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6<br />

Kara-Junior N<br />

dúvidas da prática diária; e 2- apren<strong>de</strong>r a avaliar criticamente artigos científicos (5) .<br />

Embora revistas com elevado “fa<strong>to</strong>r <strong>de</strong> impac<strong>to</strong>” submetam os estudos recebidos ao crivo <strong>de</strong> competentes<br />

revisores (revisão por pares), a<strong>in</strong>da assim, não há garantia <strong>de</strong> que <strong>to</strong>dos os artigos nela publicados sejam <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

a<strong>de</strong>quada, da mesma forma como é possível existir bons estudos publicados em revistas <strong>de</strong> baixo “fa<strong>to</strong>r <strong>de</strong> impac<strong>to</strong>”.<br />

Neste sentido, faz-se necessário um conhecimen<strong>to</strong> mínimo por parte do lei<strong>to</strong>r para avaliar criticamente um<br />

artigo científico, a fim <strong>de</strong> evitar basear sua prática clínica em <strong>in</strong>formações que possam não representar uma verda<strong>de</strong><br />

científica (6,7) .<br />

É importante consi<strong>de</strong>rar também que as publicações nem sempre expressam a verda<strong>de</strong> científica. Existem<br />

níveis <strong>de</strong> valores <strong>de</strong> estudos. Por exemplo, um trabalho retrospectivo é menos confiável do que um ensaio clínico<br />

randomizado, que, por sua vez, apresenta um valor científico menor do que uma metanálise, que é o tipo <strong>de</strong> publicação<br />

que mais se aproxima da verda<strong>de</strong> científica daquele momen<strong>to</strong>.<br />

Somente na base <strong>de</strong> dados MEDLINE, são adicionados cerca <strong>de</strong> 700.000 novos artigos por ano. É este excesso<br />

<strong>de</strong> <strong>in</strong>formação que muitas vezes estimula jovens médicos a não só se subespecializar, mas se superespecializar,<br />

restr<strong>in</strong>g<strong>in</strong>do <strong>de</strong>masiadamente sua área <strong>de</strong> atuação e focando seu conhecimen<strong>to</strong> em doenças ou procedimen<strong>to</strong>s específicos.<br />

Porém, esta opção também traz consequências negativas, como a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r um problema<br />

clínico em relação ao ser humano como um <strong>to</strong>do e a valorização excessiva <strong>de</strong> problemas pouco significantes. Esta<br />

valorização excessiva, <strong>in</strong>clusive, aumenta o cus<strong>to</strong> da medic<strong>in</strong>a, além <strong>de</strong> comprometer a prática <strong>in</strong>dividual do profissional,<br />

o qual necessariamente teria <strong>de</strong> fazer parte <strong>de</strong> um grupo multiespecializado ou <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da <strong>in</strong>dicação <strong>de</strong><br />

colegas. Espaço para este tipo <strong>de</strong> profissional existe, porém é limitado e <strong>in</strong>stável. Por exemplo, um superespecialista<br />

em cirurgia <strong>de</strong> catarata por facoemulsificação há 15 anos, certamente era mui<strong>to</strong> melhor remunerado do que atualmente.<br />

E será que daqui a 15 anos a<strong>in</strong>da haverá cirurgia por facoemulsificação?<br />

Acreditamos que a opção profissional mais equilibrada e segura seja a <strong>de</strong> exercer a Oftalmologia geral, acrescida<br />

da subespecialização em uma <strong>de</strong>term<strong>in</strong>ada área. Após a formação, o conhecimen<strong>to</strong> geral po<strong>de</strong> ser reciclado em<br />

livros e congressos, e o conhecimen<strong>to</strong> da subespecialida<strong>de</strong> predom<strong>in</strong>antemente por meio da literatura científica. O<br />

<strong>de</strong>safio, neste caso, será como reconhecer, em meio a tan<strong>to</strong>s artigos publicados, a <strong>in</strong>formação confiável, que po<strong>de</strong> ser<br />

transferida para a prática diária.<br />

I<strong>de</strong>almente, <strong>de</strong>veria partir da própria comunida<strong>de</strong> médica o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> participar <strong>de</strong> tre<strong>in</strong>amen<strong>to</strong>s em análise<br />

crítica da literatura. Havendo esta <strong>de</strong>manda, provavelmente os even<strong>to</strong>s científicos <strong>in</strong>corporarão estes assun<strong>to</strong>s em<br />

sua programação. Este tre<strong>in</strong>amen<strong>to</strong> capacita o lei<strong>to</strong>r a reconhecer os <strong>de</strong>senhos <strong>de</strong> estudos mais confiáveis e a i<strong>de</strong>ntificar<br />

falhas me<strong>to</strong>dológicas que possam <strong>in</strong>fluenciar os resultados e conclusões dos estudos (vieses). Uma das partes<br />

mais importante da publicação é a <strong>de</strong>scrição da me<strong>to</strong>dologia, empregada para obtenção dos dados. É neste item que<br />

se <strong>de</strong>ve atentar para questões, tais como: a) <strong>de</strong> que maneira a amostra foi formada (i<strong>de</strong>ntificar possível viés <strong>de</strong><br />

seleção); b) exposição a outros fa<strong>to</strong>res além da <strong>in</strong>tervenção <strong>de</strong> <strong>in</strong>teresse (i<strong>de</strong>ntificar possível viés <strong>de</strong> condução); c)<br />

perdas ou exclusões <strong>de</strong> <strong>in</strong>divíduos <strong>in</strong>cluídos no estudo (i<strong>de</strong>ntificar possível viés <strong>de</strong> seguimen<strong>to</strong>) ou <strong>de</strong> como o <strong>de</strong>sfecho<br />

é diagnosticado (i<strong>de</strong>ntificar possível viés <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção). Assim, não é confiável valorizar somente o resumo ou a<br />

conclusão do artigo, sem que seja verificado se a me<strong>to</strong>dologia está a<strong>de</strong>quada (8) .<br />

Em 2003, houve um divisor <strong>de</strong> águas na história da Revista <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Oftalmologia. Por <strong>in</strong>iciativa do então edi<strong>to</strong>r<br />

dr. Paulo Augus<strong>to</strong> <strong>de</strong> Arruda Mello, foi <strong>in</strong>stituída a revisão por pares dos artigos submetidos. Esta medida foi fundamental<br />

para que a qualida<strong>de</strong> dos artigos publicados na Revista <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Oftalmologia fosse mais apurada, <strong>de</strong> forma que os<br />

lei<strong>to</strong>res pu<strong>de</strong>ssem acessar um conhecimen<strong>to</strong> científico previamente avaliado e aprovado por especialistas no assun<strong>to</strong>.<br />

Desta forma, ficava a<strong>in</strong>da mais evi<strong>de</strong>nte o comprometimen<strong>to</strong> da Revista com a qualida<strong>de</strong> da <strong>in</strong>formação<br />

nela veiculada (9,10) .<br />

Atualmente, a Revista <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Oftalmologia é <strong>in</strong><strong>de</strong>xada nas bases <strong>de</strong> dados Scopus ® , ISI Web of Knowledge ®<br />

(Thomson Reuters ® ), SciELO e LILACS. Em 2009 a Revista recebeu seu primeiro Fa<strong>to</strong>r <strong>de</strong> Impac<strong>to</strong> (Impact Fac<strong>to</strong>r<br />

of the Journal of Citation Reports - ISI_Thomson). A <strong>in</strong><strong>de</strong>xação e o Fa<strong>to</strong>r <strong>de</strong> Impac<strong>to</strong> permitiram a exposição <strong>in</strong>ternacional<br />

da Revista, atra<strong>in</strong>do au<strong>to</strong>res <strong>in</strong>ternacionais e estimulando au<strong>to</strong>res nacionais a publicar artigos <strong>de</strong> ótima qualida<strong>de</strong>.<br />

Foi uma vitória da Oftalmologia brasileira, que, agora, dispunha <strong>de</strong> mais um periódico científico <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

circulação e com melhor qualida<strong>de</strong> científica (11) .<br />

Periódicos <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>, avaliados pelos padrões <strong>de</strong> mensuração <strong>in</strong>ternacional e disponíveis em bases <strong>de</strong><br />

dados eletrônicas, são importantes para a soberania científica nacional. É a garantia <strong>de</strong> que estudos importantes <strong>de</strong><br />

pesquisadores nacionais serão publicados e revelados ao mundo científico, sem que haja <strong>in</strong>terferência <strong>de</strong> <strong>in</strong>teresses<br />

corporativistas estrangeiros. Só assim, po<strong>de</strong>-se assegurar o reconhecimen<strong>to</strong> <strong>in</strong>ternacional <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobertas científicas<br />

brasileiras. Neste sentido, os dois periódicos científicos nacionais, os Arquivos Brasileiros <strong>de</strong> Oftalmologia e a Revista<br />

<strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Oftalmologia, são fundamentais para garantir a divulgação, tan<strong>to</strong> <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong> nível <strong>in</strong>ternacional<br />

como <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong> importância regional, que revelam para a comunida<strong>de</strong> médica brasileira situações que dizem<br />

respei<strong>to</strong> à nossa realida<strong>de</strong> (6,7,12,13) .<br />

Rev Bras Oftalmol. 2013; 72 (1): 5-7

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