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32<br />
Alves LFA, Kac MJ, Bisol T, Fernan<strong>de</strong>s BF, Eskenazi DT<br />
Figura 6: Exame <strong>de</strong><br />
biomicroscopia<br />
<strong>de</strong>monstrando<br />
s<strong>in</strong>équias anteriores<br />
Figura 7: Exemplo <strong>de</strong> um recipiente a<strong>de</strong>quado para realizar o preparo<br />
e diluição do <strong>de</strong>tergente enzimático<br />
fase <strong>in</strong>icial, o dano permanente a malha do trabeculado po<strong>de</strong><br />
levar a hipertensão ocular e glaucoma secundário (9) .<br />
Cl<strong>in</strong>icamente, é dificil diferenciar STSA <strong>de</strong> endoftalmite<br />
<strong>in</strong>fecciosa, embora existam alguns s<strong>in</strong>ais e s<strong>in</strong><strong>to</strong>mas que auxiliem<br />
o diagnóstico diferencial. A STSA limita-se ao segmen<strong>to</strong> anterior<br />
e tipicamente <strong>in</strong>icia-se 24h após a cirurgia enquan<strong>to</strong> casos<br />
<strong>de</strong> endoftalmite ocorrem 4 a 7 dias após, acometendo também a<br />
cavida<strong>de</strong> vítrea e polo posterior. A resposta favorável ao uso <strong>de</strong><br />
esteroi<strong>de</strong>s tópicos e/ou orais, associado ao e<strong>de</strong>ma difuso <strong>de</strong> córnea<br />
é específico o suficiente para o diagnóstico <strong>de</strong>f<strong>in</strong>itivo <strong>de</strong> STSA<br />
ou excluir uma etiologia <strong>in</strong>fecciosa.<br />
Envolvimen<strong>to</strong> vítreo é geralmente proem<strong>in</strong>ente em casos<br />
<strong>de</strong> endoftalmite <strong>in</strong>fecciosa. A dor é observada em 75% dos pacientes<br />
com endoftalmite, e outros s<strong>in</strong>ais <strong>de</strong> <strong>in</strong>fecção, tais como:<br />
e<strong>de</strong>ma palpebral e quemose conjuntival que po<strong>de</strong>m sugerir<br />
endoftalmite. Nesses casos a biópsia do vítreo com coloração<br />
Gram e cultura po<strong>de</strong>m ajudar o diagnóstico diferencial.<br />
O caso apresentado recebeu o diagnóstico <strong>de</strong> STSA e uma<br />
varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> substâncias foi avaliada como possível responsável<br />
pela <strong>to</strong>xicida<strong>de</strong>. Inúmeras substâncias po<strong>de</strong>m estar relacionadas<br />
à STSA: soluções <strong>de</strong> irrigação <strong>de</strong> composição química, pH, ou<br />
osmolarida<strong>de</strong> <strong>in</strong>compatíveis com os tecidos oculares, medicamen<strong>to</strong>s<br />
que contenham conservantes tóxicos (ep<strong>in</strong>efr<strong>in</strong>a, lidocaína e<br />
antibióticos), o uso <strong>in</strong>a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> <strong>de</strong>tergentes na esterilização<br />
dos materiais cirúrgicos e mal uso <strong>de</strong> au<strong>to</strong>clave que liberem impurezas<br />
ou resíduos tóxicos (cobre, z<strong>in</strong>co, níquel e sílica) (9,10) .<br />
A STSA é um problema para os cirurgiões oftalmológicos, especialmente<br />
porque envolve uma equipe multidiscipl<strong>in</strong>ar (enfermeiras,<br />
técnicos, resi<strong>de</strong>ntes, médicos e farmacêuticos) e muitas vezes, <strong>to</strong>rna-se<br />
difícil i<strong>de</strong>ntificar o agente causador da síndrome tóxica.<br />
Uma possível causa <strong>de</strong> STSA está relacionada a conservantes<br />
ou preservativos utilizados em medicamen<strong>to</strong> <strong>de</strong> uso tópico ou<br />
<strong>in</strong>traocular. Liu et al. (7) <strong>de</strong>screveram uma série <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> STSA<br />
após uso <strong>in</strong>advertido <strong>de</strong> creme para limpeza ocular externa contendo<br />
clore<strong>to</strong> <strong>de</strong> benzalconio 0.01%. A maioria dos casos avaliados<br />
permaneceram com e<strong>de</strong>ma corneano e acuida<strong>de</strong> visual <strong>de</strong> conta<br />
<strong>de</strong>dos, sendo necessário a realização <strong>de</strong> transplante <strong>de</strong> córnea (7) .<br />
Estudo realizado em células endoteliais <strong>de</strong> coelhos <strong>de</strong>monstrou concentração<br />
máxima <strong>de</strong> 0,0001% <strong>de</strong> clore<strong>to</strong> <strong>de</strong> benzalcônio que não<br />
produz lesão estrutural nas células da córnea (11) .<br />
Outra substância <strong>de</strong>scrita como capaz <strong>de</strong> causar a lesão<br />
endotelial, e<strong>de</strong>ma e opacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> córnea são os anestésicos <strong>de</strong><br />
uso <strong>in</strong>tracamerular. Kadonosono et al. (12) relatam casos <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>scompensação corneana após o uso <strong>de</strong> lidocaína 2.0% e<br />
bupivacaína 0.5% sem conservantes. Em outro estudo realizado<br />
(13,14) , foi comparada a concentração e tipo <strong>de</strong> anestésico mais<br />
seguro para uso na cirurgia <strong>de</strong> catarata (facoemulsificação) i<strong>de</strong>ntificando-se<br />
a lidocaína 1%, sem conservante, como a droga mais<br />
segura para esse propósi<strong>to</strong>.<br />
A reutilização <strong>de</strong> cânulas contendo resíduos <strong>de</strong><br />
viscoelástico, <strong>de</strong>vido à falta <strong>de</strong> uma a<strong>de</strong>quada irrigação e limpeza<br />
foi relacionada ao surgimen<strong>to</strong> <strong>de</strong> <strong>in</strong>flamação tóxica. Kim (15) <strong>de</strong>monstrou<br />
que durante a esterilização do material as proteínas<br />
<strong>de</strong>snaturadas do viscoelástico, quando <strong>in</strong>troduzidas no olho po<strong>de</strong>m<br />
<strong>de</strong>senvolver <strong>in</strong>flamação.<br />
A utilização <strong>de</strong> antibiótico profilático ao térm<strong>in</strong>o das cirurgias<br />
também po<strong>de</strong> ser responsável por reações <strong>de</strong> <strong>to</strong>xicida<strong>de</strong>,<br />
sendo mais frequente quando <strong>in</strong>jetado ou irrigado em solução<br />
na câmara anterior. Estudos <strong>de</strong>monstram preocupação com reação<br />
tóxica pela gentamic<strong>in</strong>a e vancomic<strong>in</strong>a <strong>in</strong>tracamerular ou<br />
também <strong>in</strong>jetados subconjuntival, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver resistência<br />
antibiótica (16) . Kramann et al. (17) fizeram um estudo sobre a<br />
profilaxia da endoftalmite com uso <strong>de</strong> cefotaxime <strong>in</strong>tracamerular,<br />
não apresentando <strong>to</strong>xicida<strong>de</strong> significativa sobre o endotélio<br />
corneano após três meses <strong>de</strong> cirurgia. Em conclusão, esse estudo<br />
<strong>de</strong>monstrou que o risco <strong>de</strong> <strong>to</strong>xicida<strong>de</strong> e as taxas existentes <strong>de</strong><br />
complicações <strong>in</strong>fecciosas não <strong>in</strong>dicam rot<strong>in</strong>eiramente o uso <strong>de</strong><br />
antibióticos profiláticos.<br />
Em 2002, três cirurgiões <strong>de</strong> um mesmo centro (18) tiveram<br />
casos <strong>de</strong> STSA relacionados à qualida<strong>de</strong> da água e do vapor<br />
elim<strong>in</strong>ado pela au<strong>to</strong>clave durante a esterilização. Após análise<br />
<strong>de</strong> amostras foram i<strong>de</strong>ntificados al<strong>to</strong>s níveis <strong>de</strong> sulfa<strong>to</strong>, cobre,<br />
z<strong>in</strong>co e níquel na água.<br />
F<strong>in</strong>almente, após a <strong>in</strong>vestigação <strong>de</strong> possíveis substâncias<br />
tóxicas relacionadas ao caso citado, chegamos a conclusão <strong>de</strong><br />
tratar-se <strong>de</strong> uso <strong>in</strong>a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> <strong>de</strong>tergente enzimático, substância<br />
química tóxica utilizada para a limpeza e remoção <strong>de</strong> resíduos<br />
<strong>de</strong> material orgânico. O <strong>de</strong>tergente enzimático <strong>de</strong>ixado no <strong>in</strong>terior<br />
<strong>de</strong> cânulas ou mesmo na superfície <strong>de</strong> material reutilizado<br />
po<strong>de</strong> penetrar no olho levando a <strong>in</strong>tensa reação <strong>in</strong>flamatória. As<br />
enzimas e outros <strong>in</strong>gredientes ativos presentes nos <strong>de</strong>tergentes<br />
só po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>sativados a uma temperatura superior a 140°C,<br />
entretan<strong>to</strong> a maioria das au<strong>to</strong>claves at<strong>in</strong>ge temperatura máxima<br />
<strong>de</strong> 120°C (9) . A única forma segura para remover resíduos <strong>de</strong><br />
Rev Bras Oftalmol. 2013; 72 (1): 29-33