Artigo do Mês - Ano IV - Nº 45 â Dezembro de 2005 - Ubiratan Iorio
Artigo do Mês - Ano IV - Nº 45 â Dezembro de 2005 - Ubiratan Iorio
Artigo do Mês - Ano IV - Nº 45 â Dezembro de 2005 - Ubiratan Iorio
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Deixar sempre para amanhã... Para que fazer as<br />
reformas no Esta<strong>do</strong> e nas instituições, tão profundas<br />
quanto necessárias para que nossas vidas possam<br />
melhorar, para que <strong>de</strong>ixemos <strong>de</strong> puxar a carroça lotada <strong>de</strong><br />
gastos públicos <strong>de</strong>snecessários, supérfluos e, muitas vezes,<br />
criminosos? É mais cômo<strong>do</strong> e politicamente mais palatável<br />
irmos aumentan<strong>do</strong> um impostozinho cá, outro acolá,<br />
baixan<strong>do</strong> uma medida provisória aqui, outra ali, fazen<strong>do</strong> um<br />
ajustezinho algures, outro alhures... e assim, chegarmos,<br />
na estrada <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e da dignida<strong>de</strong> humana, a<br />
nenhures. “Deixar para amanhã”, se algumas vezes po<strong>de</strong><br />
ser um ato indicativo <strong>de</strong> prudência, comedimento ou<br />
prudência, quan<strong>do</strong> se torna uma ação permanente,<br />
transforma-se no lema <strong>do</strong>s venci<strong>do</strong>s...<br />
Tais consi<strong>de</strong>rações vieram-me à mente a propósito da<br />
quizília que vem envolven<strong>do</strong> a ministra/economista/cigarra<br />
Dilma Rousseff e o ministro/médico/formiga Antonio<br />
Palocci, a primeira queren<strong>do</strong> aumentar (e, efetivamente,<br />
aumentan<strong>do</strong>, como o fez acintosamente há dias) gastos<br />
públicos e o segun<strong>do</strong> tentan<strong>do</strong> contê-los. A querela, a esta<br />
altura <strong>do</strong> campeonato, nos remete a um passa<strong>do</strong> <strong>de</strong> erros,<br />
nos traz <strong>de</strong> volta a um presente que mostra que os mesmos<br />
não foram absorvi<strong>do</strong>s e nos envia a um futuro <strong>de</strong> mais<br />
problemas, to<strong>do</strong>s facilmente previsíveis.<br />
Esta discussão mais <strong>do</strong> que inoportuna – uma<br />
autêntica parlenga – ressuscitada pelos<br />
“<strong>de</strong>senvolvimentistas” com antolhos é antiga. Em agosto <strong>de</strong><br />
1979, o presi<strong>de</strong>nte Figueire<strong>do</strong> trocou Mário Henrique<br />
Simonsen que, à evidência <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is choques <strong>do</strong> petróleo e<br />
<strong>do</strong> choque da taxa <strong>de</strong> juros norte-americana, percebeu que<br />
nossa economia precisava <strong>de</strong> um forte ajuste fiscal, por<br />
Delfim Netto que, então na pasta da Agricultura e visan<strong>do</strong> o<br />
coman<strong>do</strong> da Economia, com o apoio da FIESP, prometeu<br />
que, “<strong>de</strong>senvolvimentista” como era, a economia brasileira<br />
voltaria a crescer. Deu no que <strong>de</strong>u... poucos meses <strong>de</strong><br />
euforia, no primeiro semestre <strong>de</strong> 1980, segui<strong>do</strong>s <strong>de</strong> uma<br />
formidável ressaca, que nos levou a <strong>do</strong>is fun<strong>do</strong>s, o <strong>do</strong> poço<br />
e o FMI.<br />
<strong>Ano</strong>s <strong>de</strong>pois, em agosto <strong>de</strong> 1985, Sarney <strong>de</strong>mitiu<br />
Dornelles da pasta da Fazenda e o substituiu por uma dupla