Letras Digitais: 30 anos de teses e dissertações
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fragmenta-se.<br />
0 que ocorre e que Deus esta no cora9ao dos homens e nao<br />
suspenso em suas maos. Mas como aceitar esta imersao <strong>de</strong> Deus no homem<br />
como algo estranho a todos? Como i<strong>de</strong>ntificar a disposi9ao religiosa ou<br />
divinizadora em outras disposi90es em que se acha com precisao a <strong>de</strong> poetizar?<br />
Diante disso, a frase <strong>de</strong> Novalis, dita anteriormente<br />
por paz, po<strong>de</strong> ser alterada<br />
para: "Quando 0 cora9ao se sente a si mesmo ... entao nasce a poesia" (1991, p.<br />
171) e nenhuma <strong>de</strong>ssas poesias e pura. 0 que ocorre e que em todas elas<br />
aparecem os mesmos elementos.<br />
A n09ao do sublime se aSSOCIa<strong>de</strong> forma estreita a n09ao do<br />
numinoso e 0 mesmo acontece com 0 sentimento poetico e com 0 musicaL Diz<br />
Otto, citado por Paz, que a manifesta9ao do sentimento do sublime e posterior a<br />
manifesta9ao do sentimento do numinoso. A antigiiida<strong>de</strong> a que ele se refere e<br />
que do sagrado <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>m 0 sublime e 0 poetico. No sublime ha sempre a<br />
apari9ao <strong>de</strong> um temor que <strong>de</strong>nuncia a presen9a do diferente e do<br />
incomensuravel, do misterio. Po<strong>de</strong>-se dizer tudo isso do amor. E da natureza do<br />
amor ser sempre misterio; todo amor e revela9ao,-provoca tremor e dor ao<br />
mesmo tempo e, faz com que palavras misticas saiam das bocas num gesto <strong>de</strong><br />
magia. Na cria9ao poetica nao e diferente: ausencia e presen9a, silencio e<br />
palavra, vazio e plenitu<strong>de</strong> sao estados poeticos tanto quanta religiosos e<br />
amorosos. as elementos racionais e irracionais processam-se em todos eles ao<br />
mesmo tempo, sem que sejam separados,<br />
a nao ser por uma purifica9ao ou<br />
interpreta9aO posterior. Sobre isso e licito dizer que 0 sagrado nao constitui uma<br />
categoria a priori, irredutivel e original da qual vem as outras. Toda vez que se<br />
tenta atingi-Ias, chega-se a conclusao<br />
que aquilo que parecia distingui-Ia, nao<br />
constitui ser uma diferen9a. Logo acha-se presente em outras experiencias.<br />
Nenhuma experiencia e pura; 0 que ocorre e que em todas elas aparecem os<br />
mesmos elementos.<br />
Segundo Paz, 0 homem e um ser que se assombra, cada<br />
assombro e possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>scoberta. E da natureza do homem<br />
assombrar-se. Ao assombrar-se, poetiza, ama, diviniza, cria outros mundos. a