Download - Associação Paulista de Medicina
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exclusiVo<br />
marina silva, UMA<br />
MIlITANTE pElO plANETA<br />
A senadora <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> foco na prevenção e uma assistência à<br />
saú<strong>de</strong> atenta às condições ambientais em que estamos inseridos<br />
BRUNA CENçO<br />
Senadora da República e exministra<br />
do Meio Ambiente,<br />
Marina Silva é uma das personalida<strong>de</strong>s<br />
brasileiras mais proeminentes<br />
na temática ambiental. Já recebeu<br />
diversos títulos no país e no exterior,<br />
entre os quais o Prêmio Sophie 2009,<br />
por sua contribuição à <strong>de</strong>fesa da natureza<br />
e do <strong>de</strong>senvolvimento sustentável<br />
do planeta. Em entrevista exclusiva<br />
à Revista da APM, ela comenta os<br />
<strong>de</strong>safios da área e, em especial, suas<br />
relações com a saú<strong>de</strong>.<br />
Durante muito tempo, as questões<br />
ambientais foram tratadas<br />
como um problema separado das<br />
áreas consi<strong>de</strong>radas essenciais,<br />
como saú<strong>de</strong> e educação. Por quê?<br />
A mentalida<strong>de</strong> pós-Revolução Industrial<br />
consi<strong>de</strong>rava que o planeta<br />
tinha uma capacida<strong>de</strong> ilimitada <strong>de</strong><br />
suprir nossa <strong>de</strong>manda por recursos<br />
naturais e <strong>de</strong> assimilar todos os <strong>de</strong>jetos<br />
que produzíamos, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />
<strong>de</strong> tipo e quantida<strong>de</strong>.<br />
Nessa lógica, fazia até algum sentido<br />
a fragmentação, sobretudo porque<br />
nos faltava o entendimento da inter<strong>de</strong>pendência<br />
entre a humanida<strong>de</strong>, as<br />
<strong>de</strong>mais formas <strong>de</strong> vida do planeta e<br />
os processos naturais que a sustentam.<br />
A ausência <strong>de</strong>ssa compreensão,<br />
aliada à noção da ausência <strong>de</strong> limites,<br />
levou-nos a adotar um estilo <strong>de</strong> vida<br />
não sustentável, a estabelecer uma<br />
lógica <strong>de</strong> mercado e a criar um arcabouço<br />
<strong>de</strong> políticas públicas que não<br />
0 REVISTA DA APM – MARÇO DE 2010<br />
consi<strong>de</strong>ram toda essa realida<strong>de</strong>. Na<br />
saú<strong>de</strong>, o paradigma dominante tem<br />
sido o da cura, em <strong>de</strong>trimento da prevenção,<br />
e do enfoque no indivíduo<br />
dissociado das condições do meio<br />
em que vive. A educação está longe<br />
<strong>de</strong> levar as pessoas a interagir com<br />
realida<strong>de</strong>s complexas e capacitá-las a<br />
produzir respostas criativas e efetivas<br />
para os <strong>de</strong>safios da atualida<strong>de</strong>.<br />
essa realida<strong>de</strong> permanece ainda<br />
hoje?<br />
Felizmente, estamos em um processo<br />
<strong>de</strong> mudança. Inúmeros núcleos<br />
vivos da socieda<strong>de</strong> já internalizaram<br />
essas questões e operam na vanguarda<br />
<strong>de</strong> uma nova socieda<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> os<br />
processos são pensados <strong>de</strong> modo mais<br />
inteligente. Se integra os saberes, se<br />
prima pela prevenção e por uma edu-<br />
Francisco Messias