416-656-3500 Director: Alexandre Franco - Post Milenio
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16 20 a 26 de Outubro de 2006<br />
<strong>Post</strong>-Milénio... Às Sextas-feiras, bem pertinho de si!<br />
"VERSOS LITERATOS, CACOS E RETRATOS"<br />
Uma vez mais a Galeria<br />
Almada Negreiros no<br />
Consulado Geral de<br />
Portugal em Toronto, acolhe<br />
como sempre, e com muita<br />
simpatia da parte da representante<br />
do Governo<br />
Português em Toronto, a<br />
Dra. Maria Amélia Paiva,<br />
dois conhecidos artistas da<br />
nossa comunidade. E desta<br />
vez, com um título sugestivo<br />
e bastante "sui generis",<br />
pai e filho arrancam para<br />
uma dimensão além fronteiras<br />
através de belas<br />
fotografias.<br />
Vasco Oswaldo Santos,<br />
uma figura bastante versátil<br />
e de mil ofícios, que dispensa<br />
qualquer currículo, traznos,<br />
desta vez, uma<br />
colecção de fotografias<br />
tiradas no interior do Brasil<br />
e apresenta-nos imagens<br />
desde Florianópolis, Santa<br />
Catarina, até ao Maranhão,<br />
alguns recantos com toda a<br />
beleza tropical que nos<br />
transporta aos cantos,<br />
rincões, numa viagem<br />
panorâmica, um autêntico<br />
universo de poesia.<br />
Eu esgotaria todas as<br />
palavras se descrevesse<br />
numa só viagem, e observasse<br />
de uma "Janela ou de<br />
Janelas em Sucessão" entre<br />
"Nuvens, Água e Areia" a<br />
"Barca Bela" e remasse por<br />
entre os "Arcos d'água", e<br />
apeasse nas "Lagunas de<br />
Turquesa" e se, por um<br />
instante, em meu redor eu<br />
visse um "Remador", uma<br />
"Árvore", uma "Janela<br />
Tapada", uma "Ponta<br />
Grossa", "Uma Igreja do<br />
Carmo", que fosse um<br />
"Cúter" um "Sentinela<br />
Muda", "Seixos e<br />
Ribaldeixos" exóticos ou<br />
ainda um "Portal em<br />
Ruínas", eu diria certamente:<br />
Com toda esta fonte<br />
inspiradora eu transcendia<br />
naturalmente ao sublime,<br />
porque na realidade a magnificência<br />
desta exposição é<br />
o sinónimo de formosura.<br />
Como artista que é,<br />
Vasco Santos não só faz<br />
fotografias, mas também<br />
trabalha com cerâmica.<br />
Com 62 anos de idade, ele<br />
sente-se de novo como uma<br />
criança que quer espraiar os<br />
seus sonhos e com o mesmo<br />
jeito traquina, ele próprio<br />
diz, "estou muito contente<br />
por apresentar os meus<br />
primeiros azulejos" Este é o<br />
Vasco, aquele homem menino<br />
que não se cansa de<br />
descobrir coisas novas,<br />
coisas que naturalmente lhe<br />
dão muito prazer e gozo.<br />
Há um ditado que diz<br />
"filho de peixe sabe nadar"<br />
ou ainda, "quem sai aos<br />
seus, não degenera". Dito e<br />
feito. Tal pai, tal filho. Falo<br />
de Nuno Osvaldo Santos.<br />
Parece que a genética<br />
não mente e o dom artístico<br />
já vem de família, porque de<br />
geração anterior esta veia, é<br />
um feito segundo dizem, já<br />
o avô, Américo Oswaldo<br />
Santos foi considerado<br />
como o maior cromista em<br />
Portugal e reproduziu as<br />
grandes pinturas em livros<br />
de arte e trabalhou como<br />
artista gráfico no Diário de<br />
Notícias. Tudo isso, para<br />
dizer que a visão da arte é<br />
infinita e que, normalmente,<br />
ela emerge na rota geográfica<br />
de um pensamento ou de<br />
uma emoção e atinge proporções<br />
de excelência.<br />
Nuno, poeta, ceramista,<br />
fotógrafo … Bem, falar das<br />
obras do Nuno é mexer um<br />
pouco em tudo que seja arte<br />
e, por isso, e para não fugirmos<br />
ao tema, quero apenas<br />
mencionar que as fotos<br />
trazidas por este artista são<br />
simplesmente deslumbrantes<br />
e fazem-nos sonhar<br />
às vezes a preto e branco e<br />
às vezes a cores. E se me<br />
ponho numa das vielas<br />
estreitas de Veneza, seja<br />
com máscara ou sem ela,<br />
numa Gôndola, com o murmúrio<br />
e o reflexo das águas<br />
ao som dos gondoleiros,<br />
inspirada por uma canção,<br />
talvez "Oh Sole Mio", ou<br />
então a observar as Janelas<br />
da Paixão ou uma fonte e<br />
seguir calmamente por entre<br />
os canais, admirando a<br />
opulência e a grandeza da<br />
Piazza de São Marcos e<br />
depois resignada como que<br />
um sonho já cumprido,<br />
atravesso o rio só para ver o<br />
pôr-do-sol e cantar "Como<br />
sei triste Veneza", mas com<br />
uma alegria de quem espera<br />
por um cântico ou por um<br />
poema.<br />
Mas tudo acontece por<br />
uma razão. Às vezes a arte<br />
vem por aglomeração e só<br />
por isso a poesia também<br />
aconteceu e foi declamada e<br />
alternada pelos dois expositores<br />
com muita expressão e<br />
bom humor.<br />
Foi linda, foi maravilhosa.<br />
Só por isso quero<br />
deixar aqui os meus<br />
parabéns ao Vasco e ao<br />
Nuno Santos e dizer-lhes<br />
que eles apenas começaram.<br />
E nós queremos mais!<br />
E à senhora Cônsul um<br />
grande obrigado por ter<br />
trazido de volta a esta casa<br />
estes momentos de inspiração<br />
e ter quebrado um<br />
pouco a monotonia<br />
rotineira, com cores, sons,<br />
imagens e convívios<br />
salutares.<br />
Bem hajam a todos.<br />
AJS