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onde a criança não consegue perceber em que lugar está o desejo dela. Exatamente<br />
nesse momento o Pai entra, o qual vai exercer sua função, a fim de cortar essa<br />
relação de unidade mãe/filho. A criança se colocava como sujeito de desejo, pois a<br />
mãe emprestava os seus significantes e a criança era o que desejavam dela, ela<br />
demandava e o bebê respondia. Após isso há um deslocamento das marcas<br />
maternas, assim o Pai vai fazendo sua função. Este vem como a Lei, mostrando que<br />
o desejo da mãe está em outro lugar. O Pai coloca significantes que vêm questionar<br />
para além daquilo que foi inaugurado pela mãe, isto produz marcas.<br />
A função paterna, castra, dá a Lei e por outro lado salva do incesto, pois<br />
direciona as pulsões para que não se lide com o mundo a partir só do prazer. Para<br />
que este processo possa ocorrer, a mãe precisa se colocar numa posição remetida à<br />
sua falta, ou seja, castrada, permitindo assim com que um discurso além do seu<br />
possa entrar. É nesse intervalo entre a separação da mãe e a entrada do pai que o<br />
sujeito se constitui, saindo da posição de objeto.<br />
São essas etapas do Complexo de Édipo e de Castração que vão nos dizer<br />
sobre qual estruturação nosso inconsciente vai falar. Se o Nome-do-Pai fizer<br />
efetivamente função e funcionar a Lei, agindo como um substituto do desejo da mãe,<br />
então falar-se-á através de um discurso neurótico. Então a fantasia vai agir como<br />
defesa para organizar esta demanda imaginária do Outro que se impõe. Na neurose<br />
o principal questionamento é “O que o Outro quer de mim?”.<br />
Esta é a questão chave do neurótico, pois está diretamente ligada ao desejo<br />
da mãe e à falta. A demanda de amor da mulher neurótica implica em não haver<br />
limites, nunca o que é recebido é suficiente, algo sempre falta. A menina busca a<br />
completude através do falo, e como não encontra algo que a preencha, mantém-se<br />
eternamente insatisfeita.<br />
Podemos destacar ainda, quando à constituição do sujeito, algumas<br />
considerações a mais sobre o Complexo de Édipo, no qual, há um primeiro<br />
momento, o de alienação: neste, mãe e filho são um só, a criança se coloca como<br />
falo da mãe, objeto de desejo da mãe.<br />
Já em um segundo momento, há a separação: no qual a criança deverá sair<br />
(separação) para a relação em falta, então estamos na castração. O pai surge e faz<br />
o corte desta relação, interditando mãe/filho e falo, este é um pai castrador. É como<br />
se ele dissesse à criança que ela não é o falo da mãe, e que ele, o pai é quem tem o<br />
falo – onde está o desejo da mãe. Isso faz com que a criança saia da relação de<br />
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