02.11.2014 Views

to download PDF in portuguese - Sociedade Brasileira de ...

to download PDF in portuguese - Sociedade Brasileira de ...

to download PDF in portuguese - Sociedade Brasileira de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

40<br />

Teles JG, Matayoshi S, Araf D, Ka<strong>to</strong> JM, Lima PP<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

A B C<br />

Figura 3: Amostra da pele palpebral; (A) a epi<strong>de</strong>rme mostra paraquera<strong>to</strong>se com formação <strong>de</strong> rolhas foliculares (seta) e atrofia; <strong>in</strong>filtrado<br />

l<strong>in</strong>focitário perivascular e perianexial são vis<strong>to</strong>s na <strong>de</strong>rme, além <strong>de</strong> teleangiectasias na <strong>de</strong>rme superior; Hema<strong>to</strong>xil<strong>in</strong>a e Eos<strong>in</strong>a (H.E) 200X; (B)<br />

<strong>de</strong>talhe da membrana basal espessada com <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> material PAS positivo (seta); PAS/Alcian Blue, 400X; (C) <strong>de</strong>pósi<strong>to</strong>s <strong>de</strong> muc<strong>in</strong>a através<br />

da <strong>de</strong>rme entre fios <strong>de</strong> colágeno (cor azul - seta branca), membrana basal espessada com <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> material PAS positivo (cor rosa-seta<br />

preta) PAS/Alcian Blue, 200X<br />

ant<strong>in</strong>uclear, antígeno nuclear extraível, anti-Ro/SSA e anti-La/<br />

SSB) foi negativa e o estudo imunohis<strong>to</strong>químico para pesquisa<br />

<strong>de</strong> CD 138 foi positivo.<br />

Concluiu-se, portan<strong>to</strong>, que a paciente era portadora <strong>de</strong><br />

lúpus eritema<strong>to</strong>so discói<strong>de</strong> em pálpebra <strong>in</strong>ferior do olho esquerdo<br />

e havia apresentado lesão lúpica semelhante na pálpebra superior<br />

do olho direi<strong>to</strong>. A lesão discói<strong>de</strong> palpebral melhorou nos<br />

quatro meses subsequentes com sulfa<strong>to</strong> <strong>de</strong> hidroxicloroqu<strong>in</strong>a oral<br />

(400 mg/dia por 12 semanas e 200 mg/dia por mais 8 semanas),<br />

corticói<strong>de</strong> tópico e proteção solar.<br />

DISCUSSÃO<br />

O caso apresentado evi<strong>de</strong>ncia a dificulda<strong>de</strong> no diagnóstico<br />

do lúpus eritema<strong>to</strong>so discói<strong>de</strong> na pálpebra. Embora consi<strong>de</strong>rado<br />

<strong>in</strong>icialmente um processo <strong>in</strong>flamatório crônico <strong>in</strong>conclusivo,<br />

foram realizadas sucessivas biópsias na tentativa <strong>de</strong> se encontrar<br />

<strong>in</strong>dícios <strong>de</strong> neoplasia, o que seria um diagnóstico importante<br />

caso fosse <strong>de</strong>tectado um carc<strong>in</strong>oma basocelular<br />

esclero<strong>de</strong>rmiforme (aspec<strong>to</strong> macroscópico). Então, diante <strong>de</strong> uma<br />

lesão migratória palpebral <strong>de</strong> características semelhantes à primeira,<br />

a hipótese clínica <strong>de</strong> LED foi aventada e o diagnóstico foi<br />

confirmado por meio dos achados his<strong>to</strong>pa<strong>to</strong>lógicos. A paciente<br />

não apresentava nenhuma lesão cutânea em outro sítio.<br />

O lúpus eritema<strong>to</strong>so discói<strong>de</strong> nas pálpebras foi <strong>de</strong>scri<strong>to</strong> pela<br />

primeira vez em 1875 por Kaposy e Hebra (6) , os quais afirmaram<br />

que as pálpebras po<strong>de</strong>riam ser um sítio primário <strong>de</strong> lesões<br />

típicas. Koga ci<strong>to</strong>u em seu artigo que o LED, apresentando-se<br />

como blefarite crônica, foi relatado pela primeira vez em uma<br />

revista oftalmológica em 1930 por Aubaret et al. (7) . Em 1989,<br />

Burge et al. (8) <strong>in</strong>formaram que lesões específicas nas pálpebras<br />

estavam presentes em 4 (6%) dos 69 pacientes com lúpus<br />

eritema<strong>to</strong>so cutâneo. Mais tar<strong>de</strong>, Cyran et al. (9) , revisando literatura<br />

em <strong>in</strong>glês, relataram 21 casos <strong>de</strong> LED envolvendo as pálpebras<br />

ou limitado a elas. A apresentação isolada nas pálpebras é<br />

<strong>in</strong>comum (2, 3, 10) , sendo o envolvimen<strong>to</strong> da pálpebra <strong>in</strong>ferior em<br />

<strong>to</strong>rno <strong>de</strong> 6% em pacientes com lúpus eritema<strong>to</strong>so cutâneo crônico<br />

(4, 5, 10, 11) .<br />

As lesões do LED comumente ocorrem em áreas expostas<br />

ao sol (2, 3, 10) e a apresentação típica da doença com<br />

envolvimen<strong>to</strong> ocular é eritema e e<strong>de</strong>ma simétrico do terço externo<br />

das pálpebras <strong>in</strong>feriores, que progri<strong>de</strong> para cicatrizes com<br />

perda permanente dos cílios (4, 10) . O LED localizado ocorre quando<br />

apenas a cabeça e o pescoço são afetados, enquan<strong>to</strong> a forma<br />

generalizada ocorre quando outras áreas são afetadas, <strong>in</strong><strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

do aparecimen<strong>to</strong> da doença na cabeça e pescoço<br />

(1, 4, 11) . Pacientes com envolvimen<strong>to</strong> generalizado frequentemente<br />

possuem anormalida<strong>de</strong>s sorológicas e hema<strong>to</strong>lógicas, são<br />

mais propensos a <strong>de</strong>senvolver lúpus eritema<strong>to</strong>so sistêmico (LES)<br />

e são mais difíceis <strong>de</strong> serem tratadas (11, 12) . LED é tipicamente<br />

uma condição cutânea crônica benigna, embora o LES possa se<br />

<strong>de</strong>senvolver em 2 a 20% <strong>de</strong>sses pacientes (3) .<br />

Quando o LED afeta primariamente as pálpebras o diagnóstico<br />

clínico <strong>to</strong>rna-se difícil. A duração entre o <strong>in</strong>ício dos<br />

s<strong>in</strong><strong>to</strong>mas e o diagnóstico corre<strong>to</strong> é na média <strong>de</strong> 2 a 3 anos (3) .<br />

Esta localização pouco frequente po<strong>de</strong> levar, portan<strong>to</strong>, a erros<br />

diagnósticos e ao tratamen<strong>to</strong> <strong>in</strong>a<strong>de</strong>quado (5) . Pacientes com<br />

esta apresentação provavelmente serão tratados como suposta<br />

blefarite crônica ou eczema (7) . Os diagnósticos diferenciais do<br />

LED palpebral <strong>in</strong>cluem blefarite crônica, <strong>de</strong>rmatite alérgica,<br />

sarcoidose, t<strong>in</strong>ea, vitiligo, acne rosácea, líquen plano, psoríase,<br />

penfigói<strong>de</strong> cicatricial (1, 3, 4, 11) , carc<strong>in</strong>oma basocelular, carc<strong>in</strong>oma<br />

<strong>de</strong> glândulas sebáceas e l<strong>in</strong>foma (4, 13) . O diagnóstico e tratamen<strong>to</strong><br />

precoce <strong>de</strong>sta condição po<strong>de</strong> prevenir complicações<br />

como cicatriz permanente, entrópio, ectrópio, s<strong>in</strong>équia,<br />

triquíase e disfunção visual (2, 3) . Os achados his<strong>to</strong>pa<strong>to</strong>lógicos<br />

<strong>de</strong> LED na pálpebra não são diferentes daqueles que envolvem<br />

outros sítios da pele (7) mostrando epi<strong>de</strong>rme <strong>de</strong> espessura<br />

irregular, com vascularização <strong>de</strong> camada basal, <strong>de</strong>rme com<br />

<strong>in</strong>filtração perivascular superficial e profunda com<br />

vasodilatação, e<strong>de</strong>ma e dissociação do colágeno (13) . As placas<br />

palpebrais no nosso caso eram his<strong>to</strong>pa<strong>to</strong>logicamente típicas<br />

<strong>de</strong> LED. A biópsia da pele e um exame m<strong>in</strong>ucioso<br />

<strong>de</strong>rma<strong>to</strong>lógico comple<strong>to</strong> <strong>de</strong> lesões semelhantes é importante,<br />

já que pacientes com LED sobre a pálpebra po<strong>de</strong>m apresentar<br />

eritema e/ou placas em outros locais, e alguns po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>senvolver<br />

LES. Embora aproximadamente 50% dos pacientes<br />

com LED apresentam um título <strong>de</strong> anticorpos<br />

ant<strong>in</strong>ucleares anormal, apenas 5% <strong>de</strong>senvolvem LES (4) .<br />

Assim, o LED <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado um diagnóstico diferencial<br />

pr<strong>in</strong>cipalmente em blefarites crônicas ou madaroses persistentes<br />

(4, 10, 11) . O tratamen<strong>to</strong> <strong>in</strong>clui a proteção contra os raios<br />

ultravioletas, os quais po<strong>de</strong>m precipitar e agravar lesões cutâneas<br />

ao <strong>in</strong>duzir apop<strong>to</strong>se das células epidérmicas, permitir a exposição<br />

<strong>de</strong> material antigênico na superfície dos querat<strong>in</strong>óci<strong>to</strong>s, <strong>in</strong>duzir<br />

processo <strong>in</strong>flamatório, propiciar a expressão dos antígenos<br />

Ro/SSA e facilitar a formação <strong>de</strong> complexos imunes <strong>in</strong> situ (14) .<br />

Em relação à medicação, é utilizado corticosterói<strong>de</strong> tópico ou<br />

<strong>in</strong>tralesional (2,10) , drogas antimaláricas e agentes<br />

Rev Bras Oftalmol. 2013; 72 (1): 38-41

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!