De 2 a 8 de Novembro de 2012 - Post Milenio
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6 <strong>De</strong> 2 a 8 <strong>de</strong> <strong>Novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2012</strong><br />
Milénio Stadium... Às Sextas-feiras, bem pertinho <strong>de</strong> si!<br />
ESPAÇO DAS<br />
Bullying voltou à or<strong>de</strong>m do dia<br />
DÉBORA CRUZ<br />
<strong>de</strong>borabocruz@hotmail.com<br />
Numa altura em que o bullying voltou<br />
à or<strong>de</strong>m do dia, com a notícia da<br />
trágica morte <strong>de</strong> mais uma adolescente;<br />
numa altura em que um adolescente<br />
foi <strong>de</strong>tido e acusado <strong>de</strong> múltiplos crimes <strong>de</strong><br />
violação, veio à minha memória o poema <strong>de</strong><br />
Diane Loomans. Um belo poema que me foi<br />
apresentado há uns meses e que recomendo<br />
a todos.<br />
Se um dia me fosse dada a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> voltar<br />
atrás no tempo e <strong>de</strong> criar <strong>de</strong> novo os meus filhos:<br />
Eu iria usar meus <strong>de</strong>dos para pintar mais, e apontaria<br />
menos o meu <strong>de</strong>do; Eu per<strong>de</strong>ria menos tempo a corrigilos,<br />
e gastaria mais tempo a conhecê-los; Eu acompanharia<br />
menos o correr dos minutos, e mais o correr dos<br />
miúdos; Eu iria esforçar-me menos para que me vissem<br />
como “sempre certo”, e mais como “sempre perto”; Eu<br />
diria menos “faz o que eu mando”, e brincaria mais <strong>de</strong><br />
“faz <strong>de</strong> conta”; Eu correria mais pelos campos e olharia<br />
mais para as estrelas; Eu abraçaria mais e gritaria menos;<br />
Eu iria preocupar-me menos em ser firme constantemente,<br />
e mais em afirmar o meu amor constantemente; Eu<br />
construiria a autoestima primeiro, e a casa <strong>de</strong>pois ; Eu<br />
ensinaria mais sobre o po<strong>de</strong>r do amor, e menos sobre o<br />
amor ao po<strong>de</strong>r.<br />
Adaptação do poema “If I Had my Child to Raise<br />
Over Again” <strong>de</strong> Diane Loomans.<br />
Bom proveito e até para a semana!<br />
TORONTO<br />
Apontamentos culturais<br />
DRA. ILDA JANUÁRIO<br />
ilda.januario@gmail.com<br />
Apalavra “apontamentos” é talvez a<br />
mais mal utilizada na língua portuguesa<br />
falada no Canadá anglófono.<br />
Nunca <strong>de</strong>ve ser usada para <strong>de</strong>signar consulta<br />
médica, encontro, marcação <strong>de</strong> vez, etc..<br />
Apontamento, segundo o dicionário, quer<br />
dizer: nota, <strong>de</strong>claração, lembrança ou plano.<br />
Normalmente usa-se no sentido <strong>de</strong> notas (ex.<br />
tirar apontamentos), escritos ou audiovisuais.<br />
É nesse sentido que escrevo este artigo.<br />
Vários foram os acontecimentos culturais a que assisti e<br />
que <strong>de</strong>cidi noticiar. A cultura interessa-me em todas as suas<br />
vertentes, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a literária à religiosa popular, passando<br />
pela associativa. Passo a enumerar algumas <strong>de</strong>ssas ricas<br />
manifestações culturais a que assisti este mês, sem me<br />
coibir <strong>de</strong> dar uma opinião.<br />
18 <strong>de</strong> outubro: Abertura da 29a Semana Cultural da<br />
Casa do Alentejo (CAT) com o lançamento da revista<br />
ALENTEJO… TEMPO PARA SER FELIZ, com a participação<br />
<strong>de</strong> 47 colaboradores, que contribuíram com artigos.<br />
Seguiu-se uma atuação do grupo que muito aprecio,<br />
Melodias <strong>de</strong> Sempre. A 22 <strong>de</strong> outubro, houve espetáculo na<br />
CAT, <strong>de</strong> longa duração, com 11 grupos folclóricos; apenas<br />
assisti aos últimos, dado o dia soberbo fora <strong>de</strong> portas nesse<br />
domingo magnífico, que nos impelia para a rua, parque ou<br />
quintal.<br />
26 <strong>de</strong> outubro: Lançamento <strong>de</strong> mais um livro da escritora<br />
bilingue e poeta Irene Marques, intitulado THE PER-<br />
FECT UNRAVELLING OF THE SPIRIT, no Centro <strong>de</strong><br />
Literatura Comparada da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Toronto. Irene<br />
foi apresentada pelo diretor do Centro, Neil Tem Kortenaar,<br />
<strong>de</strong> etnia holan<strong>de</strong>sa. Este foi sem dúvida o lançamento mais<br />
minimalista a que assisti, que resultou bem, afinal, graças à<br />
participação da diminuta mas interessada audiência.<br />
Acabou por se falar muito <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> poética e cultural.<br />
Parabéns Irene!<br />
Logo a seguir, já o sol se punha <strong>de</strong>slumbrante no horizonte<br />
da Avenida St. Clair West, foi a vez <strong>de</strong> assistir à cerimónia<br />
<strong>de</strong> abertura oficial das novas instalações do Abrigo<br />
Centre, agora sito na 1645 da Rua Dufferin. Com a presença<br />
<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 150 pessoas, o diretor Ed Graça, levou a<br />
cabo a cerimónia em que salientou a presença <strong>de</strong> pessoas<br />
chave na inauguração. Entre elas: o <strong>de</strong>putado provincial do<br />
círculo eleitoral Jonah Schein; Albino e Nelson Henriques<br />
da Nelbi Construction, pai e filho que tiveram a cargo a<br />
remo<strong>de</strong>lação das instalações com gran<strong>de</strong> empenho e generosida<strong>de</strong>;<br />
a advogada Margarida Pacheco e o médico<br />
Tomás Ferreira, dois membros presentes dos 15 que formaram<br />
a primeira Direção, assim como o Grupo Vida e<br />
Esperança, constituído por seniores, que animaram o evento<br />
com danças. Respirava-se bem-estar e animação e cortou-se<br />
o bolo celebratório, oferta da Jack’s Bakery.<br />
27 <strong>de</strong> outubro: voltámos à Casa do Alentejo para escutar<br />
a palestra <strong>de</strong> Maria da Conceição Lopes, arqueóloga da<br />
Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra, que <strong>de</strong>u uma interessante visão<br />
<strong>de</strong> conjunto da história e das escavações arqueológicas da<br />
área alentejana, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>stacam as cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Beja e <strong>de</strong><br />
Évora. A arqueóloga, através da sua PowerPoint, e com<br />
simpatia e clareza, conseguiu tornar acessível uma disciplina<br />
que po<strong>de</strong> ser árida. A perita foi apresentada por<br />
Manuela Marujo e Armando Viegas. A seguir ao jantar,<br />
houve a apresentação <strong>de</strong> Operação Triunfo, pelos jograis do<br />
Grupo <strong>de</strong> Teatro “O Projecto” da CAT. O grupo tem potencial,<br />
assim queira o encenador Sérgio Dias, continuar a<br />
polir esta vertente.<br />
28 <strong>de</strong> outubro: presença do escritor José Luís Peixoto<br />
no Studio Theatre da Habourfront, no âmbito do IFOA<br />
(International Festival of Authors), sendo o quarto escritor<br />
português a comparecer e o sexto convidado. Ao lado do<br />
italiano Fabio Geda, o francês Hubert Haddad, e a alemã<br />
Nora Gomringer, José Luís brilhou pela leitura que fez <strong>de</strong><br />
um trecho do seu traduzido Cemitério <strong>de</strong> Pianos (The Piano<br />
Cemetary) e pelas respostas dadas ao mo<strong>de</strong>rador da sessão,<br />
o escritor Charlie Foran.<br />
Finalmente, 29 <strong>de</strong> outubro, foi o último dia do nosso<br />
encantamento literário: o escritor José Luís Peixoto veio,<br />
novamente pela mão da coor<strong>de</strong>nadora do ensino <strong>de</strong><br />
Português do Instituto Camões, Ana Paula Ribeiro, fazer<br />
mais uma sessão extraordinária, como já tinha sido o caso<br />
em 2009. Simultaneamente simples e profundo, José Luís,<br />
veio apresentar as suas duas últimas obras publicadas <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
essa data: O LIVRO, que fala da imigração para França,<br />
experiência vivida por sua família, e ABRAÇO, com fortes<br />
referências autobiográficas.<br />
Gostei <strong>de</strong> ter assistido e registado o primeiro encontro<br />
<strong>de</strong>le com a nossa Irene Marques, dois escritores que precisavam<br />
<strong>de</strong> se encontrar. Na sua breve visita a Toronto,<br />
muito do tempo <strong>de</strong> José Luís foi monopolizado pelo<br />
Festival <strong>de</strong> Autores mas teve a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contemplar,<br />
do alto do 22o andar do Westin Hotel, magníficos nascer do<br />
sol sobre o Lago Ontário, como me contou. <strong>De</strong>sta vez<br />
gostámos ainda mais <strong>de</strong> o partilhar com o “mainstream”<br />
canadiano, em vez <strong>de</strong> o guardarmos só para nós, já que<br />
somos poucos, afinal, os interessados pela palavra escrita<br />
nesta gran<strong>de</strong> comunida<strong>de</strong> luso-canadiana.