras proteínas, o que reforça a importância de uma avaliação cuidadosa de novos alimentos transgênicos antes de sua liberação para consumo humano ou animal. Fred Furtado Ciência Hoje On-line 08/12/2005 O DILEMA DA CLASSE MÉDIA - EDITORIAL DO CORREIO DA CIDADANIA - 2006 A tendência do capitalismo, nesta sua nova fase, é concentrar mais riqueza nas mãos dos já muito ricos, aumentando assim, ainda mais, a abismal distância que os separa dos mais pobres. Quanto à classe média, uma parte pequena se incorporará entre os mais ricos e o grosso despencará para o universo dos pobres. Isto quer dizer que o ciclo de ascensão da classe média brasileira, iniciado com a Revolução de 1930, a industrialização e a urbanização, está encerrado. Queira ou não, ela terá de tomar posição diante de um conflito social, que, sem abolir a disputa classista, se polarizará, cada vez mais, entre ricos e pobres. Surge daí o seu dilema: se se posicionar a favor dos mais ricos, vai ser esvaziada lentamente; se se posicionar a favor dos pobres, perderá uma série de privilégios ligados ao seu “status” social. Este dilema será central no debate eleitoral deste ano, porque o problema da desigualdade social – o problema crucial do desenvolvimento brasileiro – será levantado pelas esquerdas. Elas proporão à classe média um novo posicionamento no espectro político. Proporão que se desligue da posição histórica da maioria dos seus membros junto à classe dominante e venha a juntar-se aos “de baixo”, a fim de viabilizar uma transformação substancial na realidade social e política do país. Para que a proposta seja honesta, não deverá esconder aquilo que a classe média perderá nessa troca. Com efeito, numa sociedade mais igualitária, a classe média não terá acesso aos bens e serviços que lhe asseguram um “status” superior ao das classes populares. São bens e serviços copiados do padrão de consumo da classe dominante – um padrão que não pode ser universalizado e cuja possibilidade é garantida unicamente pela destituição completa dos mais pobres. Se quisermos
acabar com o “mundo cão” que está tomando conta da sociedade brasileira, tanto o padrão luxuoso dos mais ricos como o padrão imitativo da classe média terão de ser reduzidos. Um consumo mais modesto para os brasileiros situados nos escalões superiores de renda é condição para que os mais pobres possam desfrutar um padrão de consumo mínimo, sem o qual não se pode evitar a barbárie que está tomando conta da nossa sociedade. O desafio colocado para a esquerda consiste em demonstrar à classe média que o sacrifício do consumo de alguns “bens de prestígio”, perfeitamente dispensáveis, será compensado pela melhoria da sua qualidade de vida, em uma sociedade muito mais equilibrada, muito menos violenta, muito mais ética, muito mais prazerosa. Porque tudo aquilo que, hoje, gera insegurança, tensão e tira o prazer da vida das pessoas da classe média decorre das seqüelas inevitáveis da enorme disparidade social que nos estigmatiza como uma das nações mais desiguais do mundo A nova face das guerras A briga por recursos naturais é um fator cada vez mais presente nos conflitos armados na África Ciência Hoje on-line As guerras estão adquirindo características diferentes nos últimos anos. Elas podem ser internas ou externas, mas na maioria das vezes envolvem organizações armadas sem poder político legítimo. Entre 1989 e 2003, dos 116 conflitos que aconteceram em 78 países, apenas sete eram entre Estados, ou seja, as guerras civis são cada vez mais comuns. “Novas guerras” é o termo que os especialistas têm usado para designar os conflitos contemporâneos, cada vez mais centrados nos aspectos econômicos do que nos políticos – briga pelo controle estatal ou por terras nas fronteiras. Na África, por exemplo, a disputa por recursos naturais tem papel preponderante nas guerras que ali eclodiram desde os anos 1990. Essa é a idéia central de uma dissertação de mestrado recém-defendida na Universidade de Brasília (UnB) por Denise Galvão. Soldados da Missão da ONU na República Democrática do Congo reforçam a segurança em Che, na província de Ituri. Em janeiro deste ano, a missão levou armamentos e tropas para proteger a região, vítima de ataques de organizações armadas (Foto: ONU/Christophe Boulierac). “Nessas ‘novas guerras’ é difícil distinguir os combatentes dos nãocombatentes”, explica Galvão. “O conflito se torna lucrativo a ponto de tornar a agenda econômica das organizações armadas mais importante que a agenda política. Outra característica desse tipo de guerra é a falta de clareza entre a situação de guerra e a situação de paz.” Após analisar os casos do Congo, de Serra Leoa e de Angola, a pesquisadora concluiu que a disputa por recursos naturais é um fator fundamental para entender as guerras. “Assim como os conflitos armados intensificam as disputas por recursos naturais, essa disputa intensifica e prolonga os combates”, diz. Ela ressalta ainda que essas características não são exclusivas da realidade africana e podem ser observadas em países como a Indonésia. Médicos da ONU ajudam civis congoleses refugiados depois dos ataques das organizações armadas à cidade de Che, no Congo (Foto: ONU/Christophe Boulierac).
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