POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO SUPERIOR: ACESSO E ... - UCDB
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O crescimento em número de matrículas triplicou-se no espaço de dez anos,<br />
fragilizando a qualidade que também tem sido uma constante nos debates sobre a ES dos<br />
impactos da visão macro na perspectiva do planejamento das políticas à visão micro na<br />
instituição e sala de aula. Tomando-se por base os estudos de Vieira (2000, p. 36), pode-se<br />
afirmar que:<br />
[...] a qualidade corre risco de se transformar em mais um modismo, tanto na<br />
empresa quanto na universidade [...] ao refletir sobre seu significado, impõe-se a<br />
necessidade de um exame mais profundo da questão, buscando ultrapassar o<br />
terreno do debate [...] o próprio conceito varia de acordo com circunstâncias<br />
temporais e espaciais [...] na educação a cada momento histórico corresponde um<br />
determinado padrão de qualidade.<br />
A questão converge às preocupações desde o século XVII, quando Comenius<br />
teria situado a importância dessa integração ao escrever sobre a arte de ensinar tudo a<br />
todos , universalização do ensino, decorrente da preocupação com a qualidade, para Vieira<br />
(2000, p. 37), que não aparece de modo isolado, mas se articula com uma discussão sobre<br />
quantidade .<br />
Ao que parece, tais fundamentos ganham ênfase com os textos de Gramsci<br />
(1966), quando afirma que não pode existir a quantidade sem qualidade e a qualidade sem<br />
quantidade , contraposição de dois termos. O nexo dos termos depende indubitavelmente<br />
de onde seria mais útil aplicar a própria força de vontade em desenvolver.<br />
[...] aplicar a própria força de vontade em desenvolver a quantidade ou a<br />
qualidade? Qual dos dois aspetos é mais controlável? Qual é mais mensurável?<br />
Sobre qual dos dois é possível fazer previsões, construir planos de trabalho? A<br />
resposta parece indubitável: sobre o quantitativo [...] (ibd p. 50).<br />
Trabalhar o aspecto quantitativo sem esquecer a qualidade pelo único modo no<br />
qual o desenvolvimento é controlável e mensurável denota enorme dificuldade entre teoria<br />
e prática, pois se esbarra na resistência dos que partilham da formação com melhores<br />
condições socioeconômicas, uma reação negativa sobre medidas práticas que venham<br />
ampliar as oportunidades educacionais com pretextos de que implicaria o rebaixamento da<br />
qualidade. Uma discussão ainda no âmbito da educação superior que requer outros estudos<br />
quanto à análise da quantidade e qualidade tem demonstrado uma tendência na<br />
desresponsabilização do Estado. Para um país em desenvolvimento, seriam necessárias<br />
políticas que implicariam medidas de atendimento à demanda do mercado, que, em<br />
constantemente alteração, favorece tendências elitistas com seu progresso atendendo à<br />
ordem econômica.<br />
Para Gramsci (1966, p. 50) sustentar a qualidade contra a quantidade significa,<br />
precisamente, apenas [...] manter intactas determinadas condições de vida social, nas quais<br />
alguns são pura quantidade, outros pura qualidade . No Brasil, para priorizar a questão da<br />
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