Sinal Verde - Senac
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animais a serem protegidos na área<br />
de segurança de 500 metros ao redor<br />
dos navios de sísmica.<br />
As distâncias de observação dos<br />
mamíferos do mar variam, dependendo<br />
das condições do oceano e<br />
de visibilidade, e podem chegar a<br />
até 16 quilômetros, de acordo com<br />
o estudo de Mariana. Muitas vezes,<br />
a avistagem se resume, na lente do<br />
binóculo, à visão do borrifo de água<br />
que caracteriza a expiração dos mamíferos<br />
do mar. Poucos são os casos<br />
em que eles são vistos pela primeira<br />
vez na zona de 500 metros ao redor<br />
das embarcações, onde a detecção<br />
de um cetáceo obriga, de acordo<br />
com a legislação ambiental, o desligamento<br />
imediato dos canhões de<br />
ar. “A média matemática das distâncias<br />
informadas pelos observadores<br />
foi de pouco mais de 2 quilômetros”,<br />
observa a oceanógrafa paranaense.<br />
Mas imprevistos também acontecem.<br />
Em outubro, em uma tarde<br />
nublada com vento e mar agitado,<br />
a 100 quilômetros da costa, na<br />
Bacia de Santos, a observadora e<br />
outros embarcados em um navio<br />
de sísmica foram surpreendidos<br />
pelo salto de uma baleia a 100<br />
metros da proa. “Só conseguimos<br />
identificar que era do gênero<br />
Balaenoptera sp. Não foi possível<br />
confirmar se da espécie sei ou fin”,<br />
conta Raquel. Os canhões de ar<br />
estavam recolhidos, pois a embarcação<br />
ainda seguia para a área de<br />
pesquisa. Bióloga, há quatro anos<br />
na observação de bordo, ela diz<br />
que a surpresa foi marcante. Uma<br />
Balaenoptera sp mede 20 metros e<br />
pesa de 45 a 50 toneladas.<br />
Atividade em alta<br />
Os requisitos para um bom MMO são<br />
apontados pela oceanógrafa Cláudia<br />
Bethlem, diretora executiva da<br />
Ecohub, que também treina observadores.<br />
“Um bom profissional embarcado<br />
deve somar competências<br />
técnicas a atitudes para um bom convívio<br />
a bordo, onde o ambiente é mais<br />
sensível, pois espaços profissionais e<br />
pessoais se misturam”, diz. Fatores<br />
como redução da privacidade e alterações<br />
dos períodos de sono podem<br />
ser fonte de estresse. Em empresas<br />
como a Ecohub, a demanda por consultoria<br />
ambiental e por treinamento<br />
para observação de bordo está aquecida<br />
pelo aumento da exploração de<br />
óleo e gás desde o anúncio, em 2007,<br />
das descobertas do pré-sal.<br />
Embora o monitoramento ambiental<br />
das sísmicas tenha avançado desde<br />
o fim dos anos 1990, há ainda mais a<br />
fazer em defesa dos mamíferos e outros<br />
animais marinhos. Uma das medidas<br />
esperadas por pesquisadores e<br />
ambientalistas é a obrigatoriedade do<br />
acompanhamento noturno – o chamado<br />
monitoramento acústico passivo<br />
(MAP), com uso de hidrofones e<br />
binóculos especiais. “O MAP já vem<br />
sendo exigido pelo Ibama em algumas<br />
situações, de forma experimental”, diz<br />
o coordenador de Petróleo e Gás do<br />
instituto, Cristiano Vilardo, prevendo<br />
que a universalização da vigilância<br />
noturna deverá ser adotada em médio<br />
prazo no país, vencidos desafios de<br />
tecnologia e capacitação.<br />
Outra frente de proteção e estudo das<br />
baleias e dos demais mamíferos marinhos<br />
é o fortalecimento de bancos<br />
de dados sobre os avistamentos nas<br />
sísmicas, com base nas informações<br />
fornecidas pelas empresas ao Ibama.<br />
Uma das iniciativas do gênero é o<br />
Sistema de Monitoramento de Mamíferos<br />
Marinhos (Simmam), da Universidade<br />
do Vale do Itajaí (Univali), que<br />
coleta dados de avistagens, capturas<br />
acidentais e encalhes. Outras ações<br />
associadas ao impacto das sísmicas<br />
vêm sendo desenvolvidas no país,<br />
como o Projeto Monitoramento de<br />
Baleias por Satélite (Projeto Baleias).<br />
Com apoio da Universidade Federal<br />
de Juiz de Fora e patrocínio de uma<br />
multinacional do ramo petroleiro, o<br />
projeto se dedica a mapear as rotas<br />
da jubarte na costa brasileira.<br />
fotos: Ecohub<br />
Raquel Moreira,<br />
observadora de bordo<br />
junho/dezembro 2012 47