O Ciclo da Água evaporada e pode retornar - UFTM

como anda a pesquisa brasileira sobre
biodiversidade?
Angelo Antonio Agostinho - As
estratégias de conservação da biodiversidade
pressupõem o conhecimento desta
diversidade, sua distribuição e estado de
conservação, além dos requerimentos de
habitat e as inter-relações de seus
componentes. O conhecimento disponível
não contempla de modo satisfatório nenhum
destes pré-requisitos. A biota aquática, por
exemplo, sequer foi inventariada em muitos
cursos de água brasileiros. Soma-se a isto a
falta de consenso acerca da posição
taxonômica de muitas espécies, erros na
identificação, imprecisões em listas de
espécies ameaçadas e o fato de que em
comunidades com elevada riqueza de
espécies a maioria delas é rara e, por isso,
com história natural pouco conhecida. Este
quadro justifica os esforços de agências
como o CNPq, Capes, Finep e Fapesp/Biota
no apoio à obtenção deste conhecimento e
na consolidação do sistema de pósgraduação
brasileiro, sem dúvida,
importantes na geração dos conhecimentos
disponíveis. Cabe salientar também que
grande parte do conhecimento de nossa
diversidade se deve aos inventários e
programas ambientais desenvolvidos pelo
setor elétrico nos últimos 20 anos, em
atendimento às resoluções do Conselho
Nacional do Meio Ambiente (Conama).
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PROGRAMA JOVEM CIENTISTA
CNPQ - Como uma empresa do setor
elétrico pode contribuir para a preservação
da biodiversidade no país?
Angelo Antonio Agostinho - O
desafio imposto pelas contradições do
desenvolvimento econômico e social, que
tem na produção de energia um de seus
pilares, e a conservação da biodiversidade é
fantástico. A construção de reservatórios se
constitui, talvez, na maior fonte pontual de
impactos sobre a diversidade biológica que o
homem é capaz de produzir. A Eletrobrás,
ao longo de sua existência, tem procurado
reduzir estas contradições, seja
estabelecendo as diretrizes de atuação e
políticas ambientais para o setor elétrico ou
executando programas como o Procel, além
de promover seminários e produzir
documentos. Deve-se também ao setor
elétrico grande parte do conhecimento
disponível sobre nossa diversidade
biológica, especialmente a aquática.
Entretanto, há ainda muito que fazer para
reduzir os conflitos entre a geração de
energia, práticas de manejo equivocadas e a
conservação da biodiversidade.
PROGRAMA JOVEM CIENTISTA
CNPQ - Como inserir as fontes alternativas
de energia num contexto energético
basicamente hidráulico?
Angelo Antonio Agostinho - Exceto
as fontes solar e eólica, que ainda carecem
de grandes investimentos e esforços para
que possam ser consideradas alternativas
relevantes, as demais formas de produção de
energia trazem inevitáveis problemas
ambientais. Mesmo as fontes renováveis,
como aquelas baseadas em biomassa, têm
sido consideradas lesivas ao meio ambiente
pela prática da monocultura e
desmatamento. As alterações na matriz
energética brasileira por meio de fontes
alternativas e ambientalmente mais
desejáveis9 é, assim, um tema sobre o qual
pesquisadores, governo e sociedade devem
dedicar seus esforços. Porém, a realidade
imediata e a situação emergencial requerem
mais atenção sobre estratégias que reduzam
o consumo e o desperdício de energia.
Também são importantes ações capazes de
atenuar os impactos da construção e
operação de reservatórios hidrelétricos.
PROGRAMA JOVEM CIENTISTA
CNPQ - Nos últimos tempos, houve uma
mudança na mentalidade das pessoas sobre a
preservação da biodiversidade? Como tratar
esse assunto no século XXI?
Angelo Antonio Agostinho - A
percepção dos problemas afetos à perda de
biodiversidade tem crescido acentuadamente
no Brasil durante as duas últimas décadas,
cabendo à Conferência das Organizações
Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (ECO-92) e aos
documentos ali gerados um papel decisivo
nesse processo. Esta percepção foi
acompanhada pela proliferação de
organizações não governamentais, a
consolidação do Sistema Nacional do Meio