Alexandre Franco - ANO: LXXV – EDIÇÃO Nº 3906 - Post Milenio
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O Milénio/Stadium... Às Sextas-feiras, bem pertinho de si!<br />
13 a 19 de Outubro de 2006 33<br />
Portugal, 3 - Rússia, 0.<br />
MILAGRE? NÃO... REALIDADE!<br />
Parabéns Portugal! Noite de<br />
magia em Vila Nova de Gaia,<br />
ilusões e sonhos tornados realidade,<br />
num dos mais belos momentos<br />
das selecções jovens nacionais<br />
no nosso país. José Couceiro e o<br />
seu grupo de trabalho foram verdadeiros<br />
alquimistas, ao tornarem<br />
um contexto condenado ao fracasso<br />
num valioso legado para todos<br />
os que vibram com o futebol. O 3-<br />
0 com que a Rússia foi brindada<br />
em Pedroso anulou o 1-4 que<br />
Portugal trazia de Moscovo, possibilitando<br />
a qualificação lusa para<br />
o Campeonato da Europa de 2007<br />
da categoria. A Holanda espera<br />
por vós, rapazes. O país está<br />
orgulhoso deste feito!<br />
O muito criticado José<br />
Couceiro deu o mote logo na constituição<br />
inicial da equipa lusa.<br />
Prescindiu do médio Ruben<br />
Amorim, apontado como previsível<br />
titular, e apostou no<br />
extremo Diogo Valente, desenhando<br />
um 4x2x4 que desde muito<br />
cedo se instalou nas linhas mais<br />
avançadas do rectângulo de jogo.<br />
A Rússia decidiu entrincheirar-se<br />
poucos metros à frente da sua área<br />
e abdicou completamente de toda<br />
e qualquer iniciativa atacante.<br />
Obviamente, até ao surgimento<br />
do primeiro golo, foi extremamente<br />
complicado "furar" por<br />
entre as tropas adversárias até à<br />
baliza de Khomich. O tratado<br />
russo era simples: defender,<br />
defender e defender. Na primeira<br />
meia-hora, faltou velocidade na<br />
circulação de bola portuguesa,<br />
apesar das boas intenções. Os<br />
movimentos dos quatro homens<br />
da frente foram muito previsíveis<br />
e só numa grande penalidade se<br />
começou a fazer história no<br />
Estádio Dr. Jorge Sampaio.<br />
Cherenchikov deu mão na sua<br />
grande área e na marcação do castigo<br />
máximo João Moutinho reacendeu<br />
as esperanças da qualificação.<br />
Couceiro premiado no dia D<br />
dos sub-21 portugueses<br />
Arriscar. Uma palavra repetida<br />
intensamente por José Couceiro<br />
na véspera do jogo e materializada<br />
na noite desta bela conquista.<br />
Uma ousadia atávica justamente<br />
premiada e tornada possível,<br />
essencialmente, depois das<br />
entradas de Hélder Barbosa e João<br />
Moreira. Ao intervalo, Couceiro<br />
prescindiu do amarelado Manuel<br />
da Costa, não caindo no mesmo<br />
erro de Moscovo, e empregou<br />
dinamismo à equipa com o irrequieto<br />
esquerdino da Académica.<br />
Numa altura em que a Rússia<br />
já actuava com dez, após expulsão<br />
de Kolesnikov, exigia-se o "sufoco"<br />
às unidades recuadas dos visitantes<br />
e Portugal assim o fez. O<br />
gás mostarda do ataque final, no<br />
dia D do trajecto desta selecção<br />
portuguesa de sub-21, foi lançado<br />
por Yannick, autor do segundo<br />
golo aos 65 minutos, num<br />
cabeceamento venenoso. Com as<br />
gargantas corroídas e cada vez<br />
mais entalados nas posições de<br />
expectativa que adoptaram, os<br />
russos vergaram-se definitivamente<br />
a dezanove minutos do<br />
final. Era o 3-0 para Portugal, com<br />
golo de Taranov na própria baliza,<br />
e o roçar no céu da imortalidade<br />
desportiva. Heroísmo, coragem,<br />
bravura. Três palavras que pontuam<br />
o comportamento da equipa<br />
portuguesa, autora de uma façanha<br />
que vem adoçar a auto-confiança<br />
de um futebol tantas vezes<br />
maltratado. Couceiro arriscou e<br />
ganhou, merecendo por isso as<br />
nossas congratulações.<br />
A arbitragem de Pieter Vink<br />
foi irregular, mas nos momentos<br />
capitais pareceu decidir bem. A<br />
grande penalidade que abriu o<br />
marcador foi bem assinalada, pois<br />
existe contacto ilegal entre a mão<br />
do russo e a bola, e na expulsão de<br />
Kolesnikov agiu em conformidade<br />
com as leis.<br />
Ao intervalo: 1-0 Marcadores:<br />
1-0, João Moutinho, 32 minutos<br />
(grande penalidade).<br />
2-0, Yannick Djaló, 65.<br />
3-0, Taranov, 73 (própria baliza).<br />
Equipas: - Portugal: Paulo<br />
Ribeiro, Filipe Oliveira,<br />
Amoreirinha, Manuel da Costa<br />
(Hélder Barbosa, 46), Miguel<br />
Veloso, Organista, João<br />
Moutinho, Varela (João Moreira,<br />
57), Diogo Valente (Ruben<br />
Amorim, 70), Yannick Djaló e Vaz<br />
Té.<br />
(suplentes: Ricardo Batista,<br />
Julien, Antunes, Ruben Amorim,<br />
Hélder Barbosa, Ivanildo e João<br />
Moreira).<br />
- Rússia: Khomic, Nababkin,<br />
Taranov, Cherenchikov, Shishkin,<br />
Rebko (Vor obyev, 76), Eschenko,<br />
Kolesnikov, Denisov, Pavlenko<br />
(Dantsev, 58) e Savin (Torbi<br />
nskiy, 23).<br />
(suplentes: Krivoruchko,<br />
Vorobyev, Grigoryev, Dantsev,<br />
Sabitov, Torbins kiy e Salugin).<br />
Árbitro: Pieter Vink (Holanda).<br />
Acção disciplinar: cartão amarelo<br />
a Manuel da Costa (12 m),<br />
Torbinskiy (25), Cherenchikov<br />
(28), Vaz Té (74) e Eschenko (90).<br />
Cartão vermelho a Kolesnikov (42<br />
m). Assistência: cerca de 7.000<br />
espectadores.<br />
João Moutinho, guerrilheiro<br />
por excelência<br />
O universo dos sub-21 começa<br />
a ser pequeno para tamanho talento.<br />
Mesmo numa partida em que<br />
só teve Organista a seu lado no<br />
meio-campo, mostrou ser um<br />
guerrilheiro do futebol.<br />
Desorganizou o poderoso exército<br />
russo com os seus raides às linhas<br />
da frente e ocultou-se nas tarefas<br />
defensivas, com vigor e determinação.<br />
É um mestre na guerra do<br />
futebol, essencialmente pela concentração<br />
e seriedade que emprega<br />
nas suas acções. Marcou a<br />
grande penalidade de forma<br />
exemplar, aos 31 minutos.<br />
Miguel Veloso, pela esquerda,<br />
marchar marchar<br />
Desconhece-se a ideologia<br />
política com que simpatiza, mas<br />
neste jogo de Pedroso foi o líder<br />
da esquerda lusitana. Após ter<br />
recebido algumas críticas na<br />
sequência da derrota na Rússia,<br />
provou que pode fazer com qualidade<br />
a posição de lateral canhoto.<br />
Defendeu serenamente, atacou<br />
com propósito e foi o português<br />
que mais cruzamentos fez para a<br />
área russa. Na segunda metade,<br />
jogou no meio e confirmou os<br />
predicados que se lhe reconhecem.<br />
Ainda tentou surpreender<br />
o guarda-redes Komich em<br />
remates de longa distância, mas<br />
nessa vertente esteve mais desinspirado.<br />
Diogo Valente, à atenção<br />
de Jesualdo Ferreira<br />
A atravessar um momento particularmente<br />
delicado na sua carreira,<br />
devido à falta de utilização<br />
no F.C. Porto, provou ter valor<br />
para ser olhado com mais atenção<br />
por Jesualdo Ferreira. Na primeira<br />
parte alinhou como extremoesquerdo,<br />
tentando, essencialmente,<br />
segurar bem a bola e distribuí-la<br />
com qualidade. Faltoulhe<br />
alguma audácia no último<br />
terço, mas quando a teve - aos 43<br />
minutos, por exemplo - levou o<br />
pânico às bem preenchidas<br />
trincheiras adversárias. Na etapa<br />
complementar, em face da saída<br />
de Manuel da Costa e correspondente<br />
passagem de Veloso para o<br />
meio, foi uma espécie de falso lateral<br />
esquerdo, nivelando por alto<br />
as suas intervenções.<br />
Yannick Djaló, lenitivo<br />
para ilusões<br />
Seria injusto dizer que estava a<br />
fazer uma grande exibição, até ao<br />
momento do 2-0 para Portugal.<br />
Um golo que reavivou sonhos, um<br />
lenitivo para as ilusões lusas que<br />
ameaçavam murchar. De cabeça,<br />
espicaçou a equipa e o público<br />
para uns últimos minutos de sublime<br />
qualidade e dramatismo. Fica<br />
ligado a esta bela página do futebol<br />
português principalmente pelo<br />
golo que apontou.<br />
Varela e Vaz Té, pólvora seca<br />
no ataque às fileiras russas<br />
Não foram as armas que<br />
Portugal necessitava numa partida<br />
onde era imperativo marcar, no<br />
mínimo, três golos. A bem protegida<br />
defesa russa não poderia<br />
ceder facilmente aos tiros de<br />
pólvora seca desferidos por estes<br />
dois elementos. Seria necessário<br />
armamento de maior calibre para<br />
abrir fendas numa estrutura, à partida,<br />
sólida e fiável. Se Varela<br />
pouco ou nada se viu, Vaz Té<br />
apareceu mais vezes em jogo mas<br />
quase sempre de forma<br />
despropositada. O incrível falhanço<br />
aos 52 minutos é o melhor<br />
exemplo no desnorte que pautou<br />
as suas acções.<br />
Hélder Barbosa e João Moreira,<br />
reforços para o ataque final<br />
O ataque final às forças russas<br />
foi reforçado por dois soldados de<br />
qualidade insuspeita. Hélder<br />
Barbosa emprestou alegria e<br />
dinamismo ao flanco esquerdo,<br />
tendo participação directa no terceiro<br />
golo português, ao cabecear<br />
a bola antes de Taranov a introduzir<br />
na própria baliza. João<br />
Moreira entrou mais tarde, mas<br />
ainda a tempo de reavivar um<br />
ataque amorfo, pela ineficácia de<br />
Vaz Té e Varela. Só era escusada a<br />
entrada fora de tempo que teve<br />
sobre o guarda-redes russo na<br />
parte final do jogo.<br />
Conheça a história do<br />
Campeonato<br />
da Europa de sub-21<br />
Os campeonatos da Europa de<br />
Sub-21 nem sempre tiveram o formato<br />
que hoje lhes conhecemos.<br />
Desde o seu início até aos nossos<br />
dias já houve três alterações na<br />
competição.<br />
A prova começou por ser para<br />
selecções de sub-23 e tinha um<br />
formato tipo boxe, em que os<br />
campeões defrontavam equipas<br />
que os desafiavam.<br />
Em 1970 foi apresentado um<br />
formato de Campeonato da<br />
Europa de sub-23 que, no entanto,<br />
apenas vigorou seis anos.<br />
Em 1976 a UEFA baixou o<br />
limite de idades de 23 para 21<br />
anos, fórmula que vigora desde<br />
1978.<br />
A partir de 1994 foi apresentada<br />
uma fase final composta por<br />
meias-finais e final, depois de<br />
uma fase de dois grupos. Desde a<br />
criação deste formato, a Itália<br />
dominou a competição, vencendo<br />
por cinco ocasiões a prova.<br />
O ano passado a Holanda<br />
venceu a última edição disputada<br />
em ano par e cujas fases finais e de<br />
apuramento coincidiam com os<br />
jogos das selecções AA. A partir<br />
de 2007, o Europeu de sub-21 tem<br />
a sua realização de forma autónoma<br />
e merecendo o destaque de<br />
mais importante prova entre<br />
selecções no ano em que se disputa.<br />
Conheça aqui os vencedores<br />
das edições anteriores no<br />
Europeu de Sub-21:<br />
1976 - 1978: Jugoslávia<br />
1978 - 1980: URSS<br />
1980 - 1982: Inglaterra<br />
1982 - 1984: Inglaterra<br />
1984 - 1986: Espanha<br />
1986 - 1988: França<br />
1988 - 1990: URSS<br />
1990 - 1992: Itália<br />
1992 - 1994: Itália<br />
1994 - 1996: Itália<br />
1996 - 1998: Espanha<br />
1998 - 2000: Itália<br />
2000 - 2002: República Checa<br />
2002 - 2004: Itália<br />
2004 - 2006: Holanda