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observador (mas também certamente ênfases internas à própria cultura) se possa deter<br />

possam ser chamados igualmente de cultura...” (1988: 123).<br />

Assim, sua proposta evoca a indispensabilidade analítica de material etnográfico<br />

antes de qualquer coisa. Mas refere-se ao postulado de que a cultura das classes<br />

trabalhadoras é “hierárquica e holista” em oposição à “ideologia individualista” que<br />

“sustenta boa parte da dinâmica das sociedades ‘modernas’ (sobretudo nas<br />

‘substancializações dos aparelhos jurídico-políticos e da estrutura econômica).”<br />

Sustentando este argumento o autor descreve algumas repercussões desta<br />

proposta que seriam recorrentes em fontes etnográficas citadas. Aponta para a<br />

“preeminência explícita e direta do grupo, da coletividade, da comunidade sobre aquilo<br />

que valoramos como a individualidade” e também para a “explícita oposição aos valores<br />

da classe média, seja do ponto de vista do etnógrafo, seja do ponto de vista explícito dos<br />

grupos de classe trabalhadora em tal ou qual nódulo de seu discurso ou seu<br />

comportamento.”<br />

Sobre o processo de individualização que se argumenta incidir sobre os<br />

trabalhadores, seja por meio da ideia da “quebra dos laços tradicionais” ou da “invasão<br />

pelos meios de comunicação” ou ainda da “experiência do trabalho urbano e fabril” que<br />

os exporia a uma “vivência singularizante de um mercado de trabalho”, o autor propõe a<br />

atuação de “processos de seleção, reinterpretação e reinvenção que, em nome dos<br />

princípios culturais mais profundos da classe, ordenam o que, um tanto<br />

voluntaristicamente, se nomeia resistência” tendo em vista “insidiosos mecanismos de<br />

disciplinarização e da coerção quotidiana” (Duarte, 1988: 135-139).<br />

No que se refere à última qualificação “urbanas” das classes trabalhadoras,<br />

Duarte pondera que ela deve-se mais à afirmação de um processo de construção de<br />

identidade, peculiar aos trabalhadores envolvidos “pelo mundo<br />

mercantilizado/segmentado urbano”, do que a oposições substancialistas, tanto<br />

sociológicas quanto culturalistas, relativas ao rural e urbano. A ênfase da negação não<br />

está, como ele diz, “no ‘substrato sociológico’ (camponeses, moradores, colono,<br />

meeiros, parceiros, farmers, assalariados rurais etc.)”, mas no distanciamento de “todo<br />

um modo de vida ‘rural’”, mais do que simplesmente de suas “condições de trabalho”<br />

(Duarte, 1988: 127-128).

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