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Esta Shakti enrola<strong>da</strong> em torno do Supremo Shiva é chama<strong>da</strong> Mahākun<strong>da</strong>lī (“O grande poder<br />
enrolado”), distinta do mesmo poder que existe nos corpos individuais, que é chama<strong>da</strong> de<br />
Kun<strong>da</strong>linī 26 . E é com, e através do último poder, que este <strong>Yoga</strong> é realizado. Quando é<br />
realizado, a Shakti individual (Kun<strong>da</strong>lī) é uni<strong>da</strong> com a grande Shakti cósmica (Mahākun<strong>da</strong>lī), e<br />
Ela com Shiva, com quem é, essencialmente, um. Kun<strong>da</strong>linī é um aspecto do eterno Brahman<br />
(Brahmarūpā Sanātani), e é, ambos, sem atributos e com atributos (Nirgunā e Sagunā). Em<br />
Seu aspecto Nirgunā, Ela é Consciência Pura (Chaitanyarūpinī) e Bem-aventurança própria<br />
(Ānan<strong>da</strong>-rūpinī) e na criação (Brahmānan<strong>da</strong>prakāshinī). No Seu aspecto Sagunā, Ela é por<br />
cujo poder to<strong>da</strong>s as criaturas são expostas (Sarvabhūtaprakāshinī) 27 . Kun<strong>da</strong>lī Shakti nos<br />
corpos individuais é poder em repouso, ou o centro estático, em torno do qual tudo na<br />
existência, como poder em movimento, gira. No universo há sempre dentro e por trás de ca<strong>da</strong><br />
forma de ativi<strong>da</strong>de um plano de fundo estático. A Consciência única é polariza<strong>da</strong> em aspecto<br />
estático (Shiva) e aspecto cinético (Shakti) para o propósito <strong>da</strong> “criação”. Este <strong>Yoga</strong> é a<br />
resolução desta duali<strong>da</strong>de em uni<strong>da</strong>de novamente.<br />
As Escrituras Indianas dizem, nas palavras de Herbert Spencer em seu “Primeiros<br />
Princípios”, que o universo é um desdobramento (Srishti) do homogêneo (Mūlaprakriti) ao<br />
heterogêneo (Vikriti), e volta ao homogêneo novamente (Pralaya, ou Dissolução). Há, assim,<br />
alternados estados de evolução e dissolução, manifestação tendo lugar depois de um período<br />
de repouso. Assim também o Professor Huxley, em seu “Evolução e Éticas”, fala <strong>da</strong><br />
manifestação <strong>da</strong> energia cósmica (Māyā Shakti), alternando entre fase de potenciali<strong>da</strong>de<br />
(Pralaya) e fases de explanação (<strong>Shri</strong>shti). “Pode ser”, ele diz, “como Kant sugere, ca<strong>da</strong><br />
magma cósmico está predestinado a evoluir para um novo mundo foi o não menos<br />
predestinado fim de um antecessor desaparecido”. Este, o Shāstra Indiano afirma em sua<br />
doutrina que não existe tal coisa como uma primeira criação absoluta, o presente universo<br />
sendo senão um de uma série de mundos que são passado e virão ain<strong>da</strong> a ser.<br />
No momento <strong>da</strong> Dissolução (Pralaya), existe a Consciência como Mahākun<strong>da</strong>lī,<br />
embora indistinguível <strong>da</strong> sua massa geral, a potenciali<strong>da</strong>de, ou semente do universo a ser.<br />
Māyā, como o mundo, existe potencialmente como Mahākun<strong>da</strong>lī, que é em Si mesma uma com<br />
a Consciência, ou Shiva. Esta Māyā contém, e é, de fato, constituí<strong>da</strong> por Samskāra ou Vāsanā<br />
– ou seja, as impressões mentais e as tendências produzi<strong>da</strong>s pelo Karma realizado nos<br />
mundos previamente existentes. Estes constituem a massa <strong>da</strong> ignorância em potencial<br />
(Avidyā) pelo qual a Consciência vela a si mesma. Eles foram produzidos pelo desejo do gozo<br />
mun<strong>da</strong>no, e em si mesmo produze tal desejo. Os mundos existem porque eles, em sua<br />
totali<strong>da</strong>de, desejam existir. Ca<strong>da</strong> indivíduo existe porque sua vontade deseja a vi<strong>da</strong> mun<strong>da</strong>na.<br />
Esta semente é, portanto, a vontade coletiva ou cósmica para a vi<strong>da</strong> se manifestar – ou seja, a<br />
vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> forma e do gozo. No fim do período do repouso, o qual é a Dissolução, esta semente<br />
amadurece em Consciência. A Consciência tem, assim, um duplo aspecto; sua liberação<br />
(Mukti), ou aspecto sem forma, no qual ela é uma simples Bem-aventurança <strong>da</strong> Consciência; e<br />
um universo, ou aspecto <strong>da</strong> forma, no qual ela se torna o mundo do gozo (Bhukti). Um dos<br />
princípios básicos do Shākta Tantra é assegurar, por sua Sādhanā, ambos, a Liberação (Mukti)<br />
e o Gozo (Bhukti) 28 . Isto é possível pela identificação do eu quando em gozo com a alma do<br />
mundo. Quando esta semente amadurece, diz-se que Shiva estendeu Sua Shakti. Como esta<br />
Shakti é em Si mesma, é Ele em seu aspecto de Shiva-Shakti que sai (Prasarati) e dota a Si<br />
mesmo com to<strong>da</strong>s as formas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> mun<strong>da</strong>na.<br />
26 – Porque Ela é assim curva<strong>da</strong>, a Devī é chama<strong>da</strong> Kubjikā (corcun<strong>da</strong>).<br />
27 – Kubjikā Tantra, CapítuloI, Prānatoshinī, pg. 8.<br />
28 – Bhogena moksham āpnoti bhogena kulasādhanam<br />
Tasmād yatnād bhogayukto bhaved vīravarah sudhīh.<br />
(Kulārnava Samhitā, v. 219)<br />
“Pela experiência do mundo (Bhoga Bhukti) ele obtém a Liberação no Mundo. Experiência é o significado para a<br />
realização do Kula. Portanto, o sábio e bom Vīra deve, cui<strong>da</strong>dosamente, estar unido com a experiência do mundo”.<br />
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