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1º Ano A – “A história não contada” Chegou o momento das ...

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<strong>não</strong> modificando as decisões dos políticos, os ajudava a expressar toda a sua contrariedade. O<br />

Grafite <strong>não</strong> fugiu a regra. Grafitar em letras enormes, fugindo da estética da arte tradicional,<br />

era para aqueles jovens dos guetos nova-iorquinos, vivendo em quase total exclusão social,<br />

oportunidade de romper padrões e ser diferentes. Desenhar em lugares proibidos; trens do<br />

metrô, estabelecimentos comerciais, edifícios públicos, etc, garantiam toda a adrenalina, aventura e<br />

agitação que buscavam. Quanto ao Rap, o mais importante dos três elementos artísticos do Hip Hop,<br />

retrata através de um discurso ora ofensivo, ora informativo, todo o seu conteúdo contestatório. Ele tem<br />

uma <strong>história</strong> que se difere dos outros dois elementos, o Break e o Grafite. Foi introduzido nos guetos de<br />

Nova Iorque por um DJ (abreviação de disc jockey) jamaicano chamado Kool Herc, que impulsionou a<br />

criatividade dos jovens dos guetos, especialmente os jovens negros, com os quais ele tinha mais contato<br />

justamente por ser negro.<br />

O Rap é uma música de origem negra, faz parte do repertório da “Black Music”. Sua forma de<br />

expressão, deriva do hábito de alguns povos da África Ocidental de cantar falando. Alguns deles foram<br />

seqüestrados para tornar-se escravos no Caribe, daí a origem jamaicana. Nos Estados Unidos, na época<br />

em que lá vigorava a escravidão, os escravos <strong>das</strong> plantações de algodão, muitos deles “griots”,<br />

cantavam falando. No Brasil por volta dos séculos 18/19, negros que trabalhavam nas ruas de Salvador,<br />

Bahia, faziam um canto falado reclamando da atitude opressiva da política escravista. Havia o puxador<br />

(uma espécie de MC) e os outros repetiam o canto em refrão. Daí decorre o estilo repentista da cultura<br />

nordestina. Nos EUA a rima se sofisticou, mas sua característica básica foi, e ainda é, uma manifestação<br />

de origem do povo negro.<br />

No Brasil o Hip Hop chegou no início da década de 80, mais especificamente na cidade de São<br />

Paulo. Por intermédio dos bailes voltados para a juventude negra, realizados pelas equipes como Chic<br />

Show, por exemplo, dos discos importados vendidos na famosa Galeria 24 de Maio (na verdade Grande<br />

Galeria) e do impulso dado por figuras como Nelson Triunfo, Thaide e DJ Hum e os Racionais, entre<br />

outros.<br />

O período de ascensão do Hip Hop, 15 anos depois, trás ao movimento uma nova dinâmica.<br />

Ele encontra-se estruturado socialmente em grupos específicos de estudos e formação política de<br />

adeptos da cultura Hip Hop. Desde 1989 existia o Movimento Hip Hop Organizado - MH2O, que<br />

incentivou a criação <strong>das</strong> “posses”, <strong>das</strong> quais posso destacar a Posse Hausa, do município de São<br />

Bernardo do Campo, que continua ativa e atuante. Ainda na metade da década de 90, o Hip Hop obteve<br />

um patamar de linguagem para chegar aos jovens de periferia, notadamente o jovem negro, e os rappers<br />

passaram a ser respeitados como sujeitos políticos em alguns focos educativos.<br />

Após este relato, para finalizar, penso ser oportuno fazer uma breve comparação dos anos 90,<br />

auge da visibilidade do MHH, com os anos 2000. Percebo no MHH um enorme crescimento e uma<br />

mudança na abordagem de alguns temas. Quando falo de crescimento cito o surgimento e a<br />

solidificação de diversos grupos, ou posses, buscando fazer do movimento e da cultura Hip Hop um<br />

exemplo de ação transformadora e promotora de igualdade. Todos eles apresentam como eixo norteador<br />

à juventude negra. Isso pode ser a partida para inserção, ou ao menos o interesse, nos partidos políticos<br />

e da luta pelo controle da produção da cultura que é protagonizada pelo jovem pobre, em especial o<br />

jovem negro.<br />

Não podemos esquecer que desde seu início o Movimento Hip Hop é um movimento<br />

considerado uma contra cultura do mundo, um alerta, de reinvidicação, já que é feito por pessoas em<br />

situação de exploração. O que explica que mesmo com o passar do tempo, o tema violência se faz<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ

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