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Sexualidade e desenvolvimento: a política brasileira de ... - Abia

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52 • <strong>Sexualida<strong>de</strong></strong> e <strong><strong>de</strong>senvolvimento</strong>: a política <strong>brasileira</strong> <strong>de</strong> resposta ao HIV/AIDS entre profissionais do sexo<br />

lógica ampla <strong>de</strong> universalida<strong>de</strong> do SUS. Ou seja, não se <strong>de</strong>fine um foco ou estratégia<br />

específica para este grupo populacional, seja em termos <strong>de</strong> ações do sistema, seja <strong>de</strong><br />

capacitação. Um dos/as profissionais da área <strong>de</strong> gestão, ouvido em Porto Alegre, ilustrou<br />

essa abordagem com o exemplo <strong>de</strong> uma campanha <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong> realizada em<br />

2007. Voltada para estudantes do ensino fundamental, esta campanha tratou <strong>de</strong> temas<br />

como drogas, DST/AIDS e tabagismo e também “<strong>de</strong>bates sobre trabalho sexual”. Para as<br />

chamadas populações específicas, entre as quais estão profissionais do sexo, a metodologia<br />

<strong>de</strong> trabalho da Secretaria Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> praticamente se resume a parcerias.<br />

O trabalho em parceria e cooperação é basicamente direcionado à distribuição<br />

<strong>de</strong> camisinhas para prevenção e apoio a eventos propostos por essas organizações, que<br />

contam com o suporte financeiro das Secretarias para locação <strong>de</strong> espaços ou compra<br />

<strong>de</strong> passagens para participantes. O trabalho do NEP foi mencionado diversas vezes, nas<br />

entrevistas com gestores/as municipais, como ilustração <strong>de</strong> ações são <strong>de</strong>senvolvidas em<br />

colaboração com o movimento social. Quando perguntados/as sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

criar serviços diferenciados para profissionais do sexo, disseram não ter opinião formada<br />

sobre o assunto, e que caberia aos movimentos sociais <strong>de</strong> prostitutas <strong>de</strong>flagrar uma<br />

discussão sobre o tema, se consi<strong>de</strong>rassem necessária.<br />

No Rio <strong>de</strong> Janeiro, as gestoras ouvidas também informaram que a principal estratégia<br />

adotada pela Secretaria Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> para respon<strong>de</strong>r as <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong>sse grupo<br />

populacional é estabelecer parcerias com ONGs e associações comunitárias. Além<br />

disso, foi mencionado como pioneiro o projeto piloto <strong>de</strong> intervenção nos serviços,<br />

em funcionamento no PAM 13 <strong>de</strong> Maio, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2008. O objetivo é acolher travestis,<br />

profissionais do sexo e HSH nas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, com várias estratégias para superar<br />

as barreiras <strong>de</strong> acesso e acolhimento por parte <strong>de</strong> profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Parte <strong>de</strong>sta ação<br />

foi a realização <strong>de</strong> oficinas para estes/as profissionais, com a participação <strong>de</strong> diferentes<br />

atores da socieda<strong>de</strong> civil, como pessoas HIV positivas, homens gays, travestis e uma lí<strong>de</strong>r<br />

do movimento <strong>de</strong> prostitutas. O trabalho é coor<strong>de</strong>nado por uma profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

em parceria com ONGs.<br />

Contudo, a gerência do Programa Municipal <strong>de</strong> HIV/AIDS afirma que não são<br />

feitas capacitações mais amplas com profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para melhorar o atendimento<br />

a trabalhadoras do sexo. As gestoras do programa municipal reconhecem que, em anos<br />

recentes, o trabalho <strong>de</strong> prevenção e atendimento <strong>de</strong> gays e travestis teve mais atenção e<br />

priorida<strong>de</strong> do que aquele voltado para mulheres profissionais do sexo. As gestoras ouvidas<br />

recorreram a diferentes argumentos para explicar esse <strong>de</strong>sequilíbrio, sendo um <strong>de</strong>les que<br />

a resposta do SUS é, em gran<strong>de</strong> medida, <strong>de</strong>terminada pela capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mobilização<br />

das populações-alvo. Uma vez que, a seus olhos, gays e travestis são melhor organizados<br />

do que as prostitutas, a resposta que o sistema oferece reproduz esse <strong>de</strong>sequilíbrio. Mas<br />

as pessoas entrevistadas também consi<strong>de</strong>ram que, concretamente, faltam profissionais <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> habilitados/as para coor<strong>de</strong>nar e implementar ações específicas com prostitutas.

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