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Leituras Inglesas no Brasil oitocentista

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Crop, 8, 2002<br />

cuidássemos senão em diverti-las [as senhoras] com <strong>no</strong>velinhas,<br />

ou anedotas; nós desejamos sem dúvida obrigar o belo sexo a<br />

sorrir-se de quando em quando por algumas graças decentes e<br />

historietas de circunstâncias; porém o <strong>no</strong>sso objeto principal, é<br />

de fornecer às mães e esposas a instrução necessária (ao me<strong>no</strong>s<br />

o sentimento da necessidade de tal instrução) para dirigir<br />

a educação dos filhos, e idear as ocupações, perigos, e deveres<br />

da carreira que os esposos, e filhos, são chamados a seguir,<br />

e como os <strong>no</strong>ssos leitores pela mor parte, pertencem às altas<br />

hierarquias da sociedade, devemos consagrar alguns visitantes<br />

ao estudo da Política: não podíamos decerto dar às senhoras<br />

maior prova da <strong>no</strong>ssa devoção, e do muito em que temos o<br />

seu juízo, do que principiar a <strong>no</strong>ssa obra pelo assunto mais<br />

abstrato, e de maior ponderação, (...) 30<br />

À imprensa, portanto, iria caber um papel central na instrução de<br />

seus leitores. Os jornais e revistas, com suas seções de variedades, miscelâneas,<br />

folhetins, parecem ter se constituído “numa espécie de versão local da<br />

Encyclopédie”, 31 contribuindo de modo decisivo <strong>no</strong> processo de formação<br />

de seu público. A opção pelas histórias de fundo edificante, dessa forma,<br />

parece ter sido o caminho óbvio. Ao lado do desejo de criação de uma<br />

literatura nacional, representada pelas incursões dos precursores <strong>no</strong> terre<strong>no</strong><br />

da ficção <strong>no</strong>s diferentes periódicos, vigoraria ainda durante um bom tempo<br />

o hábito das traduções das narrativas estrangeiras, garantindo o lazer de um<br />

leitorado ávido de <strong>no</strong>vidades européias. A revista O Beija-Flor (1830-31) é<br />

emblemática dessa convivência, pois já em seus primeiros números estampava<br />

a <strong>no</strong>vela anônima “Olaya e Júlia, ou a Periquita” 32 e O Colar de Pérolas<br />

ou Clorinda, <strong>no</strong>vela de Walter Scott da qual o tradutor exaltava a capacidade<br />

de reconstituição histórica e a alta carga moral:<br />

“Um dos característicos de Walter Scott é a pureza e decência<br />

do seu modo de tratar o amor. Jamais houve romanceiro mais<br />

30<br />

O Espelho Diamanti<strong>no</strong>, Periódico de política, literatura, belas-artes, teatro e<br />

modas. Dedicado às senhoras brasileiras, 1827, n. 3, p. 35-6.<br />

31<br />

Süssekind, Flora. O <strong>Brasil</strong> não é longe daqui. O narrador. A viagem. São Paulo,<br />

Companhia das Letras, 1990, p. 79.<br />

32<br />

Novela que Marlyse Meyer de<strong>no</strong>mina de “franco-brasileira” e a que atribui a<br />

autoria de Charles Auguste Taunay. Ver “Uma Novela Franco-brasileira de 1830”<br />

in As Mil Faces de um Herói Canalha e outros Ensaios. Rio de Janeiro, Editora<br />

da UFRJ, 1998, p. 333-347.<br />

241<br />

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16/11/2010, 16:21

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