Sexualidade e desenvolvimento: a polÃtica brasileira de ... - Abia
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Achados da pesquisa 31 •<br />
DASPU não têm sido suficientes para cobrir as perdas <strong>de</strong> recursos sofridas pelo DAVIDA em anos<br />
recentes. Mas, sem dúvida, a iniciativa fez enorme sucesso político e promoveu o <strong>de</strong>bate espontâneo<br />
sobre prostituição no Brasil. Para mais informações, acesse: .<br />
4.1.1 Territórios do “mercado do sexo”<br />
No Brasil, a prostituição não é crime e tampouco é uma ativida<strong>de</strong> regulamentada pelo<br />
estado. Não existem “zonas” legalmente constituídas fora das quais uma pessoa não possa<br />
se prostituir. Qualquer lugar po<strong>de</strong> se tornar espaço <strong>de</strong> trabalho para um/a trabalhador/a<br />
sexual, mesmo bairros resi<strong>de</strong>nciais, apesar <strong>de</strong> que isto não seja propriamente aceito<br />
pelo público, <strong>de</strong> modo geral. Em Porto Alegre e no Rio <strong>de</strong> Janeiro, existem diversos<br />
territórios <strong>de</strong> prostituição feminina que têm permanecido mais ou menos estáveis ao<br />
longo da história <strong>de</strong>ssas cida<strong>de</strong>s.<br />
Em Porto Alegre, eles estão, por exemplo, na região norte da cida<strong>de</strong> (Avenida Assis<br />
Brasil), on<strong>de</strong> existem pontos reconhecidos <strong>de</strong> prostituição <strong>de</strong> rua e boates. No bairro<br />
Ipanema, situado na região sul, o mercado sexual se dá no calçadão do Rio Guaíba e na<br />
Avenida Oswaldo Cruz. Na região centro-leste, no bairro Cida<strong>de</strong> Baixa, existem boates<br />
e drink bares. No bairro Menino Deus, existem pontos tradicionais <strong>de</strong> prostituição <strong>de</strong><br />
travestis e <strong>de</strong> mulheres, e o Parque da Re<strong>de</strong>nção é conhecido como ponto <strong>de</strong> pegação<br />
gay e <strong>de</strong> HSH. Em vários <strong>de</strong>sses pontos, paga-se por um programa entre 10 e 50 reais.<br />
No centro da cida<strong>de</strong>, a prostituição <strong>de</strong> rua – on<strong>de</strong> circulam tanto mulheres quanto<br />
travestis – reduziu-se muito pelo impacto da “mo<strong>de</strong>rnização”. Hoje, os principais<br />
locais <strong>de</strong> prostituição feminina são privados, ou são espaços “públicos” fechados, boates<br />
ou drink bares que tanto po<strong>de</strong>m dispor <strong>de</strong> quartos anexos ou estar localizados perto<br />
<strong>de</strong> hotéis ou pousadas. Esses estabelecimentos concentram-se na Avenida Farrapos,<br />
on<strong>de</strong> há também “casas” ou “salas”. As “casas” são similares aos antigos bordéis, com<br />
salão, bar, sinuca, aparelhos <strong>de</strong> televisão e as mulheres que, em geral, são trabalhadoras<br />
fixas. Os acordos entre essas mulheres e as casas ten<strong>de</strong>m a beneficiar proprietários e<br />
proprietárias. Já as “salas” são pequenos escritórios espalhados por <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> prédios<br />
comerciais, on<strong>de</strong> trabalham entre uma e cinco mulheres (geralmente duas) que, em<br />
geral, são trabalhadoras autônomas que estabelecem pequenas socieda<strong>de</strong>s, ou pagam<br />
uma porcentagem <strong>de</strong> seu rendimento pelo uso do espaço. Em Porto Alegre, há dois<br />
prédios em que todas as unida<strong>de</strong>s estão ocupadas por serviços <strong>de</strong> prostituição feminina.<br />
Nesta área da cida<strong>de</strong>, um programa na prostituição <strong>de</strong> rua po<strong>de</strong> custar entre 20 e 60<br />
reais. Já nos lugares fechados, o preço varia entre 150 e 300 reais.<br />
No Rio <strong>de</strong> Janeiro, existem também vários territórios on<strong>de</strong> há prostituição, na<br />
rua e em espaços fechados. Ao longo da Praia <strong>de</strong> Copacabana, conhecida como “praia<br />
das putas”, existem vários pontos <strong>de</strong> turismo sexual, envolvendo tanto mulheres como