POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO SUPERIOR: ACESSO E ... - UCDB
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ase conceitual dos estudos, em especial a obra de Lúcia M. Teixeira Furlani, sob o título<br />
A claridade da noite: os alunos do ensino superior noturno , resultado de sua Tese de<br />
Doutorado defendida em 1997. Esse estudo chamou a atenção dada ao interesse da autora<br />
em conhecer os alunos do ensino superior particular noturno, suas características, e o<br />
sentido que atribuem a seus itinerários escolar, na universidade, e também por ela ser<br />
engajada na direção de uma universidade particular e que percebe esta como um lugar de<br />
esperança e de desejo (FURLANI, 1998, p. 9, grifo nosso). Aponta no resumo da tese<br />
que há lacunas de estudos sobre o ensino superior noturno, tema ainda considerado menor<br />
pela academia . Informa a sua preocupação sobre o que representa para aqueles que,<br />
participando do mundo do trabalho, não encontram outro espaço para efetivar sua<br />
escolaridade e formação, já que inexistem políticas sociais que propiciem aos que<br />
trabalham horário exclusivo para estudo. A investigação foi dividida em três fases da qual<br />
participaram alunos de cursos noturnos das áreas de exatas, humanas e biológicas das três<br />
universidades particulares de Santos, estado de São Paulo. Com seu olhar voltado para três<br />
categorias como: o estudante em período integral, o estudante-trabalhador e o trabalhador-<br />
estudante como forma de tentar esclarecer o real significado dos problemas, desfizeram-se<br />
alguns mitos que cercavam o estudo. Esclarecendo essa categoria, a autora percebe as<br />
diferenciações afirmadas por Romanelli (1994) que toma por base a análise elaborada por<br />
Foracchi (1965), quais sejam:<br />
O estudante em tempo integral é mantido totalmente pela família, podendo<br />
dedicar-se somente ao estudo, seja ele cursado no período diurno, integral ou<br />
noturno. O projeto familiar o diferencia, pois garante-lhe a escolarização<br />
prolongada, sem outras preocupações.<br />
O estudante-trabalhador ou, literalmente, o estudante que trabalha, continua<br />
sendo em parte mantido pela família.<br />
O trabalhador-estudante diferencia-se do anterior por não depender<br />
financeiramente da família, mas, pelo contrário, colaborar para o orçamento<br />
doméstico. [...] Portanto estudar é um projeto que depende unicamente de sua<br />
disposição pessoal, de suas aspirações e recursos financeiros, embora, às vezes,<br />
venha acompanhado de incentivo da família (FURLANI, 1998, p. 41).<br />
Para ela, embora a participação na vida econômica da família interfira nos<br />
projetos de futuro das três categorias de estudantes, sofre-se também a interferência das<br />
razões e motivações que os impulsionam à universidade e das experiências dos lugares em<br />
que participam, dentre eles a universidade. O estudo da autora evidencia aspectos que<br />
identificam outros educadores com sua prática que se vêem como parceiros dos alunos e<br />
dos próprios colegas na luta diária, de crença e valores. Foram os parceiros dos alunos do<br />
noturno (os professores) que a ensinaram a descobrir neles três faces:<br />
[...] primeira e a segunda face, como a cara e a coroa de uma moeda, são<br />
conhecidas embora ainda consideradas tema marginal pela academia: uma face é<br />
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