416-656-3500 Director: Alexandre Franco - Post Milenio

O Milénio/Stadium... Às Sextas-feiras, bem pertinho de si!
20 a 26 de Outubro de 2006 35
F.C.Porto, 4 - Hamburgo, 1
AO RITMO DO TANGO...
Há muito que o Estádio do Dragão não
assistia a tamanha demonstração de poder
do F.C. Porto na Europa do futebol, naquela
que foi a primeira vitória de Jesualdo
Ferreira em jogos das competições da
UEFA. Os azuis e brancos derrotaram o
Hamburgo por 4-1 e solidificaram o terceiro
lugar no grupo G da Liga dos
Campeões. Dois golos de Lisandro, um de
Lucho e um de Postiga sublinharam um triunfo
incontestável, mas que também fica
marcado pela lesão de Anderson.
Era um F.C. Porto subnutrido, aquele
que iniciava o jogo com o Hamburgo. Um
dragão ávido de golos e pontos na Liga dos
Campeões, com deficiências várias identificadas
nos dois encontros efectuados anteriormente
na prova. Sabia-se de antemão que
o Hamburgo não seria a iguaria ideal para
os campeões nacionais voltarem a respirar
saúde europeia mas, a curto prazo, as
muitas calorias dos germânicos poderiam
saciar o apetite dos azuis e brancos. Esta era
"apenas" uma refeição obrigatória, daquelas
consumidas quando não há tempo para nada
mais elaborado.
Fucile, a novidade e uma primeira
meia-hora de grande nível
Para o ataque à primeira vitória
europeia da temporada, Jesualdo Ferreira
decidia lançar o uruguaio Jorge Fucile na
equipa inicial. Ainda que pouco habituado a
banquetes na alta-roda do futebol europeu,
Fucile surgia no lugar habitualmente ocupado
por Bosingwa. De resto, os mesmos dez
que haviam participado na degola do
Marítimo.
Já Thomas Doll, técnico dos alemães,
optava por uma formação de combate, mas
com apenas De Jong e Trochowski na zona
central do "miolo". Começava aqui a tritura
dos alemães por parte do F.C. Porto. Em
superioridade numérica nesse sector do relvado,
a primeira hora dos dragões foi do
melhor que já se viu da equipa na presente
época. Circulação de bola evolutiva, correcto
posicionamento de todos os elementos e
pressão forte desde o primeiro minuto.
Não surpreendia, por isso, o golo de
Lisandro aos 14 minutos, apontado num
lance em que o mérito terá que ir em exclusivo
para Anderson. O brasileiro recupera a
bola sobre a esquerda do círculo central,
arranca em velocidade até à linha de fundo
e descobre Lisandro que só tem que
encostar. Um festim para os sentidos dos
verdadeiros apreciadores de bom futebol.
Lesão de Anderson, a única indisposição
no organismo dos azuis e brancos
Após a primeira mordidela na sua "fast
food" de ocasião, o F.C. Porto poderia ter
mastigado mais uma parte do inofensivo
Hamburgo. Mas assim não o quis o árbitro
luxemburguês, que deixaria passar em claro
uma grande penalidade cometida por De
Jong sobre Quaresma. Ainda antes do intervalo,
a primeira e única indisposição para a
equipa portuguesa. Anderson aparecia agarrado
à coxa direita e dava o lugar a
Jorginho.
Incrédulos com a lesão do prodígio, os
fiéis seguidores do F.C. Porto viam Ljuboja
causar uma disparatada grande penalidade e
Lucho a ampliar a vantagem, em cima do
tempo para descanso. Ficava apenas por
mostrar o segundo amarelo ao atacante dos
germânicos.
Bem vindo, Bruno Moraes
Perante tamanha superioridade, o F.C.
Porto sentia que poderia desacelerar o seu
nível de consumo durante a segunda
metade. O desejo sôfrego transformava-se
em cómodo degustar, com a equipa limitada
a gerir a sua superioridade e vantagem
no marcador. Mas havia tempo para mais
dois lances de perene inspiração. Primeiro,
aos 69 minutos, quando Quaresma decide
trocar as voltas a Sorín e coloca o esférico
na cabeça de Postiga. O avançado confirmava
o bom momento que atravessa e fazia
o 3-0.
O 4-0 era uma sinfonia aos recursos técnicos
de Bruno Moraes. O atacante solicitava
Lisandro e este marcava pela segunda
vez. Já em cima da hora, Trochowski, limitar-se-ia
a diminuir a desvantagem, também
num bom pontapé de longa distância.
Quanto à equipa de arbitragem, fica
marcada pelos erros de não assinalar a tal
grande penalidade sobre Quaresma e de não
mostrar o segundo amarelo a Ljuboja, no
lance que precedeu o 2-0.
Lisandro Lopez
Até esta terça-feira o F.C. Porto não
tinha marcado qualquer golo na Liga dos
Campeões, mas num só jogo aumenta a
média para patamares bem aceitáveis, o que
o coloca numa posição confortável no
Grupo G, mas com necessidade de vencer
mais vezes. A esta novo estado de coisas
não é estranha a subida de forma de alguns
jogadores como Lisandro Lopez, que não
só fez o 1-0 sobre o Hamburgo, como proporcionou
bons momentos de futebol junto
à linha e até teve tempo para aumentar o
fogo do inferno em que vivem os alemães,
concluindo na perfeição uma excelente
jogada de Bruno Moraes (4-0).
Hélder Postiga
Quarto golo em três jogos. Depois de ter
marcado ao Sp. Braga e bisado ante o
Marítimo, Postiga voltou a estar no sítio
certo na Liga dos Campeões. Muito confiante,
sabe posicionar-se na área e trocar a
bola com eficácia, para além de rematar à
baliza quase sempre sem perigo. Foi substituído
na parte final do encontro para ouvir
as palmas dos adeptos e proporcionais mais
quinze minutos de jogo a Bruno Moraes. O
jovem avançado conseguiu deixar a sua
marca, numa brilhante assistência para o
segundo de Lisandro.
Quaresma
Não foi uma exibição fantástica, mas a
grande jogada que fez para o 3-0, só está
destinada aos sobredotados. Durante 68
minutos andou como que perdido, não conseguindo
arrancar uma finta ou cruzamento,
mas naquele instante em que recebeu a bola
no lado esquerdo e partiu para o ataque,
soube fazer a diagonal perfeita e cruzar para
o segundo poste, onde surgiu Postiga a
cabecear para o golo. São momentos como
estes que dão confiança aos jogadores e
Quaresma estava a precisar de brilho para
recuperar os índices anímicos.
Lucho e... Jorginho
Ainda não está no melhor estado de
forma, mas vai subindo gradualmente e
hoje já esteve mais perto do Lucho que
todos conhecem. Anulou por completo o
meio-campo adversário, com a necessária
ajuda de Raul Meireles e Anderson, mas
preocupou-se quase em exclusividade com
o ataque. Marcou a grande penalidade no
final da primeira parte e foi o primeiro a
pensar as jogadas de contra-ataque. Com a
entrada de Jorginho, perdeu um pouco o
protagonismo, dado que o experiente médio
não demorou a pegar na bola e distribui-la
pela frente de ataque. A lesão de Anderson
obviamente que terá de preocupar os portistas,
mas e experiência de Jorginho deixa
Jesualdo tranquilo, ainda para mais sabendo-se
que, tendo em vista a deslocação a
Alvalade, o número 20 portista costuma
dar-se bem com os leões.
Fucile
Estreia brilhante do defesa uruguaio,
que esteve impecável a a tratar a bola,
sobretudo no auxílio ao ataque e um pouco
indisciplinado a defender. Fica, no entanto,
uma excelente imagem, que dá a Jesualdo
Ferreira o suporte necessário para continuar
a apostar nele, castigando ao mesmo tempo
Bosingwa.
Jogo realizado
no Estádio do Dragão, no Porto.
FC Porto - Hamburgo, 4-1.
Ao intervalo: 2-0.
Marcadores:
1-0, por Lisandro Lopez, 14 minutos.
2-0, Lucho Gonzalez, 49+ (grande penalidade).
3-0, Hélder Postiga, 69.
4-0, Lisandro Lopez, 81.
4-1, Trochowski, 89.
Equipas:
- FC Porto: Helton, Fucile, Pepe, Bruno
Alves, Marek Cech,Raul Meireles, Lucho
Gonzalez, Anderson (Jorginho, 43),
Lisandro Lopez, Hélder Postiga (Bruno
Moraes, 76) e Ricardo Quaresma
(Vieirinha, 80).
(Suplentes: Vítor Baía, Ricardo Costa,
Paulo Assunção,Jorginho, Alan, Vieirinha e
Bruno Moraes).
Hamburgo: Kirschstein, Benjamin
(Fillinger, 46), Wicky(Klingbeil, 54),
Mathijsen, Atouba (Guerrero, 68),
Mahdavikia, De Jong, Trochowski, Sorin,
Ljuboja e Sanogo.
(Suplentes: Wachter, Fillinger, Klingbeil,
Berisha, Guerrero,Feilhaber e Laas).
Árbitro: Alain Hamer (Luxemburgo).
Acção disciplinar: Cartão amarelo para
Ricardo Quaresma (24),
Ljuboja (26), Fucile (30), Mahdavikia (31)
e De Jong (86).
Assistência: 31.109 espectadores.