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6. O autismo e o brincar: um estudo de caso a partir de ...

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Andra<strong>de</strong> et al<br />

psicológico, o qual tem sido realizado <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

então. Segundo anamnese realizada com<br />

a mãe, esta relatou dificulda<strong>de</strong>s durante a<br />

gestação e parto, na época tinha pressão<br />

alta e precisou fazer <strong>um</strong>a cesárea, pois<br />

estava per<strong>de</strong>ndo líquido. A mãe informou que<br />

a criança começou a andar aos 11 meses e<br />

que <strong>de</strong>morou a falar – aos dois anos apenas<br />

repetia palavras, principalmente comerciais<br />

<strong>de</strong> TV. A principal queixa apresentada era<br />

dificulda<strong>de</strong>s na comunicação e socialização.<br />

Os procedimentos adotados para<br />

acompanhamento da criança foram:<br />

participar do Grupo <strong>de</strong> Apoio a Crianças,<br />

atendimento individual e acompanhamento<br />

com os pais. O grupo ocorre semanalmente,<br />

com duração <strong>de</strong> <strong>um</strong>a hora, em ambiente<br />

caracterizado como <strong>um</strong>a sala lúdica em<br />

horários sequenciais. A criança realiza<br />

ativida<strong>de</strong>s livres e direcionadas que consiste<br />

em <strong>de</strong>senhos, pintura, jogos, como: bingo,<br />

quebra-cabeça, boliche.<br />

Inicialmente, a criança <strong>de</strong>monstrou<br />

apatia no contato com a psicóloga e não<br />

aten<strong>de</strong>u às solicitações. Foram realizados<br />

estímulos por meio <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s lúdicas no<br />

sentido <strong>de</strong> incentivar o contato com os colegas<br />

do grupo, buscando <strong>de</strong>senvolver a interação.<br />

Após alguns meses <strong>de</strong> acompanhamento<br />

em grupo, observou-se que a criança, ao<br />

realizar suas brinca<strong>de</strong>iras, apresenta <strong>um</strong>a<br />

sequência. Ao chegar, c<strong>um</strong>primenta a equipe<br />

e os colegas, dirige-se à estante e pega<br />

<strong>um</strong> caminhão, or<strong>de</strong>na objetos como: peças<br />

<strong>de</strong> lego, carrinhos, pinos <strong>de</strong> boliche, entre<br />

outros.<br />

Outro aspecto observado é que a<br />

criança cost<strong>um</strong>a comunicar-se com a equipe<br />

por intermédio <strong>de</strong> <strong>um</strong> telefone <strong>de</strong> brinquedo,<br />

o que favorece sua interação, permitindo a<br />

expressão das <strong>de</strong>mandas vivenciadas em seu<br />

cotidiano. É válido ressaltar a importância da<br />

assiduida<strong>de</strong> e do comprometimento dos pais,<br />

além da orientação ao início das ativida<strong>de</strong>s<br />

escolares, que atuaram positivamente no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da criança.<br />

Discussão<br />

A <strong>partir</strong> do acompanhamento psicológico,<br />

juntamente com a atuação dos <strong>de</strong>mais<br />

profissionais da equipe multidisciplinar,<br />

po<strong>de</strong>-se observar o <strong>de</strong>senvolvimento da fala<br />

e da comunicação. A criança passou a “olhar<br />

nos olhos”, por vezes insistindo: “Olha para<br />

mim” (sic). Nota-se que há respeito aos<br />

limites dos outros, melhora na interação e<br />

interesse pelo ambiente que o cerca. Após<br />

a mãe iniciar a faculda<strong>de</strong>, a criança vem<br />

apresentando dificulda<strong>de</strong>s em ir à escola,<br />

pelo fato <strong>de</strong> que há <strong>um</strong>a mudança na sua<br />

rotina.<br />

Dessa forma, compreen<strong>de</strong>-se que a <strong>partir</strong><br />

do acompanhamento <strong>de</strong> <strong>um</strong>a criança autista,<br />

observou-se que o lúdico é importante para<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento infantil, pois possibilita<br />

a aproximação da equipe com a criança, a<br />

expressão <strong>de</strong> seus sentimentos e emoções,<br />

além <strong>de</strong> favorecer a socialização pelo contato<br />

com outras crianças <strong>de</strong> diferentes etapas do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Ressalta-se também a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

haver <strong>um</strong> acompanhamento com a família,<br />

pois mediante o diagnóstico <strong>de</strong> <strong>um</strong> transtorno<br />

grave, como é o <strong>caso</strong> do <strong>autismo</strong>, a família<br />

po<strong>de</strong> vir a se <strong>de</strong>sestruturar, <strong>de</strong> forma a<br />

não contribuir para estimular a autonomia<br />

da criança. Nota-se que, no <strong>caso</strong> citado,<br />

a mãe apresenta-se comprometida com o<br />

tratamento, havendo assiduida<strong>de</strong> da criança<br />

no grupo e participação <strong>de</strong>la nas reuniões<br />

mensais.<br />

Tendo em vista os resultados alcançados<br />

pela psicoterapia e trabalho multidisciplinar,<br />

compreen<strong>de</strong>-se que o Grupo <strong>de</strong> Apoio a<br />

Crianças (GAC) contribuiu positivamente<br />

para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sse sujeito. Tais<br />

aspectos justificam-se pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

interagir com outras crianças, levando-o a<br />

melhorar nos aspectos relacionais, sociais e<br />

comunicativos, e no <strong>de</strong>sempenho escolar.<br />

Quanto ao tratamento como <strong>um</strong> todo,<br />

visl<strong>um</strong>bra-se a importância <strong>de</strong> se trabalhar<br />

47<br />

revistahugv - Revista do Hospital Universitário Getúlio Vargas<br />

v.10. n. 2 jul./<strong>de</strong>z. – 2011

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