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Família Saturno - Fundação Jose Augusto

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POESIA POTIGUAR<br />

O poeta potiguar Elí Celso de Araujo Dantas da Silveira<br />

é Doutor em Teoria Literária pela UFRJ e Mestre em<br />

Tecnologia Educacional pela UFRN. Especializou-se em<br />

Filosofi a e foi professor do Departamento de Educação da<br />

Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Em 1991,<br />

em parceria com os poetas Iracema Macedo, Celso Boaventura<br />

Jr. e André Vesne, publicou poemas nas coletâneas<br />

Vale feliz, Gravuras (1995) e Ceia das cinzas (1998). Tem<br />

parceria só com Celso Boaventura Jr. - Reminiscências do<br />

Tártaro/Lamentações, respectivamente. É fi lho dos poetas<br />

Celso da Silveira e Myriam Coeli. Já foi premiado com o<br />

Othoniel Menezes e o Câmara Cascudo, entre outros. Em<br />

2004, ganhou menção honrosa no Concurso de Poesia Luís<br />

Carlos Guimarães, da <strong>Fundação</strong> José <strong>Augusto</strong>. Os poemas<br />

que seguem foram publicados no livro 15 Poetas do RN,<br />

lançado no ano passado pela FJA, com os poemas vencedores<br />

do Concurso de Poesia LCG 2004. Como saíram com<br />

erros, decidimos publicá-los na Preá, como forma de minimizar<br />

o dano.<br />

PEQUENA INTRODUÇÃO AO LOUCO<br />

Era da maior pureza<br />

vestia camisas brancas<br />

não comia carne<br />

ouvia pela casa uma música silenciosa<br />

de cornetas roucas e fl autinhas fanhas<br />

que só ele ouvia<br />

diziam-no louco<br />

pois cuidava de gaiolas vazias<br />

desperdiçava guardados<br />

e ria mesmo dos pedintes<br />

por fi m atravessava meia cidade<br />

com um ramo de jasmim na mão direita<br />

para jogá-lo no rio<br />

gastava uma tarde na margem<br />

fazia nada<br />

voltando para casa<br />

aceso o candeeiro<br />

o colocava sobre o alqueire<br />

para que iluminasse a treva da casa<br />

O AFOGADO<br />

acordamos todos os dias<br />

eu e meu fantasma<br />

ele me confessa agora tudo<br />

depende de ti: ou imito<br />

o meu tempo ou fujo do teatro<br />

se canto o átimo<br />

ou as rendeirinhas<br />

canto contudo sem força<br />

mal dou meu corpo para o dia<br />

mal elaboro a falsa continuidade<br />

...e logo as mesmas solidões<br />

beijam minha voz cansada<br />

meus braços bons<br />

as rosas pálidas dos jardins públicos<br />

os vasos de guerra<br />

mas seja porque já vai tarde<br />

ou se é por a fl or lamentar a semente<br />

(se a que vem, se a que foi)<br />

passo a olhar nuvens<br />

as cidades armadas no céu<br />

o distante que houver<br />

e além dessa saudade<br />

de não saber de nada<br />

e que me rouba dum futuro absurdo<br />

e pretexta minha volta<br />

em golpadas arremessando<br />

de agora para frente<br />

no molhe da entrada da barra<br />

arremessando arremessando<br />

Jan/Fev 2006<br />

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