R evista da APM Março de 2007 - Associação Paulista de Medicina
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Em 2003, foram feitas 753.304 internações<br />
por aci<strong>de</strong>ntes e violência nos<br />
hospitais públicos e conveniados ao<br />
Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (SUS). Como<br />
os recursos <strong>da</strong> saú<strong>de</strong> pública são escassos,<br />
um novo <strong>de</strong>bate foi aberto na<br />
Agência Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> sobre a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> se cobrar, dos planos <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong> suplementares, os gastos no atendimento<br />
<strong>de</strong> vítimas feitos pelo SUS,<br />
<strong>da</strong>queles pacientes que possuem um<br />
plano privado. Polêmica, a <strong>de</strong>cisão divi<strong>de</strong><br />
os médicos, mas surge como uma<br />
alternativa para ampliar a verba <strong>de</strong> hospitais<br />
públicos. “A violência é um fenômeno<br />
evitável. Essas vítimas, que até<br />
então não necessitavam <strong>de</strong> atendimento,<br />
acabam concorrendo, em termos <strong>de</strong><br />
custo para os hospitais, com os outros<br />
doentes”, alerta o médico e professor<br />
adjunto <strong>da</strong> Unifesp, Marcos Bosi Ferraz,<br />
diretor do Centro <strong>Paulista</strong> <strong>de</strong> Economia<br />
<strong>da</strong> Saú<strong>de</strong>.<br />
A oferta <strong>de</strong> camas <strong>de</strong> UTI é precária em todo o país<br />
Cerca <strong>de</strong> 185 milhões <strong>de</strong> pessoas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m do atendimento do SUS<br />
Por enquanto, nem o Hospital <strong>da</strong>s<br />
Clínicas, nem o Hospital São Paulo, que<br />
são referência no atendimento à saú<strong>de</strong><br />
do País, repassam essa cobrança às operadoras<br />
priva<strong>da</strong>s. Ou seja, ain<strong>da</strong> que o<br />
paciente tenha um plano <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, se<br />
for encaminhado a esses hospitais,<br />
receberá atendimento pelo SUS. “É<br />
uma discussão complexa, porque envolve<br />
o <strong>de</strong>bate sobre os princípios do<br />
sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública no Brasil. Os<br />
planos privados po<strong>de</strong>m alegar: mas <strong>de</strong><br />
quem é a culpa pela violência? Não é<br />
do Estado, que negligencia a segurança<br />
pública?”, questiona Ferraz. Menos <strong>de</strong><br />
um quarto <strong>da</strong> população tem saú<strong>de</strong> priva<strong>da</strong>:<br />
36 milhões <strong>de</strong> pessoas, enquanto<br />
outras 185 milhões <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m do atendimento<br />
público.<br />
Outro ponto em aberto diz respeito<br />
à Constituição, que garante a saú<strong>de</strong><br />
universal a todos os brasileiros. Em<br />
outras palavras, todos pagam para<br />
manter a saú<strong>de</strong> pública do País, com<br />
impostos. Dessa forma, há quem não<br />
veja lógica em pedir ressarcimento <strong>da</strong>s<br />
operadoras <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> suplementar,<br />
ain<strong>da</strong> que isso traga recursos para<br />
aten<strong>de</strong>r mais pacientes. �<br />
R<strong>evista</strong> <strong>da</strong> <strong>APM</strong> <strong>Março</strong> <strong>de</strong> <strong>2007</strong><br />
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