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Sinal Verde - Senac

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semiáridas e tem se intensificado<br />

em razão<br />

“dos danos ambientais<br />

e da total desproteção<br />

do São Francisco e de<br />

sua nascente, além do<br />

descontrole no uso da<br />

água na irrigação”. Ele<br />

critica o que chama de<br />

“indústria da seca e coronelismo”,<br />

elementos<br />

que ainda resistem no<br />

Nordeste. “Sob novos<br />

nomes e programas, o<br />

que vemos é a continuação<br />

de um processo<br />

histórico com a perpetuação<br />

do sofrimento e<br />

da miséria em favor do<br />

lucro de alguns”, critica.<br />

Seguindo a mesma linha<br />

de raciocínio, o sociólogo<br />

Ruben Siqueira,<br />

da Comissão Pastoral<br />

da Terra na Bahia, observa<br />

que as obras de<br />

transposição do Rio<br />

São Francisco contribuem<br />

para agravar<br />

ainda mais o problema<br />

da seca no Nordeste.<br />

A crítica está no artigo<br />

“Obras da transposição<br />

agravam a seca”, em<br />

que denuncia que águas de açudes<br />

foram usadas na construção dos canais<br />

e agora faltam ao povo, aos animais<br />

e à lavoura. “Poços artesianos<br />

perfurados pelas empresas contribuem<br />

para baixar o nível das águas<br />

subterrâneas e das aguadas”, conta.<br />

Críticas à transposição<br />

A Marcha das Águas foi organizada<br />

por dezenas de entidades não governamentais,<br />

entre elas a Articulação<br />

Popular São Francisco Vivo.<br />

A entidade condena a proposta de<br />

transposição do rio, por considerá-<br />

-la danosa ao meio ambiente. Em<br />

seu lugar, prega sua revitalização,<br />

com respeito ao seu curso natural,<br />

ao meio ambiente e às comunidades<br />

ribeirinhas.<br />

Em 4 de outubro de 2011, dia dedicado<br />

a São Francisco e ao rio que<br />

recebe o nome do santo ecológico,<br />

a Articulação Popular, aliada a mais<br />

de 300 entidades da Bacia, lançou<br />

documento condenando o projeto.<br />

Entre outros aspectos, o texto<br />

denuncia que ”a obra sairá muito<br />

mais cara que o previsto, pois de<br />

5 bilhões iniciais já está reajustada<br />

em 6,8 bilhões, um aditivo de 1,8 bilhões,<br />

36% em média”. O documento<br />

diz ainda que o projeto não atenderá<br />

a população mais necessitada, antes<br />

aponta para o desmantelamento da<br />

produção agrícola local. E acrescenta<br />

que seu custo seria inviável, pois<br />

“o próprio governo reconhece que o<br />

metro cúbico valerá cerca de R$ 0,13<br />

(poderá ser ainda bem maior), seis<br />

vezes maior que às margens do São<br />

Francisco, onde muitos irrigantes estão<br />

inadimplentes por dívidas com<br />

os sistemas de água”.<br />

Além disso, prossegue o documento,<br />

o projeto impactará 50 comunidades<br />

quilombolas e nove povos<br />

indígenas, emperrando as demarcações<br />

de seus territórios e destruindo<br />

patrimônios; e destruirá o meio<br />

ambiente, desmatando grandes porções<br />

da caatinga. A obra, segundo<br />

as denúncias contidas no documento,<br />

“vai impactar ainda mais o Rio<br />

São Francisco e não vai levar água<br />

para os necessitados do Nordeste<br />

Setentrional”. A transposição – conclui<br />

a denúncia – será para o agro-hidronegócio<br />

e para polos industriais<br />

de Pecém (CE) e Suape.<br />

Os ambientalistas denunciam também<br />

que os projetos ligados à transposição<br />

foram aprovados sem suficiente detalhamento<br />

e ignoraram as condições<br />

climáticas e geológicas da região. A<br />

pressa teria resultado em canais rachados,<br />

desabamento de túneis,<br />

deslizamento de solo e infiltrações,<br />

comprometendo o meio ambiente.<br />

38<br />

<strong>Senac</strong> Ambiental

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