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POBREZA INFANTIL E DISPARIDADES EM MOÇAMBIQUE 2010<br />
CAPITULO 1: A POBREZA EM MOÇAMBIQUE<br />
Nestas três províncias, as mães ou os<br />
que têm crianças a seu cargo são menos<br />
tendentes a reconhecer os sintomas de<br />
pneumonia do que a média nacional, o que<br />
indica que a privação severa de saúde pode<br />
estar associada ao nível de conhecimento<br />
que os que cuidam das crianças têm sobre<br />
as doenças. É de ressaltar o facto de apenas<br />
três por cento das crianças na Zambézia<br />
suspeitas de pneumonia terem recebido<br />
antibióticos. 43<br />
3.6. Privação severa de abrigo<br />
nas crianças<br />
Cinco por cento das crianças vivem<br />
com privações severas de abrigo em<br />
Moçambique. Este nível manteve-se<br />
relativamente constante entre 2003 e 2008.<br />
O indicador de abrigo é a percentagem<br />
de crianças com menos de 18 anos que<br />
vivem em habitações com mais de cinco<br />
pessoas por quarto (superlotação severa).<br />
Cabo Delgado tem experimentado uma<br />
grande redução da privação severa de<br />
abrigo nas crianças. Quase nenhuma criança<br />
(0,2 por cento) na província se encontra<br />
agora em situação de privação severa de<br />
abrigo, comparativamente a 3 por cento<br />
em 2003. A privação severa de abrigo tem<br />
aumentado em Gaza e Inhambane. Nenhuma<br />
outra província mostra evidências de uma<br />
variação estatisticamente significativa na<br />
percentagem de crianças com essa privação.<br />
Figura 1.10: Privação severa de abrigo por quintil de riqueza, 2008<br />
14%<br />
12%<br />
10%<br />
8%<br />
13%<br />
É forte a correlação entre a privação severa de<br />
abrigo e a riqueza. Treze por cento das crianças<br />
no quintil mais pobre têm tal privação, quando<br />
apenas 1 por cento das crianças nos agregados<br />
familiares mais abastados a enfrentam.<br />
3.7. Privação severa de<br />
informação nas crianças<br />
Não houve variação estatisticamente<br />
significativa na percentagem de crianças a<br />
sofrer de privação severa de informação entre<br />
2003 e 2008. Quarenta por cento das crianças<br />
sofriam-na em 2008. O indicador de privação<br />
de informação é a percentagem de crianças<br />
entre os 5 e os 18 anos que não possuem ou<br />
não têm acesso a uma televisão, rádio ou<br />
jornal em casa.<br />
O indicador de privação de informação não<br />
leva em conta a posse de telefone móvel.<br />
É provável que se tivesse sido incluído no<br />
cálculo da privação de informação o acesso<br />
a telemóveis, este tivesse causado uma<br />
redução na percentagem de crianças vítimas<br />
de privação severa de informação, dado o<br />
grande aumento da posse de celulares em<br />
Moçambique na última década (ver Capítulo<br />
6, Questões transversais). É também possível<br />
que a rápida expansão da posse de telemóvel<br />
esteja a reduzir a demanda de rádios e<br />
televisões entre as famílias mais pobres<br />
por estas darem prioridade a telemóveis<br />
comparativamente a outros artigos de<br />
comunicação.<br />
6%<br />
6%<br />
4%<br />
4%<br />
2%<br />
3%<br />
0% 1%<br />
Mais baixo Segundo Médio Quarto Mais alto<br />
4. Conclusões<br />
São significativas as melhorias que se têm<br />
registado nos níveis de pobreza absoluta nas<br />
crianças medida pela abordagem baseada<br />
em privações. Os avanços observados na<br />
pobreza baseada em privações estão em<br />
parte associados aos grandes esforços<br />
feitos pelo Governo na prestação de<br />
serviços sociais. O Governo tem investido<br />
fortemente em educação e saúde, o que se<br />
tem traduzido em melhorias significativas<br />
na percentagem de crianças severamente<br />
privadas de educação e saúde. Embora a<br />
percentagem de crianças com privações<br />
severas tenha diminuído nos últimos anos,<br />
quase metade das crianças moçambicanas<br />
continuam a enfrentá-las. As privações mais<br />
frequentes são as de acesso a água potável,<br />
saneamento e informação. Um investimento<br />
continuado em serviços essenciais significa<br />
um investimento continuado no futuro das<br />
crianças de Moçambique.<br />
A dicotomia urbano/rural é particularmente<br />
evidente com a análise baseada em<br />
privações. É também evidente a partir<br />
dos resultados que os níveis de privação<br />
são significativamente mais elevados nas<br />
províncias do centro e do norte do que nas<br />
províncias do sul. No entanto, se excluirmos<br />
a Cidade de Maputo, foram as províncias do<br />
norte que registaram a maior redução nos<br />
níveis de pobreza infantil. Da mesma forma,<br />
as estimativas de pobreza de consumo<br />
indicam uma tendência positiva no norte de<br />
Moçambique.<br />
As taxas de pobreza têm registado<br />
estagnação quando medidas pela<br />
abordagem baseada no consumo, havendo<br />
quase 12 milhões de moçambicanos a viver<br />
com menos de 18,4 meticais (cerca de meio<br />
dólar americano) por dia. Deve-se tal facto<br />
principalmente ao fraco desempenho do<br />
sector agrícola, do qual depende a maior<br />
parte da população para a sua subsistência.<br />
É inequívoca a relação entre a riqueza e<br />
o bem-estar das crianças. Não obstante a<br />
necessidade de investimentos continuados<br />
nos sectores sociais para que se reduzam<br />
os níveis de privação, é fundamental que o<br />
Governo e os seus parceiros reexaminem<br />
a sua abordagem para estimular o sector<br />
agrícola.<br />
Tanto a medida baseada no consumo como<br />
a medida baseada em privação realçam<br />
os elevados níveis de vulnerabilidade<br />
da população moçambicana, como<br />
demonstrado pela flutuação das taxas de<br />
pobreza provincial. Essas disparidades estão<br />
relacionadas com a desigual distribuição<br />
de recursos do Governo. As províncias com<br />
menor índice de desenvolvimento humano<br />
tendem a receber uma menor alocação de<br />
recursos. A capacidade das famílias para<br />
resistir a choques internos ou externos é<br />
extremamente limitada. Os choques mais<br />
comuns são a morte de um membro da<br />
família ou choques climatéricos como<br />
secas ou inundações. 44 Esses choques<br />
podem impor às crianças e suas famílias<br />
severas privações e pobreza absoluta, com<br />
consequências no bem-estar das crianças ao<br />
longo de toda a sua vida.<br />
Fonte: <strong>UNICEF</strong>, Child poverty in <strong>Mozambique</strong>: A deprivations-based approach, Ministério de Planificação e Desenvolvimento, Maputo, 2009.<br />
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