Família Saturno - Fundação Jose Augusto
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Nascia aí a tradição de palhaços na família<br />
<strong>Saturno</strong>, que agora chega à terceira<br />
geração. Nazareno é o palhaço Pára-brisa.<br />
Ele se apresenta na segunda parte do<br />
espetáculo e o fi lho, Naelson, o palhaço<br />
Pára-choque, na primeira. Mas como a<br />
equipe de artistas é pequena todos se revezam<br />
fazendo outros números. Quando<br />
não estão no palco, de terra batida,<br />
vigiam a cerca para os moleques não<br />
entrarem sem pagar, cuidam do som, da<br />
portaria e da bilheteria e ajudam na venda<br />
dos refrigerantes.<br />
Assim é que o palhaço Pára-brisa é também<br />
o atirador de faca e se apresenta ao<br />
lado da grande estrela “Sheik”; o trapezista,<br />
Nadelson <strong>Saturno</strong> de Carvalho,<br />
17 anos, também fi lho de Nazareno, se<br />
traveste para apresentar o personagem<br />
televisivo conhecido como “Lacraia”, o<br />
número mais ovacionado pela platéia;<br />
a bilheteira vira partner do atirador de<br />
facas; o engolidor de fogo (o “Homem<br />
Vulcão”) cuida da portaria e Luiz Eduardo<br />
Júnior, o equilibrista, fi scaliza a cerca<br />
de arame para impedir que as pessoas<br />
entrem sem pagar. É este grupo, de seis<br />
pessoas, que conduz o espetáculo durante<br />
1 hora e 30 minutos.<br />
José Nazareno <strong>Saturno</strong> conta que começou<br />
a trabalhar em circo aos 14 anos,<br />
como o palhaço que saía pelas ruas, em<br />
pernas de pau, chamando o povo para<br />
o espetáculo. Depois deixou o Açu e foi<br />
encontrar com o pai na Bahia, que tinha<br />
montado um circo. A experiência durou<br />
pouco, ele trocou a Bahia pelo Ceará e somente<br />
em 1976 retornou ao Rio Grande<br />
do Norte, onde montou em 1988 o circo<br />
Noveon. O nome é uma homenagem ao<br />
cantor e compositor Raul Seixas, autor<br />
da música “Novo Aeon”.<br />
Três meses depois de criado, o circo estava<br />
armado em Upanema, no Oeste<br />
Potiguar, quando atearam fogo e o que<br />
restou foram apenas os ferros. “Fiquei<br />
com as mãos na cabeça, sem lenço e<br />
sem documento”, relembra Nazareno.<br />
Estava chegando ao fi m o sonho de ter<br />
a sua própria companhia e ele voltou a<br />
trabalhar de empregado em outros circos,<br />
como o Fantástico Circo, Circo Real<br />
Madrid, American Circus, Diorama Circus,<br />
Circo Europeu, Circo Califórnia,<br />
Circo Hatari, Circo Kaoma, Arca Circus<br />
e Circo Mágico Nelson, entre outros.<br />
Neste último foi onde nasceu o palhaço<br />
Pára-choque.<br />
Em 1996, junto com os irmãos, fundou<br />
um novo circo, o primeiro <strong>Saturno</strong>, que<br />
uma ventania intensa, em 2003, quando<br />
estava armado em Ipanguassu, reduziu à<br />
tábua e ferro.<br />
O novo <strong>Saturno</strong> foi montado este ano,<br />
em sociedade com Devaldo Freitas de<br />
Souza, e estreou nas Rocas, onde Devaldo,<br />
que já trabalhava com locação de<br />
som, mora. É a segunda vez que Nazareno<br />
trabalha junto com os fi lhos. Ele conta<br />
que irá percorrer os bairros da cidade<br />
e municípios próximos, de forma que<br />
os fi lhos possam continuar estudando.<br />
Da arte circense ele manja tudo. “Sou<br />
do tempo em que tinha teatro no circo,<br />
com ‘ponto’ atrás da cortina”.<br />
Circo <strong>Saturno</strong><br />
Jan/Fev 2006<br />
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