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O segundo tempo do complexo de castração do menino é assinalado pelas<br />
ameaças verbais dos pais contra suas manipulações auto-eróticas oriundas do seu<br />
interesse nos genitais (fase fálica) e o terceiro é o da constatação visual da região<br />
genital da menina: o que o menino vê não é a vagina, mas sim uma falta de pênis.<br />
Ele tem a idéia de seres desprovidos de pênis inconcebível e a crença de que é<br />
impossível haver seres sem pênis, resistindo às evidências visuais a ponto de crer<br />
que a menina possui um pênis, que é pequeno e que algum dia irá crescer. As<br />
mulheres mais velhas e respeitáveis como sua mãe possuiriam um pênis grande.<br />
Já o quarto tempo é o momento de angústia, onde o menino percebe que sua<br />
mãe também é desprovida de pênis. A rememoração das ameaças verbais do<br />
segundo tempo vem conferir sua significação plena à percepção visual de um perigo<br />
até ali negligenciado (NASIO, 1989: 15.). Em um só depois é que a ameaça de<br />
castração é significada e faz efeito.<br />
Quando um menino pela primeira vez chega a ver a região genital de uma<br />
menina, começa por demonstrar irresolução ou falta de interesse; não vê nada ou<br />
rejeita o que viu (...) somente mais tarde, quando possuído de alguma ameaça de<br />
castração, é que a observação se torna importante para ele; se então a relembra ou<br />
repete, ela desperta nele uma terrível tormenta de emoção e o força a acreditar na<br />
realidade da ameaça de que havia rido até então(FREUD, 1925: 281.)<br />
Como efeito da angústia, o menino aceita a interdição da mãe enquanto<br />
objeto sexual e reconhece a lei paterna no intuito de manter seu pênis, tornando<br />
assim possível sua identidade masculina. As catexias de objetos, vale ressaltar que<br />
essa expressão catexia de objeto, é empregada quando se refere à energia psíquica<br />
que está conectada com algum objeto fora do próprio sujeito, ou à representação<br />
desse objeto na mente do sujeito. A catexia do objeto está associada às<br />
manifestações do narcisismo secundário, que por sua vez, são menos duradouras<br />
do que as do gênero primário. Retomando, as catexias de obejtos são abandonadas<br />
e substituídas por identificações; a autoridade do pai é introjetada e dá origem ao<br />
supereu, que perpetua a proibição contra o incesto, impedindo o retorno da catexia<br />
libidinal; e as tendências libidinais são dessexualizadas e sublimadas (o que<br />
acontece com toda transformação em identificação), inibidas em seu objetivo e<br />
transformadas em afeição. Todo esse processo assegurou a permanência do órgão<br />
genital, mas paralisou-o ao remover sua função, daí o período de latência.<br />
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