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possibilidades de investimentos que a mulher histérica, segundo Dor, pode fazer em<br />
relação ao pai.<br />
“Essas duas vertentes da posição histérica em relação ao pai<br />
têm algo em comum. Tanto num caso quanto no outro, a<br />
histérica economiza o seu próprio desejo: de um lado está<br />
sujeito ao desejo do outro, o pai, vítima de uma mulher que não<br />
o compreendeu; de outro, ele coloca-se à serviço da musa<br />
materna. É a própria prova de uma capitulação através da qual<br />
a histérica, renunciando a seu desejo, mobiliza-se<br />
prioritariamente sobre a questão do desejo do outro, quer ele<br />
seja deposto ou mal tratado.” (Dor, 1991, p.54).<br />
O desejo na histeria está sempre sob reserva de se fazer representar. A<br />
histérica então usa disto para manter o seu desejo insatisfeito, pois isso a sustenta.<br />
Na histeria o sujeito precisa que o Outro deseje por ele. Em relação à identificação<br />
sexual, tem a dimensão de fazer através do Outro, tomar o traço do Outro e se<br />
identificar.<br />
O autor ainda traz uma importante contribuição quando escreve que:<br />
”a diferença entre um traço de estrutura e a identidade de um<br />
sintoma depende da observação de índices semelhantes. Além<br />
da plasticidade e da diversidade dos sintomas, o traço de<br />
estrutura impõe-se como um elemento estável que anuncia<br />
uma estratégia do desejo”. (Dor, 1991, p.34)<br />
Outro traço de estrutura histérica seria um recalcamento diretamente<br />
associado a um deslocamento. O que coloca o sujeito em uma posição que nada<br />
tem a ver com o que está acontecendo. A “neutralização do afeto sexual” sob a<br />
forma de deslocamento e recalcamento também é um traço presente nesta<br />
estrutura.<br />
Dizer que a natureza do sintoma é cega, é reconhecer que não existe<br />
necessidade lógica entre sua identidade e a expressão do desejo que aí se encontra<br />
alienada. Não há jamais estratégias cegas, pois elas obedecem a uma estrutura.<br />
Sabe-se que o sintoma é antes de tudo uma forma de realização de desejo.<br />
Conforme Nasio (1991), do lugar transferencial são constatados três estados<br />
permanentes e duradouros do eu histérico, além da multiplicidade dos<br />
acontecimentos que se sucedem no curso de uma análise, aquém das palavras,<br />
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