Ensino de Língua Portuguesa para Surdos - Ministério da Educação
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3.6.3 Dissertação<br />
A dissertação é o tipo <strong>de</strong> texto em que se explica algo ou se expõe um<br />
ponto <strong>de</strong> vista, uma opinião, um julgamento sobre <strong>de</strong>terminado assunto.<br />
Nessa perspectiva, encontra-se o texto argumentativo, que é<br />
construído a partir <strong>de</strong> estruturas em que repousam um problema discutido<br />
e uma tese <strong>de</strong>fendi<strong>da</strong>. Tal tese po<strong>de</strong> estar volta<strong>da</strong> <strong>para</strong> um ponto<br />
apresentado pelo próprio autor do texto, bem como <strong>para</strong> a <strong>de</strong>fesa<br />
ou refutação <strong>da</strong>(s) idéia(s) <strong>de</strong> outrem. Assim, formam-se os argumentos,<br />
articulados sintaticamente por elementos conjuntivos <strong>de</strong>nominados<br />
<strong>de</strong> operadores argumentativos (conjunções coor<strong>de</strong>nativas e<br />
subordinativas), <strong>de</strong>terminantes no estabelecimento <strong>da</strong>s relações<br />
coesivas e importantes <strong>para</strong> garantir a coerência textual. O texto a<br />
seguir ilustra essas observações.<br />
Sobre ratos e homens<br />
Quando se trata <strong>de</strong> justificar experiências com animais, os<br />
pesquisadores já dispõem <strong>de</strong> uma resposta pronta: será que<br />
nós estaríamos a <strong>de</strong>ixar que morram milhares <strong>de</strong> seres humanos,<br />
quando eles po<strong>de</strong>riam ser salvos por uma única experiência<br />
feita com um animal? A maneira <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r a<br />
essa pergunta hipotética é fazer outra pergunta: será que os<br />
pesquisadores estariam dispostos a realizar suas experiências<br />
utilizando um ser humano órfão, <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> inferior a 6<br />
meses, se o único jeito <strong>de</strong> salvar milhares <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>s fosse<br />
esse? Se os pesquisadores não estiverem dispostos a usar<br />
uma criança, então sua prontidão em usar animais não-humanos<br />
revela uma injustificável forma <strong>de</strong> discriminação basea<strong>da</strong><br />
no especismo, já que macacos, cães, gatos, ratos e<br />
outros animais são, mais que uma criança, conscientes <strong>da</strong>quilo<br />
que lhes acontece, auto-orientados e, no mínimo, tão<br />
sensíveis à dor quanto aquela.<br />
(Trecho <strong>de</strong> 'Vi<strong>da</strong> Ética', extraído <strong>de</strong> Veja, julho <strong>de</strong> 2002)