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2. ansiedade e medo infantil no ambiente odontopediatrico ...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA<br />

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE<br />

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA<br />

LARYZA NEVES DELMONDES<br />

ANSIEDADE E MEDO INFANTIL NO AMBIENTE<br />

ODONTOPEDIATRICO: DIAGNÓSTICO E CORRELAÇÃO DOS<br />

FATORES INFLUENCIADORES<br />

João Pessoa<br />

2010


LARYZA NEVES DELMONDES<br />

ANSIEDADE E MEDO INFANTIL NO AMBIENTE<br />

ODONTOPEDIATRICO: DIAGNÓSTICO E CORRELAÇÃO DOS<br />

FATORES INFLUENCIADORES<br />

Trabalho de Conclusão de Curso<br />

apresentado ao Curso de Graduação em<br />

Odontologia, da Universidade Federal da<br />

Paraíba em cumprimento às exigências<br />

para conclusão.<br />

ORIENTADOR: Ana Maria Gondim Valença, Doutora em Odontologia Social<br />

João Pessoa<br />

2010


D359 a<br />

Delmondes, Laryza Neves.<br />

Ansiedade e <strong>medo</strong> <strong>infantil</strong> <strong>no</strong> <strong>ambiente</strong> odontopediátrico: diagnóstico e<br />

correlação dos fatores influenciadores / Delmondes Laryza Neves. - - João Pessoa:<br />

[s.n.], 2010.<br />

71 f.: il. -<br />

Orientadora: Ana Maria Gondim Valença.<br />

Mo<strong>no</strong>grafia (Graduação) – UFPB/CCS.<br />

1. Psicologia <strong>infantil</strong>. <strong>2.</strong> Tratamento Odontológico- Ansiedade.<br />

3. Comportamento <strong>infantil</strong>. 4. Odontopediatria.<br />

BS/CCS/UFPB CDU: 159.92<strong>2.</strong>7(043.2)


LARYZA NEVES DELMONDES<br />

ANSIEDADE E MEDO INFANTIL NO AMBIENTE ODONTOPEDIATRICO:<br />

DIAGNÓSTICO E CORRELAÇÃO DOS FATORES INFLUENCIADORES<br />

Trabalho de Conclusão de Curso<br />

apresentado ao Curso de Graduação em<br />

Odontologia, da Universidade Federal da<br />

Paraíba em cumprimento às exigências<br />

para conclusão.<br />

Mo<strong>no</strong>grafia aprovada em ____/ ____ / _______<br />

__________________________________<br />

Ana Maria Gondim Valença<br />

Orientadora – UFPB<br />

__________________________________<br />

Eliane Batista de Medeiros<br />

Examinadora – UFPB<br />

__________________________________<br />

Simone Alves de Sousa<br />

Examinadora – UFPB


DEDICATÓRIA<br />

Dedico este trabalho:<br />

À meu Avô Luiz Neves,<br />

pela constante presença em minha vida<br />

“...É um carinho guardado <strong>no</strong> cofre<br />

De um coração que voou<br />

É um afeto deixado nas veias<br />

De um coração que ficou<br />

É a certeza da eterna presença<br />

Da vida que foi<br />

Da vida que vai<br />

É a saudade da boa<br />

Feliz, cantar...”<br />

(Feliz/Gonzaguinha)<br />

Aos meus país, Euton Luiz Delmondes e Jozilene Delmondes,<br />

por serem meu exemplo de coragem e fortaleza<br />

A vocês agradeço por mais essa vitória.<br />

Ao Danilo, Paulo Cezar e Artur<br />

na impossibilidade de <strong>no</strong>mear todos as crianças com quem<br />

tive o privilégio de conviver em minha trajetória acadêmica...<br />

Vocês me ensinaram a reconhecer obstáculos<br />

como oportunidades de aprendizado...<br />

Ao meu adorado <strong>no</strong>ivo, Dimitri Malheiros,<br />

pelo constante carinho, paciência e incentivo.


AGRADECIMENTOS<br />

Agradeço:<br />

À professora, Ana Maria Gondim Valença, por sua orientação<br />

competente e afetiva. Expresso minha admiração pela sua permanente<br />

dedicação ao ensi<strong>no</strong> e pesquisa voltada a busca de qualificar o cuidado<br />

da criança.<br />

Ao professor e amigo, Wilton Wilney Nascimento Padilha, figura<br />

sempre presente durante a minha formação acadêmica. Obrigado por<br />

ter me ensinado que os conhecimentos só adquirem sentido quando<br />

alicerçados em valores éticos e huma<strong>no</strong>s.<br />

Aos colegas do Grupo de Pesquisa em Odontopediatria e Clinica<br />

Integrada, por constantemente contribuírem para o meu crescimento<br />

acadêmico.<br />

As minhas companheiras de curso, Lariane e Vitória com quem<br />

compartilhei momentos inesquecíveis durante a graduação.


“A oportunidade dança com<br />

aqueles que já estão <strong>no</strong> salão.”<br />

H. Jackson Brown


RESUMO<br />

A <strong>ansiedade</strong> e o <strong>medo</strong> <strong>infantil</strong> tem se mostrado um desafio para muitos<br />

pesquisadores em virtude do alto grau de subjetividade relacionada como os<br />

aspectos comportamentais. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a<br />

<strong>ansiedade</strong> e o <strong>medo</strong> <strong>infantil</strong> por intermédio do Venham Pictures Test (VPT) e do<br />

Children’s Dental Fear Picture Test (CDFP), ambos modificados, e analisar os<br />

possíveis fatores influenciadores da <strong>ansiedade</strong> por meio de um formulário<br />

direcionado aos responsáveis legais pelas crianças e verificação de prontuários.<br />

Adotou-se um desenho de estudo do tipo transversal e o universo foi formado pelos<br />

usuários das clínicas de Odontopediatria e Integrada Infantil da Universidade<br />

Federal da Paraíba. Constituiu da amostra 32 crianças, na faixa etária de 5 a 11<br />

a<strong>no</strong>s, e seus responsáveis legais. Os instrumentos da pesquisa foram aplicados<br />

após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, o registro das<br />

respostas dos formulários e testes foram simultâneo <strong>no</strong>s próprios instrumentos,<br />

sendo os mesmo respondidos nas dependências das referidas clínicas. Realizou-se<br />

estatística descritiva e inferencial dos resultados, permitindo avaliação dos dados em<br />

termos de média e significância estatística. Constatou-se, por meio dos subtestes do<br />

CDFP, que 9,4% (n=3) das crianças apresentaram-se com <strong>medo</strong> <strong>no</strong> subteste I. Para<br />

o subteste II foram 12,5% (n=4) e <strong>no</strong> subteste III nenhuma criança foi classificada<br />

nessa categoria. Os participantes classificados “com <strong>medo</strong>” foram categorizados de<br />

acordo com a reação: muito bem ou moderadamente bem, pelos responsáveis.<br />

Verificou-se, por intermédio do VPT, presença de <strong>ansiedade</strong> em 9,4% dos<br />

participantes (n=3). Estes já haviam realizado tratamento do tipo curativo, e<br />

apresentando <strong>no</strong> máximo três consultas odontológicas nas clínicas estudadas. As<br />

crianças do gênero femini<strong>no</strong> foram mais ansiosas (6,2%). Conclui-se que a maioria<br />

das crianças apresentaram-se sem <strong>medo</strong> e sem <strong>ansiedade</strong> ao tratamento<br />

odontológico. O número de consultas, foi um fator influenciador encontrado <strong>no</strong><br />

presente estudo.<br />

DESCRITORES: Psicologia da Criança; Ansiedade ao Tratamento Odontológico;<br />

Comportamento Infantil.


ABSTRACT<br />

The children's anxiety and fear has been a challenge for many researchers because<br />

of the high degree of subjectivity related to behavioral aspects. This study aimed to<br />

evaluate anxiety and fear children through the Children's Dental Fear Picture Test<br />

(CDFP) and the Venham Pictures Test (VPT), both modified, and to analyze the<br />

possible factors which influences the anxiety by using a questionnaire directed to<br />

legal guardians and verification of records. A design of cross-sectional study was<br />

adopted and the universe was formed by users of the clinics of Pediatric Dentistry<br />

and Integrated Child of UFPB. The sample was consisted of 32 children, aged 5-11<br />

years, and their legal guardians. The research instruments were applied after signing<br />

the consent form, the registration forms and answers of tests were simultaneously in<br />

the instruments themselves, and answered in such clinics. The descriptive statistics<br />

and inferential results were performed, allowing the data evaluation in terms of<br />

average and statistical significance. It was found by means of CDFP subtests that<br />

9.4% (n = 3) of the children presented affraid in the subtest I. For the subtest II were<br />

1<strong>2.</strong>5% (n = 4) and for subtest III, <strong>no</strong> child was classified in this category. The<br />

participants classified as "afraid" were categorized according to the reaction: very<br />

well or moderately well, by those responsible. It was found through the VPT, the<br />

presence of anxiety in 9.4% of participants (n = 3). They just had previously<br />

undergone treatment of type dressing, and featuring up to three dental consultations<br />

at clinics studied. Female children were more anxious (6.2%). It is concluded that<br />

most children showed up without fear or anxiety during dental treatment. The number<br />

of queries was the influencing factor in this study.<br />

KEY WORDS: Child Psyc hology; Dental Anxiety; Child Behavior.


LISTA DE FIGURAS<br />

FIGURA 1. Distribuição de acordo com o subteste I dos valores absolutos e<br />

percentuais das respostas dos formulários referentes à experiência odontológica dos<br />

responsáveis, experiência dos irmãos, e classificação para a reação das crianças<br />

aos procedimentos dentários. ................................................................................... 33<br />

FIGURA <strong>2.</strong> Ilustrações presentes <strong>no</strong> subteste II....................................................... 34<br />

FIGURA 3. Distribuição de acordo com o subteste II dos valores absolutos e<br />

percentuais das respostas dos formulários referentes à experiência odontológica dos<br />

responsáveis, experiência dos irmãos, e classificação para a reação das crianças<br />

aos procedimentos dentários. ................................................................................... 36<br />

FIGURA 4. Distribuição de acordo com o subteste III dos valores absolutos e<br />

percentuais das respostas dos formulários referentes à experiência odontológica dos<br />

responsáveis, experiência dos irmãos, e classificação para a reação das crianças<br />

aos procedimentos dentários .................................................................................... 38


LISTA DE TABELAS<br />

TABELA 1. Distribuição em valores absolutos e percentuais das crianças segundo<br />

gênero e idade .......................................................................................................... 31<br />

TABELA <strong>2.</strong> Distribuição em valores absolutos e percentuais dos responsáveis legais<br />

pelas crianças segundo grau de parentesco e escolaridade .................................... 31<br />

TABELA 3. Distribuição em valores absolutos e percentuais das crianças de acordo<br />

com os resultados obtidos <strong>no</strong> subteste I, gênero e o tipo de tratamento recebido ... 32<br />

TABELA 4. Distribuição das crianças de acordo com os resultados obtidos <strong>no</strong><br />

subteste II, gênero e o tipo de tratamento recebido.................................................. 34<br />

TABELA 5. Avaliação geral dos três subtestes.........................................................38<br />

TABELA 6. Distribuição das crianças de acordo com os resultados obtidos <strong>no</strong> VPT-<br />

M, gênero e o tipo de tratamento recebido. .............................................................. 39<br />

TABELA 7. Média dos escores encontrados <strong>no</strong> teste VPT-M e do número de<br />

consultas odontológicas ............................................................................................ 39<br />

TABELA 8. Distribuição em valores absolutos e percentuais das crianças de acordo<br />

com o resultado do vpt e do número de consultas odontológicas ............................ 40<br />

TABELA 9. Correlação do VPT com os três subtestes .............................................40


LISTA DE GRÁFICOS<br />

GRÁFICO 1. Média dos escores encontrados em cada ilustração do subteste II .... 35<br />

GRÁFICO <strong>2.</strong> Média dos escores encontrados em cada ilustração do subteste ii e a<br />

sua distribuição entre as crianças classificadas “com <strong>medo</strong>” de acordo com este<br />

subteste..................................................................................................................... 35<br />

GRÁFICO 3. Número de respostas para as sentenças com ocorrência de palavras<br />

negativas completadas pelas crianças <strong>no</strong> subteste III .............................................. 37


SUMÁRIO<br />

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13<br />

2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 15<br />

<strong>2.</strong>1 O MEDO E A ANSIEDADE....................................................................................... 15<br />

<strong>2.</strong>1.1 Formas de controlar o <strong>medo</strong> e <strong>ansiedade</strong>.................................................. 16<br />

<strong>2.</strong>2 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DO MEDO E ANSIEDADE AO TRATAMENTO ODONTOLÓGICO,<br />

FATORES INFLUENCIADORES E PREVALÊNCIA............................................................... 17<br />

3 OBJETIVOS........................................................................................................... 25<br />

3.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................ 25<br />

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................................... 25<br />

4 METODOLOGIA .................................................................................................... 26<br />

4.1 TIPO DO ESTUDO................................................................................................. 26<br />

4.2 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS ..................................................................................... 26<br />

4.3 UNIVERSO E AMOSTRA......................................................................................... 26<br />

4.4 INSTRUMENTOS UTILIZADOS ................................................................................. 27<br />

4.5 COLETA DE DADOS .............................................................................................. 27<br />

4.6 ANÁLISE DOS DADOS ........................................................................................... 30<br />

5 RESULTADOS....................................................................................................... 31<br />

5.1 DADOS GERAIS DA AMOSTRA................................................................................ 31<br />

5.2 RESULTADOS DO CDFP-M.................................................................................. 32<br />

5.<strong>2.</strong>1 Análise dos resultados do subteste I.......................................................... 32<br />

5.<strong>2.</strong>2 Avaliação do subteste II ............................................................................. 33<br />

5.<strong>2.</strong>3 Avaliação do subteste III ............................................................................ 36<br />

5.<strong>2.</strong>4 Avaliação dos três subtestes...................................................................... 38<br />

5.3 RESULTADOS DO VPT-M..................................................................................... 38<br />

5.4 CORRELAÇÃO ENTRE O VPT-M E CDFP-M .......................................................... 40<br />

6 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 41<br />

6.1 QUANTO AO TESTE PROJETIVO DO MEDO INFANTIL AO TRATAMENTO ODONTOLÓGICO<br />

MODIFICADO (CDFP-M) ............................................................................................ 41<br />

6.2 QUANTO AO VENHAM PICTURES TEST (VPT) ....................................................... 43<br />

7 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 47<br />

REFERÊNCIAS......................................................................................................... 48<br />

ANEXOS ................................................................................................................... 51<br />

APÊNDICES ............................................................................................................. 68


13<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

Uma das dificuldades encontradas pelo clínico durante o atendimento<br />

odontológico é o <strong>medo</strong> que alguns pacientes manifestam em relação aos<br />

procedimentos que terão curso durante a sessão. O comparecimento para<br />

tratamento odontológico pode representar um grande problema para esses<br />

pacientes (KANEGANE et al, 2003).<br />

Em 1998, segundo a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios, mais<br />

de 29 milhões de brasileiros nunca haviam realizado uma consulta odontológica,<br />

sendo o <strong>medo</strong> um dos motivos (PESQUISA NACIONAL POR AMOSTRA DE<br />

DOMICÍLIOS, 1998).<br />

Apesar de a literatura evidenciar crescente reconhecimento sobre a<br />

importância de estudos a respeito do <strong>medo</strong> relacionado ao tratamento odontológico,<br />

pouca ênfase tem sido dada a este tema quando da formação do cirurgião-dentista<br />

(CAMPARIS; CARDOSO JUNIOR, 2008).<br />

Nesta perspectiva, é importante que, ao longo da formação profissional, o<br />

acadêmico possa reconhecer detalhadamente o fenôme<strong>no</strong> comportamental de <strong>medo</strong><br />

do tratamento odontológico, bem como estratégias que minimizem impactos deste<br />

fenôme<strong>no</strong> (PELEGRINE, 2006).<br />

Sabe-se que o <strong>medo</strong> e <strong>ansiedade</strong> não são particularidades do tratamento<br />

odontológico, ocorrendo também em outros contextos de terapêutica médica e de<br />

saúde em geral, especialmente quando procedimentos invasivos fazem parte das<br />

rotinas terapêuticas. O <strong>medo</strong> de dentista, <strong>no</strong> entanto, tem sido caricaturado como<br />

um dos mais freqüentes e mais intensamente vivenciados (POSSOBON et al, 2007)<br />

Torna-se importante ressaltar que este tipo de <strong>medo</strong> parece não ter mudado<br />

com o passar do tempo, apesar do aperfeiçoamento dos equipamentos e dos<br />

procedimentos odontológicos (KANEGANE et al., 2003).<br />

A explicação para este fato, de acordo com Pelegrine (2006), estaria na<br />

abordagem cirúrgico-restauradora, que durante muitos a<strong>no</strong>s foi predominante em<br />

odontologia. Este paradigma favoreceria a associação entre odontologia e <strong>medo</strong> ao<br />

tratamento odontológico. Segundo o mesmo autor, estudos em diferentes contextos<br />

socioculturais evidenciam que as experiências negativas <strong>no</strong> consultório<br />

odontológico, quando acompanhadas de dor intensa, levam a esta associação. Tais


14<br />

situações, frequentemente, são levadas às crianças das mais diferentes formas<br />

(conversa informal, idéias veiculadas pela mídia e/ou por familiares) reforçando<br />

comportamento negativo em relação às consultas odontológicas.<br />

Portanto, as crianças clinicamente ansiosas precisam ser diag<strong>no</strong>sticadas<br />

cedo e encaminhadas para o tratamento adequado e remissão de sintomas. Para<br />

esta finalidade, torna-se relevante a disponibilidade de instrumentos com<br />

propriedades psicométricas adequadas (SILVA; FIGUEIREDO, 2005)<br />

No entanto, a aplicação de instrumentos para avaliação do <strong>medo</strong> e<br />

<strong>ansiedade</strong>, como as escalas de registro de comportamento, os testes de auto-relato,<br />

as técnicas fisiológicas e os métodos projetivos, não constitui uma prática comum na<br />

clínica odontológica. Em odontopediatria, a utilização destes recursos ganha<br />

importância, pois o <strong>medo</strong>, quando adquirido na infância, persiste na adolescência e<br />

reflete nas reações e atitudes do indivíduo na idade adulta (CASTRO, 2003).<br />

Constata-se, mediante consulta à literatura relacionada a esta temática, que a<br />

produção cientifica a respeito da <strong>ansiedade</strong> e <strong>medo</strong> <strong>infantil</strong> provocado pelo<br />

tratamento odontológico é bastante amplo. Entretanto, <strong>no</strong> Brasil, os estudos<br />

abordando este assunto ainda são escassos.<br />

Com base <strong>no</strong> exposto, esta pesquisa teve como objetivo avaliar a <strong>ansiedade</strong><br />

e o <strong>medo</strong> <strong>infantil</strong> e analisar os possíveis fatores influenciadores da <strong>ansiedade</strong>, em<br />

crianças atendidas na Clínica de Odontopediatria e na Clínica Integrada Infantil do<br />

Curso de Odontologia da Universidade Federal da Paraíba.


15<br />

2 REVISÃO DE LITERATURA<br />

<strong>2.</strong>1 O <strong>medo</strong> e a <strong>ansiedade</strong><br />

Os termos <strong>medo</strong>, temor, <strong>ansiedade</strong> e angústia não são devidamente<br />

diferenciados na linguagem corrente. Na Psicologia, freqüentemente é impossível<br />

diferenciá-los com exatidão. Ansiedade e <strong>medo</strong> são interdependentes, tendo uma<br />

natureza comum (CHADWICK, 2002).<br />

O <strong>medo</strong> é parte do desenvolvimento <strong>infantil</strong>. Em geral é transitório e não<br />

produz grandes perturbações na vida diária da criança. Embora a capacidade de<br />

vivenciar o <strong>medo</strong> seja uma função biológica inata, respostas de <strong>medo</strong> a certos<br />

objetos e situações são em grande parte adquiridas por intermédio da aprendizagem<br />

(SINGH et al, 2000).<br />

A <strong>ansiedade</strong>, por outro lado, é entendida como uma resposta às situações na<br />

qual a fonte de ameaça ao indivíduo não está bem definida, é ambígua ou não está<br />

objetivamente presente (MILGROM; WEINSTEIN, 1985 apud SINGH, 2000, p.131).<br />

Para Singh et al (2009) a <strong>ansiedade</strong> é uma apreensão generalizada<br />

relacionada ao desconhecido ou a uma situação <strong>no</strong>va, ao passo que o <strong>medo</strong> é um<br />

estado de apreensão com base nas experiências reais, na memória e imaginação.<br />

O <strong>medo</strong> pode ser classificado em objetivo e subjetivo. Os <strong>medo</strong>s objetivos<br />

são ocasionados por estímulos diretos dos órgãos sensoriais ou associados a<br />

experiências não relacionadas com a odontologia. Por exemplo, um atendimento<br />

médico que tenha provocado uma dor intensa pode geram <strong>medo</strong> na criança ao ver<br />

uniformes similares. Os <strong>medo</strong>s subjetivos são provocados por procedimentos ou<br />

atitudes, consciente ou inconscientemente, sugeridas à criança por pessoas que a<br />

rodeiam, os <strong>medo</strong>s subjetivos, também, podem ser adquiridos através de<br />

mensagens repassadas por livros, televisão. Os <strong>medo</strong>s subjetivos são mais intensos<br />

e permanentes, portanto mais difíceis de serem eliminados (CASTILHOS, 1979).<br />

Freud (1976), citado por Padilha e Cristensen (2006), já mencionava a<br />

tendência da <strong>ansiedade</strong> como uma expressão do instinto de conservação. A<br />

capacidade do organismo para reagir a ameaças é inata e possui seu sistema


16<br />

neurofisiológico herdado. Portanto, é a natureza da ameaça e o modo como o<br />

indivíduo aprendeu a enfrentá-la que definirá essa capacidade (MAY, 1980 apud<br />

PADILHA E CRISTENSEN, 2006, p.234).<br />

A <strong>ansiedade</strong> provoca <strong>no</strong>s pacientes vários sintomas físicos bastante<br />

perturbadores, tais como: espasmos e tremores, tensão muscular, fadiga, falta de ar,<br />

taquicardia, sudorese, secura da boca, tontura, náuseas, diarréia, ondas de calor e<br />

arrepios de frios, micção freqüente, dificuldade de concentração, nervosismo,<br />

insônia, irritabilidade e dificuldade para deglutir (BARRETO; PEREIRA, 2008).<br />

<strong>2.</strong>1.1 Formas de controlar o <strong>medo</strong> e <strong>ansiedade</strong><br />

Quando recebemos na clínica crianças com alto grau de tensão, devemos<br />

oferecer um tratamento <strong>no</strong> qual o fundamento inicial é a tentativa de tranqüilizá-la,<br />

pois geralmente esta criança pode estar <strong>no</strong> limite tenso de cooperação ou <strong>no</strong> limite<br />

do equilíbrio positivo-negativo desta cooperação. A estas crianças devemos estar<br />

predispostos a proporcionar-lhes as condições mais favoráveis que ocorra, a<br />

diminuição de tensão e <strong>ansiedade</strong>, ainda que para isto tenhamos de provocar certo<br />

retardo ou diminuição <strong>no</strong> rítmo de trabalho clínico. Geralmente esta <strong>ansiedade</strong> e<br />

tensão são diminuídas sensivelmente com palavras tranqüilizadoras de carinho, um<br />

toque físico de aconchego e gestos delicados durante o tratamento odontológico,<br />

esta forma de agir tem trazido bons resultados na evolução do tratamento com estas<br />

crianças (GUEDES PINTO, 2003)<br />

Em casos extremos de <strong>medo</strong> e <strong>ansiedade</strong>, onde as técnicas de controle do<br />

comportamento mais leves não foram eficientes, o cirurgião dentista pode valer-se<br />

de várias opções de fármacos.<br />

Os benzodiazepínicos são os fármacos ansiolíticos mais comumente<br />

empregados na odontologia (BARRETO; PEREIRA, 2008)<br />

Os comportamentos incondicionados de <strong>medo</strong> são resistentes à ação ansiolítica<br />

dos benzodiazepínicos, enquanto que os comportamentos condicionados de <strong>medo</strong><br />

são sensíveis à ação ansiolítica dos tranqüilizantes me<strong>no</strong>res. Esta polaridade na<br />

sensibilidade às drogas ansiolíticas também se verifica com a <strong>ansiedade</strong> na clínica,<br />

onde certos tipos de <strong>ansiedade</strong>, como a <strong>ansiedade</strong> generalizada, são sensíveis<br />

enquanto que outros, como o pânico e as fobias, são resistentes à ação dos agentes<br />

ansiolíticos (BRANDÃO et al, 2003)


17<br />

Na literatura é possível encontrar diferentes técnicas de distração, que têm<br />

demonstrado relevante efeito, principalmente quando direcionadas as crianças.<br />

Prabhakar et al. (2007) avaliaram e compararam técnicas de distração, a<br />

distração apenas por áudio e a distração audiovisual, <strong>no</strong> controle da <strong>ansiedade</strong> em<br />

pacientes da odontopediatria. Participaram do estudo sessenta crianças com idade<br />

entre quatro a oito a<strong>no</strong>s. Cada criança tinha quatro visitas odontológicas: visita para<br />

triagem, visita para profilaxia, visita para preparo cavitário e restauração, e visita<br />

para extração. Os pesquisadores verificaram que a técnica de distração audiovisual<br />

foi mais eficaz em relação à técnica de distração apenas por áudio.<br />

Lahmann at al. (2008) realizaram um estudo randomizado para comparar um<br />

método de relaxamento breve (RB) com a distração musical (DM) e um grupo<br />

controle. A técnica do RB foi significativamente superior a DM. A pesquisa revelou<br />

que a RB foi particularmente eficaz em indivíduos muito ansiosos e a MD não teve<br />

um efeito clinicamente relevante sobre estes indivíduos. Para os autores o RB é uma<br />

técnica segura, eco<strong>no</strong>micamente viável e de abordagem não farmacológica eficaz<br />

para a redução em curto prazo da <strong>ansiedade</strong> odontológica.<br />

<strong>2.</strong>2 Métodos de avaliação do <strong>medo</strong> e <strong>ansiedade</strong> ao tratamento odontológico,<br />

fatores influenciadores e prevalência.<br />

No Brasil, <strong>no</strong>ta-se a carência de instrumentos específicos de avaliação da<br />

<strong>ansiedade</strong> em crianças, pois os disponíveis estão desatualizados. Desta forma, são<br />

necessários mais estudos para adaptar escalas que estejam adequadas à faixa<br />

etária <strong>infantil</strong> e que avaliem sintomas e transtor<strong>no</strong>s de <strong>ansiedade</strong> refletindo a<br />

realidade brasileira (SILVA; FIGUEIREDO, 2005)<br />

Entre os métodos utilizados para este propósito, destacam-se os de autorelato<br />

ou medidas psicométricas, as técnicas fisiológicas, escalas de registro de<br />

comportamento e métodos projetivos (MOCHIDOME, 2006)<br />

Os métodos projetivos proporcionam um amplo campo de interpretação e são<br />

interessantes porque procuram desvendar as emoções e o inconsciente, avaliando<br />

um mundo simbólico, que na maioria das vezes é difícil de ser expresso pelo<br />

indivíduo em sua linguagem verbal (FORMIGA; MELLO, 2000)


18<br />

Aartman et al (1998) analisaram as medidas freqüentemente utilizadas para<br />

avaliar a <strong>ansiedade</strong> dental em crianças. O foco dos autores foi a confiabilidade e a<br />

validade. Os resultados mostraram que os três instrumentos discutidos estavam<br />

abertos a críticas e concluíram que o Children's Fear Survey Schedule-Dental<br />

Subscale (CFSS-DS) é melhor que a Corah's Dental Anxiety Scale (DAS) e o<br />

Venham Picture Test (VPT). As razões para os autores são as seguintes: CFSS-DS<br />

é mais abrangente nas situações odontológicas; mede o <strong>medo</strong>, mais precisamente<br />

do que as outras escalas; e ele tem um pouco de superioridade nas propriedades<br />

psicométricas.<br />

Singh et al (2000) avaliaram <strong>medo</strong> e <strong>ansiedade</strong> relacionados ao tratamento<br />

odontológico, em 364 crianças da faixa etária de 7 a 13 a<strong>no</strong>s. Para avaliação do<br />

<strong>medo</strong> ao tratamento odontológico foi traduzido e adaptado do “Child’s Fear Survey<br />

Schedule” que contém 15 itens. Um segundo questionário, contendo 20 itens<br />

relacionados às situações potencialmente produtoras de <strong>ansiedade</strong>, foi traduzido e<br />

adaptado do “State Trait Anxiety Inventory for Children”. Em relação ao <strong>medo</strong> e<br />

<strong>ansiedade</strong>, a média dos escores foi mais elevada para o sexo femini<strong>no</strong> do que para<br />

o sexo masculi<strong>no</strong> (p < 0,05). Em relação à idade, as crianças da faixa de 11 a 13<br />

a<strong>no</strong>s revelaram-se, em média, mais temerosas que as de 7 a 9 a<strong>no</strong>s.<br />

Diversos estudos têm demonstrado que a idade e o sexo estão relacionados<br />

com a percepção de <strong>medo</strong> (MILAGRON et al, 1988; KLATCHOIAN, 2002;<br />

KLEINKNECHT et al, 1973; BOTTAN et al., 2007)<br />

Cardoso e Loureiro (2008), utilizando ficha de observação para registrar<br />

informações relativas ao comportamento de colaboração da criança, diante da<br />

situação de atendimento e o Dental Fear Survey para a avaliação da intensidade de<br />

<strong>medo</strong> dos acompanhantes frente à situação de tratamento odontológico, verificaram<br />

que as crianças cujos acompanhantes apresentaram elevado <strong>medo</strong> diante do<br />

tratamento odontológico, proporcionaram maior dificuldade em colaborar com os<br />

procedimentos realizados pelo dentista, quando comparadas às crianças cujos<br />

acompanhantes não tinham <strong>medo</strong>.<br />

Themesse-Humber et al. (2010) relataram que a relação entre o <strong>medo</strong><br />

odontológico dos pais e da criança tem sido estudada há mais de um século. Para<br />

fornecer uma visão geral das provas empíricas publicadas sobre o <strong>medo</strong> e a relação<br />

entre pais e filhos, estes autores realizaram uma revisão da literatura estruturada por<br />

intermédio de quarenta e três estudos experimentais feitos em seis continentes. Os


19<br />

estudos variaram muito com relação à proposta da pesquisa, os métodos utilizados,<br />

a idade das crianças incluídas, e relato da relação entre o <strong>medo</strong> pais e filhos. A<br />

maioria dos estudos confirmou a relação entre o <strong>medo</strong> dos pais e dos filhos. Esta<br />

relação foi mais evidente em crianças com idade igual e inferior a oito a<strong>no</strong>s.<br />

Para Singh et al (2009), o efeito da <strong>ansiedade</strong> materna é maior com me<strong>no</strong>res<br />

de quatro a<strong>no</strong>s de idade, embora as crianças de todas as idades possam ser<br />

afetadas. Sua explicação seria a simbiose mãe-filho, que começa na infância e<br />

diminui gradualmente com a idade. Para os autores, crianças com idade inferior a<br />

quatro a<strong>no</strong>s se comportam melhor com seus pais presentes, porém, a presença ou<br />

ausência dos pais não parece afetar significativamente o comportamento das<br />

crianças com idade superior a quatro.<br />

Os estudos desenvolvidos por Corkey e Freeman (1994) enfatizam a<br />

importância da relação mãe-filho, uma vez que a forma como a criança tolera o<br />

estresse e a habilidade para enfrentá-lo parecem ser facilitadas quando as mães são<br />

compreensivas e autoconfiantes e os pais impõem um conjunto de limites. Estes<br />

autores afirmam que a relação estabelecida com a mãe influencia as habilidades da<br />

criança para enfrentar a situação odontológica.<br />

Para Klingber (1995) idade, estado emocional geral e <strong>ansiedade</strong> materna são<br />

identificados como fatores que se desenvolvem concomitante ao <strong>medo</strong> odontológico.<br />

Em sua pesquisa, constatou-se que o <strong>medo</strong> está associado com a falta de<br />

tratamento odontológico e com a deterioração da saúde bucal. Segundo o autor, a<br />

dor durante o tratamento odontológico aumenta o risco de desenvolvimento de<br />

<strong>medo</strong>.<br />

Dentre os procedimentos clínicos realizados pelo cirurgião-dentista os que<br />

mais causam <strong>medo</strong> e <strong>ansiedade</strong> é a anestesia e a alta rotação (SOUZA et al., 2004).<br />

Singh et al (2000) verificaram que as crianças que tinham realizado<br />

tratamento odontológico com anestesia mostraram-se mais temerosas do que<br />

aquelas que não foram submetidas a esta intervenção, permitindo inferir que a<br />

etiologia do <strong>medo</strong> pode relacionar-se a esse procedimento e pode envolver a<br />

percepção de ausência de controle.<br />

Ramos-Jorge et al (2006) avaliaram os potenciais fatores que influenciam o<br />

comportamento <strong>no</strong> <strong>ambiente</strong> de odontopediatria, a pesquisa foi realizada com<br />

crianças de 48 à 68 meses de idade que nunca foram a um dentista. O<br />

comportamento das crianças foi avaliado por meio da escala Frankl durante os


20<br />

procedimentos de exame clínico e profilaxia. Todas as mães das 118 crianças<br />

investigadas foram submetidas a um teste para avaliar sua <strong>ansiedade</strong> (Manifest<br />

Anxiety Scale-MAS) e responderam a um questionário sobre o histórico médico da<br />

criança. Na pesquisa as crianças com alta <strong>ansiedade</strong> haviam experimentado dor de<br />

dente e apresentado comportamento não cooperativo durante experiências médicas<br />

anteriores, estas tinham, portanto uma maior probabilidade de comportamento não<br />

cooperativo durante a sua primeira consulta odontológica.<br />

Com base na hipótese que existe um vicioso ciclo <strong>no</strong> <strong>medo</strong> odontológico, em<br />

que as conseqüências do <strong>medo</strong> tendem a manter esse <strong>medo</strong>, Armfield et al (2007)<br />

exploraram a relação entre <strong>medo</strong> odontológico, auto-relatos de estado de saúde e o<br />

uso de serviços odontológicos. O estudo usou entrevistas realizadas por telefone,<br />

sendo estas feitas predominantemente em 200<strong>2.</strong> Uma amostra aleatória de 6.112<br />

residentes australia<strong>no</strong>s com idades entre 16 e mais a<strong>no</strong>s foi selecionada a partir de<br />

13 estratos, pertencentes a todos os estados. As pessoas com maior <strong>medo</strong><br />

odontológico visitaram o dentista me<strong>no</strong>s vezes e indicaram maior intervalo entre as<br />

visitas ao dentista. O <strong>medo</strong> odontológico elevado foi associado a uma maior<br />

percepção de necessidade ao tratamento, aumento do impacto social <strong>no</strong> processo<br />

saúde-doença e pior percepção de saúde bucal. Ao todo, 29,2% das pessoas que<br />

estavam com muito <strong>medo</strong> de ir ao dentista atrasaram sua visita ao dentista. Os<br />

resultados encontrados pelos pesquisadores são consistentes em relação a hipótese<br />

de um ciclo vicioso <strong>no</strong> <strong>medo</strong> odontológico, onde as pessoas com alto <strong>medo</strong> são mais<br />

propensas a atrasar o tratamento, levando a uma extensão dos problemas e assim<br />

os padrões de visita alimentam <strong>no</strong>vamente a manutenção ou agravamento do <strong>medo</strong><br />

odontológico existente.<br />

Oliveira e Colares (2009) avaliaram a <strong>ansiedade</strong> e a dor relacionada ao<br />

tratamento <strong>odontopediatrico</strong> em crianças me<strong>no</strong>res de 5 a<strong>no</strong>s de idade. O estudo foi<br />

do tipo transversal e realizado com uma amostra de <strong>2.</strong>735 crianças, de ambos os<br />

sexos, na cidade de Recife, Pernambuco. Por meio da aplicação de um questionário<br />

aos pais ou responsáveis foram obtidas as seguintes informações: dados sócioeconômicos,<br />

<strong>ansiedade</strong> relacionada ao tratamento odontológico e a experiência de<br />

dor de dente, assim como a avaliação dos pais em relação à saúde bucal das<br />

crianças. A prevalência de <strong>ansiedade</strong> odontológica foi de 34,7% e o histórico de dor<br />

de dente foi 9,1%. Verificou-se na presente pesquisa associação entre essas duas<br />

variáveis (p < 0,0001). Avaliou-se também a associação entre dor de dente, idade,


21<br />

renda familiar e a avaliação dos pais em relação à saúde bucal das crianças. Saúde<br />

bucal comprometida, assim como baixa renda familiar foram correlacionadas com<br />

alta prevalência de histórico de dor de dente. A <strong>ansiedade</strong> odontológica estava<br />

associada ao histórico de dor de dente em crianças me<strong>no</strong>res de 5 a<strong>no</strong>s de idade.<br />

O cortisol, também chamado de "hormônio do estresse", tem sido utilizado<br />

como indicador em estudos de avaliação de estresse. O cortisol salivar é indicador<br />

de cortisol livre ou cortisol biologicamente ativo <strong>no</strong> soro huma<strong>no</strong> e a avaliação dos<br />

níveis de cortisol salivar caracteriza-se por ser uma técnica não-invasiva e fácil<br />

(SHAH et al, 2009). Kanegane et al 2009 objetivaram determinar se pacientes com<br />

diferentes graus de <strong>ansiedade</strong> odontológica e submetidos a dor durante atendimento<br />

de emergência odontológica têm diferentes reações de estresse medido pelo cortisol<br />

salivar. Setenta e três pacientes completaram a “Modified Dental Anxiety Scale”<br />

(MDAS), e descreveram toda a experiência odontológica traumática anterior. Suas<br />

características sócio-demográficas também foram registradas. Eles também<br />

classificaram a intensidade da dor por meio de uma escala analógica visual. As<br />

amostras de saliva foram coletadas antes do procedimento, e analisadas por meio<br />

de ensaio imunuenzimático. Nesta pesquisa, trinta pacientes foram classificados<br />

como ansiosos. A <strong>ansiedade</strong> não estava relacionada com sexo, idade, escolaridade<br />

e renda familiar. No entanto, a presença de evento traumático anterior foi<br />

relacionada à <strong>ansiedade</strong> odontológica. O estudo não mostrou associação entre as<br />

concentrações de cortisol salivar e <strong>ansiedade</strong>.<br />

Klingberg e Hwang (1994) elaboraram o Teste Projetivo do Medo Infantil ao<br />

Tratamento Odontológico (Children’s Dental Fear Picture Test – CDFP) para avaliar<br />

o <strong>medo</strong> em crianças na faixa etária de 4 a 12 a<strong>no</strong>s. O CDFP consiste de três<br />

diferentes subtestes: <strong>no</strong> primeiro, as crianças relatam estórias de uma série de dez<br />

gravuras representando animais em diferentes situações odontológicas; o segundo<br />

foi elaborado em duas versões, um para meni<strong>no</strong>s e outro para meninas e eles<br />

escolhiam como se sentiam de acordo com as gravuras de crianças representadas<br />

durante o tratamento odontológico; e o terceiro os participantes eram instruídos a<br />

completar sentenças. Nos três subtestes as crianças eram classificadas em três<br />

categorias: “com <strong>medo</strong>, sem <strong>medo</strong> e incerto” e em seguida realizava-se a avaliação<br />

global considerando os resultados dos três subtestes. Este método foi considerado<br />

de fácil aplicação, com alta confiabilidade inter-examinador e com elevado nível de<br />

concordância entre os três subtestes e a avaliação global. A porcentagem de


22<br />

concordância foi de 84,9% para o primeiro subteste, 74,4% para o segundo e de<br />

89,0% para o terceiro subteste.<br />

Klingber (1995) relatou que os dados quanto à confiabilidade e validade da<br />

CDFP foram criados em um grupo de 146 crianças, selecionadas a partir de um<br />

questionário. Os testes com CDFP foram realizados por dois dentistas formados e<br />

provou ter confiabilidade interexaminador alta (88,9%), e a sensibilidade foi<br />

calculada em 98,5%.<br />

O termo “sensibilidade” significa, nesse caso, a capacidade do teste identificar<br />

os indivíduos com <strong>medo</strong> ao tratamento odontológico.<br />

Já o termo “confiabilidade” significa verificar se o instrumento é exato dentro<br />

de uma unidade de medição, sendo o primeiro e o principal passo. Essa deve ser<br />

testada, demonstrando um coeficiente de correlação, usando mais de um<br />

examinador (interexaminador) para verificar a reprodutibilidade (RIBEIRO et al,<br />

2006)<br />

Castro e Perci<strong>no</strong>to (2004) avaliaram o <strong>medo</strong> das crianças à assistência<br />

odontológica utilizando como instrumento o CDFP. Além disso, buscaram verificar<br />

sua validade, por meio de sua correlação com o teste de auto-relato (Lista dos<br />

Medos Infantis-Subescala Odontológica - CFSS-DS). Foram selecionados 40<br />

pacientes, entre 5-9 a<strong>no</strong>s de idade, assistidos na Clínica de Odontopediatria da<br />

Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Inicialmente, os<br />

pesquisadores aplicaram o CDFP e em seguida, aplicaram a CFSS-DS, para se<br />

verificar a validade do CDFP. O método projetivo (CDFP) revelou que a maioria das<br />

crianças mostrou-se sem <strong>medo</strong> à assistência odontológica, e, além disso, observouse<br />

que este teste apresentou validade.<br />

Mochidome (2006) modificou o teste projetivo para melhor entendimento das<br />

crianças. No subteste I, os desenhos de animais foram substituidos por figuras<br />

humanas. Em sua pesquisa foram selecionadas 80 crianças, na faixa etária de seis<br />

a sete a<strong>no</strong>s, sendo 40 do gênero masculi<strong>no</strong> e 40 do femini<strong>no</strong>, já submetidos a<br />

tratamento odontológico preventivo ou curativo. A aplicação do teste foi realizada<br />

nas dependências da Escola de Educação Básica (ESEBA) da Universidade Federal<br />

de Uberlândia, Minas Gerais, e cada criança era chamada individualmente. Os<br />

resultados revelaram que a maioria das crianças apresentou-se sem <strong>medo</strong> ao<br />

tratamento odontológico, independente do gênero ou do tipo de atendimento<br />

recebido.


23<br />

Venham et al (1977) com a finalidade de avaliar o comportamento e a<br />

<strong>ansiedade</strong> <strong>infantil</strong> ao tratamento odontológico, selecionaram 29 crianças americanas<br />

de classe média, na faixa etária de 2 a 5 a<strong>no</strong>s, sem nenhuma experiência<br />

odontológica. No estudo 11 crianças eram brancas e 18 negras, com divisão<br />

igualitária entre meni<strong>no</strong>s e meninas. Cada criança teve seis atendimentos: um<br />

atendimento para exame clínico, quatro envolvendo tratamento restaurador, e um<br />

atendimento final para polir as restaurações, limpeza e aplicação de flúor. Em cada<br />

atendimento utilizou-se instrumentos para avaliar a <strong>ansiedade</strong>, dentre estes estava o<br />

teste criado por um dos autores, o Venham Picture Teste (VPT).<br />

O VPT consiste de um instrumento <strong>no</strong> qual se usa um conjunto de 8 pares de<br />

figuras expressando várias emoções, entre as quais a criança que está sendo<br />

pesquisada escolhe a que mais se identificar com ela <strong>no</strong> momento, portanto é um<br />

teste projetivo.<br />

Ramos-Jorge e Pordeus (2004) identificaram o Venham Picture Teste (VPT)<br />

como sendo o instrumento mais utilizado na literatura científica para avaliar a<br />

<strong>ansiedade</strong> das crianças em idade pré-escolar. Os autores propuseram uma<br />

adaptação do teste VPT original para uso em crianças brasileiras.<br />

No teste modificado, foram criados 8 pares de figuras de cada um dos quatro<br />

personagens: dois meni<strong>no</strong>s e duas meninas, sendo um meni<strong>no</strong> e uma menina da<br />

raça negra e uma menina e um meni<strong>no</strong> da raça branca. Esta modificação foi feita <strong>no</strong><br />

intuito de promover uma maior identificação da criança participante da pesquisa com<br />

a figura do teste. No VPT modificado cada par de figuras foi apresentado à criança<br />

separadamente e as faces das figuras ficaram maiores em relação ao corpo e ao<br />

cabelo (RAMOS-JORGE; PORDEUS, 2004)<br />

Topaloglu-Ak et al. (2007) utilizaram o VPT objetivando identificar possíveis<br />

diferenças <strong>no</strong> nível de <strong>ansiedade</strong> ao tratamento odontológico em crianças de 6 a 7<br />

a<strong>no</strong>s, submetidas a três tipos de tratamentos para lesões cariosas em molares<br />

decíduos. As crianças foram selecionadas a partir de 17 escolas estaduais situadas<br />

próximas de uma universidade estadual em Izmir, Turquia. Na pesquisa foi<br />

empregado o Tratamento Restaurador Atraumático (ART), a restauração tradicional<br />

e ART com um gel químico-mecânico de cárie (remoção ART Plus). Os<br />

pesquisadores verificaram que o nível de <strong>ansiedade</strong> odontológica entre as crianças<br />

foi baixo e que as três técnicas diferentes não provocaram diferença <strong>no</strong>s níveis de<br />

<strong>ansiedade</strong> odontológica das crianças.


24<br />

Góes et al (2010) relacionaram <strong>ansiedade</strong> e <strong>medo</strong>, avaliados por meio do<br />

Venham Picture Test, com os sinais vitais dos pacientes infantis, especificamente,<br />

pressão arterial e frequência cardíaca. A amostra constou de 44 pacientes inscritos<br />

nas clínicas de odontopediatria, da Universidade Federal de Pernambuco, <strong>no</strong><br />

período de fevereiro a julho de 2008. O teste VPT foi associado com gênero, idade,<br />

história médica e odontológica das crianças. Os resultados não revelaram<br />

associações estatisticamente significantes entre sinais vitais e reações emocionais.<br />

Porém, o teste VPT mostrou-se um instrumento de avaliação de <strong>ansiedade</strong> <strong>infantil</strong><br />

eficiente, especialmente em idade pré-escolar, das quais a maioria apresentou<br />

<strong>ansiedade</strong>. Quando associado à história odontológica, mostrou que crianças com<br />

experiência negativa em consultas odontológicas são mais ansiosas, mas não<br />

apresentou relação com história médica e gênero. Para estes autores a adoção do<br />

teste VPT pelos odontopediatras parece ser uma sugestão plausível para avaliar a<br />

<strong>ansiedade</strong> e o <strong>medo</strong> <strong>no</strong>s pacientes.


25<br />

3 OBJETIVOS<br />

3.1 Objetivo geral<br />

Avaliar, em crianças atendidas na Clínica de Odontopediatria e na Clínica<br />

Integrada Infantil da Universidade Federal da Paraíba, a <strong>ansiedade</strong> e o <strong>medo</strong> <strong>infantil</strong><br />

por intermédio do Children’s Dental Fear Picture Test (CDFP) e do Venham Pictures<br />

Test (VPT), ambos modificados, e analisar os possíveis fatores influenciadores da<br />

<strong>ansiedade</strong> e do <strong>medo</strong>.<br />

3.2 Objetivos específicos<br />

• Identificar a concordância entre os instrumentos destinados ao diagnóstico do<br />

<strong>medo</strong> e <strong>ansiedade</strong> de crianças (CDFP e VPT) frente ao tratamento<br />

odontológico;<br />

• Relacionar os resultados do CDFP Modificado (CDFP-M) com: experiência<br />

odontológica dos familiares, reação das crianças ao tratamento dentário,<br />

segundo seus responsáveis, tipo de atendimento oferecido e o gênero;<br />

• Relacionar os resultados do VPT Modificado (VPT-M) com o número de<br />

consultas realizadas nas clínicas de Odontopediatria ou Integrada Infantil.


26<br />

4 METODOLOGIA<br />

4.1 Tipo do estudo<br />

Utilizou-se um desenho de estudo do tipo transversal, sendo empregada uma<br />

abordagem indutiva, com procedimento comparativo-estatístico. A técnica foi a<br />

observação direta extensiva (LAKATOS; MARCONI, 2007), por meio de um<br />

formulário e dois testes para avaliação do <strong>medo</strong> e <strong>ansiedade</strong> <strong>infantil</strong>.<br />

4.2 Considerações éticas<br />

O presente projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em<br />

Pesquisa da Secretaria Estadual de Saúde da Paraíba – CEP/SES-PB, em sua 63º<br />

Reunião Ordinária, respeitando os princípios e preceitos previstos na Resolução<br />

196/96 do CONSEP (Anexo A).<br />

Vale salientar que, antes de serem aplicados os formulários e testes, foram<br />

explicitados a importância e os objetivos do estudo para os participantes voluntários<br />

e aos mesmos solicitado que, caso concordassem em participar da pesquisa,<br />

assinassem o termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice A).<br />

4.3 Universo e amostra<br />

O universo do estudo foi constituído pelos usuários das clínicas de<br />

Odontopediatria e Integrada Infantil da UFPB, sendo composta a amostra por 32<br />

crianças e seus responsáveis legais.<br />

Foram os seguintes os critérios de inclusão adotados:


27<br />

• Criança atendida pelas clínicas de Odontopediatria e Integrada Infantil da UFPB<br />

na faixa etária de 5 a 12 a<strong>no</strong>s;<br />

• Crianças e responsáveis legais que tiverem sua participação na pesquisa<br />

autorizada, mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.<br />

Em se tratando dos critérios de exclusão, não foram selecionadas crianças que<br />

apresentassem deficiência auditiva, visual e mental.<br />

4.4 Instrumentos utilizados<br />

• Venham Pictures Test (Anexo B), adaptado por Ramos-Jorge e Pordeus<br />

(2004);<br />

• Teste Projetivo do Medo Infantil ao Tratamento Odontológico (Anexo C),<br />

modificado por Mochidome (2006);<br />

• Formulários destinados aos responsáveis legais pelas crianças (Apêndice<br />

B);<br />

• Prontuários das crianças.<br />

4.5 Coleta de dados<br />

A aplicação dos instrumentos foi realizada por um único pesquisador e após a<br />

anuência formal do responsável mediante assinatura do Termo de Consentimento<br />

Livre e Esclarecido.<br />

Venham Pictures Test Modificado (VPT-M)<br />

Foi solicitado à criança que respondesse o teste da seguinte maneira: “Eu<br />

gostaria que você apontasse para o meni<strong>no</strong>(a) que está sentido o mesmo que você<br />

está sentindo agora. Olhe cuidadosamente para o rosto das figuras e veja como elas<br />

se sentem”


28<br />

Cada par de figura foi apresentado à criança separadamente. A figura<br />

que em cada par, revelou o sentimento negativo foi incluída numa avaliação de zero<br />

a oito, sendo que o zero representa crianças não ansiosas e o oito, crianças com<br />

altos níveis de <strong>ansiedade</strong>.<br />

Teste Projetivo do Medo Infantil ao Tratamento Odontológico Modificado (CDFP-M)<br />

A coleta ocorreu em três etapas:<br />

• Subteste I: este subteste é constituído por um conjunto de dez figuras de<br />

crianças em diferentes cenários do <strong>ambiente</strong> odontológico. Para a aplicação<br />

do teste, o pesquisador sentou próximo à criança, e solicitou que ela contasse<br />

uma estória para cada uma das figuras. Estas foram apresentadas<br />

separadamente, em seqüência ordenada, e durante a aplicação do teste o<br />

pesquisador se manteve passivo, a fim de não interferir <strong>no</strong> direcionamento da<br />

narrativa.<br />

• Subteste II: este subteste foi apresentado em duas versões uma para<br />

crianças do gênero femini<strong>no</strong> e a outra para o masculi<strong>no</strong>. Cada uma contém<br />

um conjunto de cinco ilustrações de crianças em diferentes situações<br />

relacionadas à assistência odontológica. Para cada figura mostrada, o<br />

pesquisador narrou uma estória e em seguida, solicitou que a criança<br />

respondesse verbalmente e apontasse o círculo que melhor corresponde o<br />

que ela sentiu em situação semelhante.<br />

• Subteste III: esse subteste possui uma relação de 15 frases incompletas. O<br />

pesquisador instruiu a criança a completar verbalmente cada sentença, e<br />

após a leitura de cada uma, as frases serão a<strong>no</strong>tadas em formulários<br />

específicos.<br />

A avaliação dos subtestes também ocorreu em três etapas:<br />

Subteste I: Cada uma das dez figuras foi avaliada segundo a estória narrada e as<br />

crianças foram classificadas em uma das três categorias:<br />

• Com <strong>medo</strong>: crianças cautelosas, muito relutantes e hesitantes em contar<br />

estórias. Os relatos caracterizam-se pela ausência de detalhe e imaginação,<br />

além de longos períodos de silêncio. A criança da figura foi descrita como se<br />

sentindo sozinha, estranha ou com <strong>medo</strong>.<br />

• Sem <strong>medo</strong>: as crianças relataram as estórias de uma forma variada,<br />

descrevendo detalhes, usando a imaginação e freqüentemente incluindo a


29<br />

enumeração de objetos das figuras e descrição de como elas se sentiram<br />

bem em situações similares. Algumas crianças mantiveram-se mais quietas,<br />

mas diferentemente daquelas com <strong>medo</strong>, estas não hesitaram durante as<br />

respostas, não existindo longos períodos de silêncio. As figuras eram<br />

descritas como sendo o centro das atenções, personagens importantes na<br />

situação do tratamento.<br />

• Incerto: para crianças que não foram classificadas em nenhum dos outros<br />

dois grupos, devido à falta de concentração, impedindo o pesquisador de<br />

realizar a avaliação.<br />

Em seguida, realizou-se a avaliação do primeiro subteste, com base na<br />

classificação de cada uma das estórias, e os participantes foram classificados de<br />

acordo com a categoria de maior freqüência, em:<br />

● Com <strong>medo</strong>;<br />

● Sem <strong>medo</strong><br />

● Incerto.<br />

Subteste II: para cada círculo, apontado pela criança, foram estabelecidos<br />

escores: 1 (muito feliz e sem nenhum <strong>medo</strong>); 2 (sentindo-se bem e sem <strong>medo</strong>); 3<br />

(sentindo um pouco de <strong>medo</strong>) e 4 (sentindo muito <strong>medo</strong>). Assim, a avaliação do<br />

subteste II foi baseada na somatória dos pontos das cinco ilustrações com escores<br />

variando de cinco a vinte, e de acordo com a pontuação obtida, as crianças foram<br />

classificadas em uma das três categorias:<br />

• Crianças com <strong>medo</strong>: soma dos escores igual ou superior a 1<strong>2.</strong><br />

• Crianças sem <strong>medo</strong>: soma dos escores igual ou inferior a 11.<br />

• Incerto: o comportamento da criança não permitiu a avaliação do pesquisador<br />

ou as respostas foram contraditórias.<br />

Subteste III: as frases utilizadas para completar as 15 sentenças permitiram<br />

classificar as crianças em três categorias: com <strong>medo</strong>, sem <strong>medo</strong> e incerto.<br />

• Crianças com <strong>medo</strong>: frases predominantemente negativas (dor, <strong>medo</strong>,<br />

estranho, ruim, mal, etc...).<br />

• Crianças sem <strong>medo</strong>: frases predominantemente positivas (alegre, feliz, bem,<br />

gostar, etc...).


30<br />

• Incerto: quando o comportamento da criança não permitiu a avaliação do<br />

pesquisador ou as frases foram contraditórias.<br />

Formulários destinados aos responsáveis legais pelas crianças<br />

Os formulários (Apêndice B) foram aplicados após assinatura do Termo de<br />

Consentimento Livre e Esclarecido e os registros das respostas foram simultâneos<br />

<strong>no</strong>s próprios formulários, sendo os mesmos respondidos nas dependências das<br />

clínicas de Odontopediatria e Integrados Infantil da UFPB. As informações obtidas<br />

por meio dos formulários foram:<br />

• Experiência odontológica dos responsáveis legais pelas crianças;<br />

• Reação das crianças ao tratamento dentário, segundo seus responsáveis;<br />

• Tipo de tratamento já ofertado à criança (curativo ou preventivo).<br />

Prontuários<br />

Os prontuários foram analisados após a aplicação dos instrumentos<br />

supracitados, com o objetivo de verificar o número de consultas realizadas.<br />

4.6 Análise dos dados<br />

Realizou-se estatística descritiva e inferencial dos resultados, permitindo<br />

avaliação dos dados em termos de média e significância estatística. Para tanto,<br />

foram empregados o teste exato de Fisher (p valor < 0,05) e o coeficiente de<br />

correlação de Pearson (r).


31<br />

5 RESULTADOS<br />

5.1 Dados gerais da amostra<br />

Participaram dessa pesquisa 32 crianças e seus responsáveis legais. As<br />

crianças se encontravam na faixa etária de 5 a 11 a<strong>no</strong>s, destas 56,25% (n=18) eram<br />

do gênero masculi<strong>no</strong> e 43,75% (n=14) do gênero femini<strong>no</strong> (Tabela1).<br />

Tabela 1. Distribuição em valores absolutos e percentuais das crianças segundo gênero e<br />

Idade<br />

Gênero<br />

Idade das Crianças<br />

Total<br />

5 a 7 a<strong>no</strong>s 8 a 11 a<strong>no</strong>s<br />

Femini<strong>no</strong> 5<br />

(15,6%)<br />

9<br />

(28,1%)<br />

14<br />

(43,7%)<br />

Masculi<strong>no</strong> 9<br />

(28,15%)<br />

9<br />

(28,15%)<br />

18<br />

(56,3%)<br />

Total 14<br />

(43,75%)<br />

18<br />

(56,25%)<br />

32<br />

(100%)<br />

A maioria dos acompanhantes das crianças nas clínicas de Odontopediatria e<br />

Integrada <strong>infantil</strong> foram as mães (68,7%; n= 22) e de todos os responsáveis legais<br />

apenas 6,2% (n=2) apresentaram nível superior completo (Tabela 2).<br />

Tabela <strong>2.</strong> Distribuição em valores absolutos e percentuais dos responsáveis legais pelas<br />

crianças segundo grau de parentesco e escolaridade<br />

Grau de escolaridade<br />

Grau de<br />

parentesc<br />

o<br />

1º grau<br />

incomplet<br />

o<br />

Mãe 7<br />

(21,9%)<br />

Pai 0<br />

(0,0%)<br />

Avó 1<br />

(3,1%)<br />

Tia 0<br />

(0,0%)<br />

Total 8<br />

(25,0%)<br />

1º grau<br />

completo<br />

2<br />

(6,2%)<br />

2<br />

(6,2%)<br />

2<br />

(6,2%)<br />

0<br />

(0,0%)<br />

6<br />

(18,7%)<br />

2º grau<br />

incomplet<br />

o<br />

1<br />

(3,1%)<br />

1<br />

(3,1%)<br />

0<br />

(0,0%)<br />

0<br />

(0,0%)<br />

2<br />

(6,2%)<br />

2º grau<br />

completo<br />

10<br />

(31,3%)<br />

0<br />

(0,0%)<br />

2<br />

(6,2%)<br />

2<br />

(6,2%)<br />

14<br />

(43,7%)<br />

Superior<br />

incompleto<br />

0<br />

(0,0%)<br />

0<br />

(0,0%)<br />

0<br />

(0,0%)<br />

0<br />

(0,0%)<br />

0<br />

(0,0%)<br />

Superior<br />

complet<br />

o<br />

2<br />

(6,2%)<br />

0<br />

(0,0%)<br />

0<br />

(0,0%)<br />

0<br />

(0,0%)<br />

2<br />

(6,2%)<br />

Total<br />

22<br />

(68,7<br />

%)<br />

3<br />

(9,3<br />

%)<br />

5<br />

(15,6<br />

%)<br />

2<br />

(6,2<br />

%)<br />

32<br />

(100<br />

%)


32<br />

5.2 Resultados do CDFP-M<br />

5.<strong>2.</strong>1 Análise dos resultados do subteste I<br />

A análise das estórias narradas revelou que 9,4% (n=3) crianças foram<br />

classificadas na categoria “com <strong>medo</strong>”, destas 6,6% (n=2) eram do gênero femini<strong>no</strong><br />

e 3,1 % do gênero masculi<strong>no</strong>. Essas crianças já haviam realizado tratamento<br />

curativo (Tabela 3).<br />

Tabela 3. Distribuição em valores absolutos e percentuais das crianças de acordo com os<br />

resultados obtidos <strong>no</strong> subteste I, gênero e o tipo de tratamento recebido<br />

Subteste Gênero Tratamento Com Sem Incerto Total<br />

Medo Medo<br />

Masculi<strong>no</strong><br />

Preventivo 0<br />

(0,0%)<br />

3<br />

(9,4%)<br />

0<br />

(0,0%)<br />

3<br />

(9,4%)<br />

Subteste<br />

I<br />

Curativo 1<br />

(3,1%)<br />

10<br />

(31,3%)<br />

4<br />

(12,5%)<br />

15<br />

(46.9%)<br />

Total 1<br />

(3,1%)<br />

13<br />

(40,6%)<br />

4<br />

(12,5%)<br />

18<br />

(56,2%)<br />

Femini<strong>no</strong><br />

Preventivo 0<br />

(0,0%)<br />

Curativo 2<br />

(6,2%)<br />

Total 2<br />

(6,2%)<br />

5<br />

(15,6%)<br />

6<br />

(18,8%)<br />

11<br />

(34,4%)<br />

0<br />

(0,0%)<br />

1<br />

(3,1%)<br />

1<br />

(3,1%)<br />

5<br />

(15,6%)<br />

9<br />

(28,1%)<br />

14<br />

(42,7%)<br />

Os responsáveis legais foram solicitados para classificar a reação das<br />

crianças ao atendimento odontológico em: muito bem, moderadamente bem, muito<br />

mal e moderadamente mal. Essa classificação também foi utilizada para as<br />

respostas da questão “como você classifica suas próprias experiências<br />

odontológicas” e da indagação “se a criança tem irmãos, como você classifica as<br />

experiências odontológicas deles” (Figura 1). Vinte e cinco por cento dos<br />

responsáveis ficaram impossibilitados de responder este questionamento, devido à<br />

ausência de irmãos ou a não convivência das crianças com os mesmos.


33<br />

Subteste<br />

Subteste I<br />

Classificação<br />

das respostas<br />

Muito bem<br />

Moderadamente<br />

bem<br />

Muito mal<br />

Moderadamente<br />

mal<br />

Com Medo Sem Medo Incerto Total<br />

0 8 1 9<br />

(0,0%) (25,0%) (3,1%) (28,1%)<br />

0 14 1 15<br />

(0,0%) (43,7%) (3,1%) (46,8%)<br />

1 15 4 20<br />

(3,1%) (46,8%) (12,5%) (62,4%)<br />

1 12 2 15<br />

(3,1%) (37,5%) (6,2%) (46,8%)<br />

1 2 1 4<br />

(3,1%) (6,2%) (3,1%) (12,4%)<br />

2 6 1 9<br />

(6,2%) (18,8%) (3,1%) (28,1%)<br />

2 3 2 7<br />

(6,2%) (9,4%) (6,2%) (21,8%)<br />

3 1 0 4<br />

(9,3%) (3,1%) (0,0%) (12,4%)<br />

0 1 0 1<br />

(0,0%) (3,1%) (0,0%) (3,1%)<br />

0 1 0 1<br />

(0,0%) (3,1%) (0,0%) (3,1%)<br />

0 0 1 1<br />

(0,0%) (0,0%) (3,1%) (3,1%)<br />

0 2 0 2<br />

(0,0%) (6,2%) (0,0%) (6,2%)<br />

Legenda<br />

Experiência odontológica dos responsáveis<br />

Experiência odontológica dos irmãos<br />

Reação das crianças ao tratamento odontológico<br />

Figura 1. Distribuição de acordo com o subteste I dos valores absolutos e percentuais das<br />

respostas dos formulários referentes à experiência odontológica dos responsáveis,<br />

experiência dos irmãos, e classificação para a reação das crianças aos procedimentos<br />

dentários.<br />

5.<strong>2.</strong>2 Avaliação do subteste II<br />

Neste subteste 12,4% (n=4) das crianças foram classificadas na categoria<br />

“com <strong>medo</strong>”, destas apenas uma (3,1%) não havia recebido tratamento curativo<br />

(Tabela 4).


34<br />

Tabela 4. Distribuição das crianças de acordo com os resultados obtidos <strong>no</strong> subteste II,<br />

gênero e o tipo de tratamento recebido<br />

Subteste Gênero Tratamento Com Sem Incerto Total<br />

Medo Medo<br />

Masculi<strong>no</strong><br />

Preventivo 0<br />

(0,0%)<br />

3<br />

(9,4%)<br />

0<br />

(0,0%)<br />

3<br />

(9,4%)<br />

Subteste<br />

II<br />

Curativo<br />

Total<br />

2<br />

(6,2%)<br />

2<br />

(6,2%)<br />

13<br />

(40,6%)<br />

16<br />

(50,0%)<br />

0<br />

(0,0%)<br />

0<br />

(0,0%)<br />

15<br />

(46,8%)<br />

18<br />

(56,2)<br />

Femini<strong>no</strong><br />

Preventivo 1<br />

(3,1%)<br />

3<br />

(9,4%)<br />

1<br />

(3,1%)<br />

5<br />

(15,6%)<br />

Curativo 1<br />

(3,1%)<br />

8<br />

(25,0%)<br />

0<br />

(0,0%)<br />

9<br />

(28,1%)<br />

Total 2<br />

(6,2%)<br />

11<br />

(34,4%)<br />

1<br />

(3,1%)<br />

14<br />

(43,7%)<br />

As ilustrações 3 e 4 (figura 2) foram as que mais se caracterizaram por<br />

apresentar elementos indutores do <strong>medo</strong> ao tratamento odontológico (gráfico 1). Por<br />

outro lado, a ilustração 1 foi a que me<strong>no</strong>s representou <strong>medo</strong> para as crianças, de<br />

acordo com a média dos escores encontrados. Os escores e suas representações<br />

foram: 1 (para criança muito feliz e sem nenhum <strong>medo</strong>); 2 (sentindo-se bem e sem<br />

<strong>medo</strong>); 3 (sentindo um pouco de <strong>medo</strong>) e 4 (sentindo muito <strong>medo</strong>)<br />

Figura <strong>2.</strong> Ilustrações Presentes <strong>no</strong> subteste II


35<br />

Gráfico 1. Média dos escores encontrados em cada ilustração do subteste II<br />

Todas as situações presentes, representadas pelas ilustrações, <strong>no</strong> subteste II,<br />

se caracterizaram por proporcionar maior <strong>medo</strong> entre as crianças classificadas “com<br />

<strong>medo</strong>”, de acordo com o referido subteste (gráfico 2).<br />

Gráfico <strong>2.</strong> Média dos escores encontrados em cada ilustração do subteste II e a sua<br />

distribuição entre as crianças classificadas “com <strong>medo</strong>” de acordo com este subteste.<br />

As experiências odontológicas dos irmãos das crianças foram mais positivas<br />

quando comparada à dos responsáveis legais (figura 3). Não foi possível<br />

estabelecer uma relação entre as experiências supracitadas e a reação das


36<br />

crianças, segundo resposta dos responsáveis. Os participantes com <strong>medo</strong> de acordo<br />

com o subteste II, foram caracterizadas como apresentado uma reação “muito bem”.<br />

Subteste<br />

Subteste II<br />

Classificação<br />

das respostas<br />

Muito bem<br />

Moderadamente<br />

bem<br />

Muito mal<br />

Moderadamente<br />

mal<br />

Com Medo Sem Medo Incerto Total<br />

1 8 0 9<br />

(3,1%) (25,0%) (0,0%) (28,1%)<br />

2 13 0 15<br />

(6,2%) (40,6%) (0,0%) (46,8%)<br />

3 16 1 20<br />

(9,4%) (50,0%) (3,1%) (62,5%)<br />

3 11 1 15<br />

(9,4%) (34,3%) (3,1%) (46,8%)<br />

1 3 0 4<br />

(3,1%) (9,4%) (0,0%) (12,5%)<br />

0 7 2 9<br />

(0,0%) (21,9%) (6,2%) (28,1%)<br />

0 7 0 7<br />

(0,0%) (21,8%) (0,0%) (21,8%)<br />

0 3 1 4<br />

(0,0%) (9,4%) (3,1%) (12,5%)<br />

0 0 1 1<br />

(0,0%) (0,0%) (3,1%) (3,1%)<br />

0 1 0 1<br />

(0,0%) (3,1%) (0,0%) (3,1%)<br />

0 1 0 1<br />

(0,0%) (3,1%) (0,0%) (3,1%)<br />

0 2 0 2<br />

(0,0%) (6,2%) (0,0%) (6,2%)<br />

Legenda<br />

Experiência odontológica dos responsáveis<br />

Experiência odontológica dos irmãos<br />

Reação das crianças ao tratamento odontológico<br />

Figura 3. Distribuição de acordo com o subteste II dos valores absolutos e percentuais das<br />

respostas dos formulários referentes à experiência odontológica dos responsáveis,<br />

experiência dos irmãos, e classificação para a reação das crianças aos procedimentos<br />

dentários.<br />

5.<strong>2.</strong>3 Avaliação do subteste III<br />

Neste subteste nenhuma das crianças apresentou respostas<br />

predominantemente negativa, não sendo classificadas na categoria “com <strong>medo</strong>”.<br />

18,75% (n= 6) das crianças foram consideradas na categoria “incerto”, pois ou<br />

apresentaram comportamento que não permitiu a avaliação do pesquisador ou<br />

observou-se presença de frases contraditórias.<br />

As sentenças 4, 8 e 14 foram as que apresentaram maiores porcentagens de<br />

palavras negativas completadas pelas crianças. A sentença n. 4 diz “ao restaurar um


37<br />

dente, eu sinto.....” , a de n. 8 “quando eu abro a minha boca, eu sinto...”; e a de n.<br />

14 “ao ouvir o barulho do alta rotação, eu sinto...” (Gráfico 3)<br />

Gráfico 3. Número de respostas para as sentenças com ocorrência de palavras negativas<br />

completadas pelas crianças <strong>no</strong> Subteste III<br />

Não foi possível estabelecer uma relação entre as respostas dos formulários e<br />

o subteste III, uma vez que, neste subteste nenhuma criança foi classificada na<br />

categoria “com <strong>medo</strong>” (Figura 4).<br />

Subteste<br />

Subteste III<br />

Legenda<br />

Classificação<br />

das respostas<br />

Muito bem<br />

Moderadamente<br />

bem<br />

Muito mal<br />

Moderadamente<br />

mal<br />

Com Medo Sem Medo Incerto Total<br />

0 8 1 9<br />

(0,0%) (25,0%) (3,1%) (28,1%)<br />

0 14 1 15<br />

(0,0%) (43,3%) (3,1%) (46,8%)<br />

0 12 8 20<br />

(0,0%) (37,5%) (25,0%) (62,5%)<br />

0 12 3 15<br />

(0,0%) (37,5%) (9,3%) (46,8%)<br />

0 2 2 4<br />

(0,0%) (6,2%) (6,2%) (12,4%)<br />

0 7 2 9<br />

(0,0%) (21,9%) (6,2%) (28,1%)<br />

0 7 0 7<br />

(0,0%) (21,9%) (0,0%) (21,9%)<br />

0 3 1 4<br />

(0,0%) (9,3%) (3,1%) (12,4%)<br />

0 0 1 1<br />

(0,0%) (0,0%) (3,1%) (3,1%)<br />

0 1 0 1<br />

(0,0%) (3,1%) (0,0%) (3,1%)<br />

0 1 0 1<br />

(0,0%) (3,1%) (0,0%) (3,1%)<br />

0 2 0 2<br />

(0,0%) (6,2%) (0,0%) (6,2%)<br />

Experiência odontológica dos responsáveis


38<br />

Experiência odontológica dos irmãos<br />

Reação das crianças ao tratamento odontológico<br />

Figura 4. Distribuição de acordo com o subteste III dos valores absolutos e percentuais das<br />

respostas dos formulários referentes à experiência odontológica dos responsáveis,<br />

experiência dos irmãos, e classificação para a reação das crianças aos procedimentos<br />

dentários<br />

5.<strong>2.</strong>4 Avaliação dos três subtestes<br />

Na avaliação dos três subtestes, verificou-se que <strong>no</strong> subteste I, 9,4% das<br />

crianças demonstraram <strong>medo</strong>, <strong>no</strong> subteste II, 12,5% e <strong>no</strong> subteste III nenhum dos<br />

participantes apresentaram <strong>medo</strong> (tabela 5).<br />

Tabela 5. Avaliação geral dos três Subtestes<br />

Subtestes Com Medo Sem Medo Incerto Total<br />

Subteste I 3<br />

(9,4%)<br />

24<br />

(75%)<br />

5<br />

(15,6%)<br />

32<br />

(100%)<br />

Subteste II 4<br />

(12,5%)<br />

27<br />

(84,4%)<br />

1<br />

(3,1%)<br />

32<br />

(100%)<br />

Subteste III 0<br />

(0%)<br />

26<br />

(81,3%)<br />

6<br />

(18,7%)<br />

32<br />

(100%)<br />

5.3 Resultados do VPT-M<br />

Os resultados do teste VPT-M estão distribuídos em duas categorias:<br />

presença de <strong>ansiedade</strong> e pouca ou nenhuma <strong>ansiedade</strong> (Tabela 6). Verificamos<br />

presença de <strong>ansiedade</strong> em 9,4% das crianças (n=3), destas, duas (6,2%)<br />

apresentaram alto nível de <strong>ansiedade</strong> (valor igual a oito) e 3,2% (n=1) valor igual a<br />

quatro. As crianças com escores de <strong>ansiedade</strong> igual a oito eram do gênero femini<strong>no</strong>.<br />

As crianças com presença de <strong>ansiedade</strong> apresentaram número médio de<br />

consultas odontológicas inferiores aquelas classificadas com pouca ou nenhuma<br />

<strong>ansiedade</strong> (Tabela 7).


39<br />

Tabela 6. Distribuição das crianças de acordo com os resultados obtidos <strong>no</strong> VPT-M, gênero<br />

e o tipo de tratamento recebido.<br />

Gênero Tratamento Presença de<br />

<strong>ansiedade</strong><br />

Pouca ou<br />

nenhuma<br />

<strong>ansiedade</strong><br />

Total<br />

Preventivo 0<br />

3<br />

3<br />

Masculi<strong>no</strong><br />

(0,0%)<br />

(9,4%)<br />

(9,4%)<br />

Curativo 1<br />

14<br />

15<br />

(3,1%)<br />

(43,7%)<br />

(46,8%)<br />

Total 1<br />

17<br />

18<br />

(3,1%)<br />

(53,1%)<br />

(56,1%)<br />

Preventivo 0<br />

5<br />

5<br />

Femini<strong>no</strong><br />

(0,0%)<br />

(15,6%)<br />

(15,6%)<br />

Curativo 2<br />

7<br />

9<br />

(6,2%)<br />

(21,9%)<br />

(28.1%)<br />

Total 2<br />

12<br />

14<br />

(6,2%)<br />

(37,5%)<br />

(43,7%)<br />

Tabela 7. Média dos escores encontrados <strong>no</strong> teste VPT-M e do número de consultas<br />

odontológicas<br />

Resultado do VPT-M Média dos escores Média de consultas<br />

Presença de <strong>ansiedade</strong> 6,6 2,3<br />

Pouca ou nenhuma<br />

<strong>ansiedade</strong><br />

0,03 15,3<br />

Para análise da relação entre o número de consultas encontrado <strong>no</strong>s<br />

prontuários das crianças e os resultados do VPT foi utilizado o teste exato de Fisher<br />

(Tabela 8). Por intermédio deste teste, verificou-se que o número de consultas<br />

inferior ou igual a três contribui para a presença de <strong>ansiedade</strong> nas crianças (p


40<br />

Tabela 8. Distribuição em valores absolutos e percentuais das crianças de acordo com o<br />

resultado do VPT e do número de consultas odontológicas<br />

Resultado VPT Até 3 consultas Mais de 3 consultas<br />

Presença de <strong>ansiedade</strong> 3<br />

(9,4%)<br />

0<br />

(0,0%)<br />

Pouca ou nenhuma<br />

<strong>ansiedade</strong><br />

5<br />

(15,6%)<br />

24<br />

(75%)<br />

(Ho=1,13%; p-valor


41<br />

6 DISCUSSÃO<br />

6.1 Quanto ao Teste Projetivo do Medo Infantil ao Tratamento Odontológico<br />

modificado (CDFP-M)<br />

Na avaliação do <strong>medo</strong> <strong>infantil</strong> à assistência odontológica utilizou-se o CDFP,<br />

o qual foi proposto por Klingberg e Hwang (1994) e modificado por Mochidome<br />

(2006), para aplicação em crianças brasileiras. Na presente pesquisa foram<br />

realizadas mudanças em relação aos requisitos e metodologia sugeridos pelos<br />

autores como, por exemplo, a idade das crianças, local de aplicação.<br />

Klingberg e Hwang (1994) avaliaram o <strong>medo</strong> em crianças na faixa etária de 4<br />

a 12 a<strong>no</strong>s de idade e Mochidome (2006) em crianças de 6 a 7 a<strong>no</strong>s, aplicando o<br />

teste em <strong>ambiente</strong> escolar. A faixa etária selecionada para este estudo foi de 5 a 11<br />

a<strong>no</strong>s de idade, uma vez que, se encontrava dentro do intervalo etário proposto pelos<br />

elaboradores do teste.<br />

No Brasil, o CDFP foi inicialmente aplicado por Castro (2003), após obter<br />

autorização para a sua utilização. A aplicação do teste é longa e as crianças<br />

necessitavam de uma concentração para relatar ou responder o que foi pedido<br />

(MOCHIDOME, 2006). Na presente pesquisa as crianças foram me<strong>no</strong>s participativas<br />

na aplicação do subteste I e III quando comparado ao subteste II. Uma possível<br />

explicação estaria na necessidade de uma maior concentração dos participantes<br />

naqueles subtestes e este último ser um subteste objetivo. No subteste I 15,1% das<br />

crianças não foram colaboradoras e <strong>no</strong> subteste III 28,3%. Respostas como “não<br />

sei”, “sei lá” ou silêncio prolongado diante dos subtestes não permitiram a<br />

classificação dessas crianças na categoria “com <strong>medo</strong>” ou “sem <strong>medo</strong>”.<br />

Os resultados dos subtestes I, II e III não foram similares aos valores obtidos<br />

por Klingberg e Hwang (1994), Castro (2003) e Mochidome (2006). Este fato<br />

provavelmente pode ser atribuído a vários motivos, como diferenças na faixa etária,<br />

critérios de seleção e perfil da amostra.<br />

Quanto à caracterização da população estudada, deve ser apontado que o<br />

presente estudo avaliou o <strong>medo</strong> ao tratamento odontológico em pacientes<br />

considerados de baixo poder aquisitivo, que freqüentavam as clínicas de


42<br />

Odontopediatria e Integrada Infantil da Universidade Federal da Paraíba. Em relação<br />

a este aspecto, o estudo de Mochidome (2006) avaliou o <strong>medo</strong> ao tratamento<br />

odontológico em pacientes de uma escola freqüentada por alu<strong>no</strong>s de bom poder<br />

aquisitivo, cujos pais, em sua maioria foram funcionários públicos.<br />

Os resultados do subteste I mostraram que apenas 9,3% dos pacientes que<br />

receberam o tratamento curativo ou preventivo, foram avaliados “com <strong>medo</strong>”, 75,0%<br />

“sem <strong>medo</strong>” e 15,6 % como “incerto”. Para Mochidome (2006) 5% foram avaliados<br />

“com <strong>medo</strong>” do tratamento odontológico, 95% “sem <strong>medo</strong>”,não ocorrendo avaliação<br />

de incerto; e <strong>no</strong> estudo de Klingberg e Hwang (1994), 26,0% dos pacientes na<br />

categoria “com <strong>medo</strong>”, 50,0% na categoria “sem <strong>medo</strong>” e 24,0% classificados como<br />

“incerto”.<br />

A partir da análise das figuras 1, 3 e 4 verificou-se que os responsáveis legais<br />

utilizaram com me<strong>no</strong>r freqüência a expressão “muito bem” quando classificaram<br />

suas experiências odontológicas. Não foi possível estabelecer uma relação entre a<br />

presença de <strong>medo</strong> nas crianças e a experiência odontológica dos familiares, devido<br />

a diferença entre os resultados do subteste I e II.<br />

Também não foi possível estabelecer uma relação entre a presença de <strong>medo</strong><br />

nas crianças e à reação dessas crianças ao tratamento odontológico, pois os<br />

participantes que apresentaram <strong>medo</strong> de acordo com os subtestes I, II foram<br />

categorizados de acordo com a reação: muito bem ou moderadamente bem.<br />

O subteste II revelou que 12,5% das crianças foram avaliadas “com <strong>medo</strong>”,<br />

84,4% “sem <strong>medo</strong>” e 3,1% como “incerto”. Mochidome (2006) revelou que 7,5% dos<br />

participantes sentiram <strong>medo</strong> à assistência odontológica, 92,5% não apresentavam<br />

este sentimento, não havendo nenhuma avaliação de “incerto”. Klingberg e Hwang<br />

(1994) classificaram 20,0% das crianças “com <strong>medo</strong>”, 54,0% em “sem <strong>medo</strong>” e<br />

26,0% em “incerto”.<br />

De acordo com os dados do subteste III, nenhuma das crianças foram<br />

avaliadas “com <strong>medo</strong>”, 81,3% “sem <strong>medo</strong>” e 18,7% como “incerto”. Mochidome<br />

(2003) verificou 2,5% na categoria “com <strong>medo</strong>”, 97,5% não apresentaram <strong>medo</strong> ao<br />

tratamento odontológico e <strong>no</strong>vamente não houve classificação na categoria “incerto”.<br />

Klingberg e Hwang (1994) relataram que 33,0% das crianças mostraram-se “com<br />

<strong>medo</strong>”, 54,0% apresentaram-se “sem <strong>medo</strong>”, e 16,0% foram avaliadas na categoria<br />

“incerto”.


43<br />

O subteste III consiste em completar sentenças, sendo que das quinze,<br />

apenas cinco estão relacionadas ao dentista e à procedimentos curativos. Essa<br />

característica do subteste contribui para que na análise das quinze sentenças<br />

nenhum dos resultados apresentasse frases predominantemente negativas. As<br />

palavras e frases mais freqüentemente utilizadas pelas crianças avaliadas na<br />

categoria “sem <strong>medo</strong>” foram: adoro, feliz, legal, alegre, gosto.<br />

As sentenças 4, 8 e 14 foram as que apresentaram maiores porcentagens de<br />

palavras negativas completadas pelas crianças. A sentença n. 4 diz “ao restaurar um<br />

dente, eu sinto.....” , a de n. 8 “quando eu abro a minha boca, eu sinto...”; e a de n.<br />

14 “ao ouvir o barulho do alta rotação, eu sinto...”. De forma semelhante ao<br />

encontrado por Mochidome (2006).<br />

No subteste I, somente pacientes submetidos a tratamento curativo<br />

apresentaram <strong>medo</strong> ao tratamento odontológico, sendo que das quatorze meninas<br />

duas (6,2%) foram avaliadas na categoria “com <strong>medo</strong>” e em relação ao gênero<br />

masculi<strong>no</strong> foi apenas 3,1%. Para o subteste II quatro crianças apresentaram <strong>medo</strong><br />

(12,4%), onde 6,2% era do gênero masculi<strong>no</strong>. No gênero femini<strong>no</strong> a distribuição das<br />

crianças foi equivalente de acordo com o tipo de atendimento recebido. No subteste<br />

III nenhuma das crianças foram classificadas com <strong>medo</strong>. Portanto, assim como <strong>no</strong><br />

estudo de Mochidome (2006) a maiorias das crianças apresentou-se sem <strong>medo</strong> ao<br />

tratamento odontológico independente do gênero e do tipo de atendimento recebido.<br />

Este fato pode ser atribuído a diferentes motivos como o atendimento<br />

odontológico realizado na UFPB por especialistas na área e ao longo período de<br />

acompanhamento dessas crianças por esses especialistas.<br />

A avaliação do CDFP é subjetiva, mas a concordância inter-examinadores na<br />

avaliação global para Castro (2003) foi de 88,89% e para Klingberg e Hwang (1994)<br />

foi de 82,50%. Assim, considerando ser um teste com concordância<br />

interexaminadores de moderada a alta, esta pesquisa foi conduzida somente por um<br />

pesquisador.<br />

6.2 Quanto ao Venham Pictures Test (VPT)


44<br />

No presente estudo, a observação da <strong>ansiedade</strong> foi realizada a partir do uso<br />

do VPT. Apesar do idealizador do teste utilizá-lo para aplicação em idade préescolar,<br />

na pesquisa o instrumento foi escolhido por ser considerado de fácil<br />

administração e demandar pouco tempo. Outro motivo foi a presença de pesquisa<br />

na literatura que utiliza o VPT em crianças com a faixa etária presente neste estudo.<br />

Goés et al (2010) aplicaram o VPT em pacientes infantis da Universidade<br />

Federal de Pernambuco, sendo a amostra composta por 44 pacientes infantis, de<br />

ambos os sexos, inscritos nas referidas clínicas, na faixa etária entre 3 e 12 a<strong>no</strong>s de<br />

idade. Já Topaloglu-Ak et al (2007) utilizaram o VPT em 518 crianças de 6 a 7 a<strong>no</strong>s,<br />

na cidade de Izmir, Turquia.<br />

O VPT foi aplicado antes do início do tratamento odontológico, com o paciente<br />

na cadeira do cirurgião dentista. Essa metodologia é diferente da utilizada por Góes<br />

et al (2010), Venham et al (1977) e Topaloglu-Ak et al. (2007). Aqueles aplicaram o<br />

instrumento antes e após o tratamento odontológico e <strong>no</strong> trabalho de Topaloglu-Ak et<br />

al (2007) as figuras só foram mostradas para as crianças <strong>no</strong> final do tratamento.<br />

Para Topaloglu-Ak et al (2007) as crianças podem se sentir mais relaxadas<br />

após o tratamento, portanto os autores consideraram que a avaliação do teste foi de<br />

forma mais positiva. Eles observaram casos em que crianças choravam durante o<br />

processo de tratamento, sem que isso fosse refletido na escolha das imagens.<br />

Portanto nesta pesquisa, optou-se pela aplicação do teste antes do tratamento, por<br />

acreditar que nesse momento as crianças poderiam estar mais ansiosas.<br />

O uso de diferentes testes para a avaliação da <strong>ansiedade</strong> odontológica<br />

dificulta a comparação dos resultados presentes <strong>no</strong>s estudos. Utilizou-se na<br />

pesquisa a metodologia sugerida por Goés et al (2010), que distribuiu os resultados<br />

do VPT em duas categorias: presença de <strong>ansiedade</strong> e pouca ou nenhuma<br />

<strong>ansiedade</strong>.<br />

A média dos escores encontrados (Tabela 7) variou entre 0,03 e 6,6. No<br />

trabalho de Topaloglu-Ak et al (2007) a variação encontrada para os diferentes<br />

grupos do estudo ficou entre 0,8 e 2,0.<br />

Verificamos presença de <strong>ansiedade</strong> em 9,4% das crianças (n=3), portanto a<br />

freqüência de <strong>ansiedade</strong> encontrada foi baixa. Topaloglu-Ak et al (2007) também<br />

relataram que a grande maioria das crianças não apresentou <strong>ansiedade</strong>, entretanto<br />

não expuseram em seu estudo a freqüência encontrada. Assim com Topaloglu-Ak et<br />

al (2007), Góes et al (2010) e Venham et al (1977) também não especificaram.


45<br />

Diversos estudos têm demonstrado variação na freqüência de <strong>ansiedade</strong><br />

(BOTTAN et al, 2007; OLIVEIRA; COLARES, 2009; SINGH et al, 2009). Bottan et al<br />

(2007) foram os autores que apresentam a freqüência mais distante do valor<br />

encontrado na presente pesquisa. Dentre os indivíduos ansiosos os pesquisadores<br />

encontraram um total de 30% para os graus moderado e exacerbado. A pesquisa foi<br />

realizada em escolares de 9 a 17 a<strong>no</strong>s, de três escolas públicas situadas <strong>no</strong><br />

perímetro urba<strong>no</strong> do município de Campos Novos (SC). O instrumento para coleta<br />

de dados foram questionários adaptados da escala Dental Anxiety Scale (DAS) e<br />

Dental Fear Survey (DFS).<br />

A grande variação entre os estudos parece ser atribuída à presença de<br />

distintos testes, diferenças quanto aos procedimentos metodológicos, tais como<br />

definição amostral, adequação de escalas psicométricas, faixa etária dos<br />

pesquisados, agrupamento de dados para análise.<br />

Por intermédio do teste exato de Fisher (Tabela 8) verificou-se que o número<br />

de consultas inferior ou igual a três contribui para a presença de <strong>ansiedade</strong> nas<br />

crianças (p


46<br />

Os resultados obtidos <strong>no</strong>s subtestes do CDFP-M e <strong>no</strong> VPT-M para cada<br />

criança foram analisados por intermédio do coeficiente da correlação de Pearson (r),<br />

obtendo-se correlação positiva baixa. Esse resultado poderia estar relacionado à<br />

eficácia dos testes e ao caráter subjetivo dos subtestes I e III do CDFP-M.


47<br />

7 CONCLUSÃO<br />

Com base na metodologia utilizada para o presente trabalho e na<br />

interpretação dos dados, pode-se concluir que:<br />

• o CDFP-M e o VPT-M apresentam correlação positiva baixa;<br />

• não foi possível estabelecer uma relação entre a presença de <strong>medo</strong> nas<br />

crianças com: a reação dessas crianças ao tratamento odontológico e a<br />

experiência odontológica dos familiares;<br />

• a maioria das crianças apresentou-se sem <strong>medo</strong> ao tratamento odontológico<br />

independente do gênero e do tipo de atendimento recebido;<br />

• o atendimento do tipo curativo influenciou a presença de <strong>ansiedade</strong>.


48<br />

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51<br />

ANEXOS<br />

Anexo A – Certidão do Comitê de Ética em Pesquisa


52<br />

Anexo B - VPT modificado<br />

Figura 1 do teste VPT modificado (menina branca)


Figura 2 do teste VPT modificado (menina negra)<br />

53


Figura 3 do teste VPT modificado (meni<strong>no</strong> branco)<br />

54


Figura 4 do teste VPT modificado (meni<strong>no</strong> negro)<br />

55


56<br />

Anexo C - CDFP modificado<br />

Subteste I:<br />

Iniciais do <strong>no</strong>me:________<br />

Ilustração n.1<br />

Idade:_______<br />

Ilustração n.2<br />

1 Com Medo Sem <strong>medo</strong> Incerto<br />

2 Com Medo Sem <strong>medo</strong> Incerto


57<br />

Ilustração n.3<br />

3 Com Medo Sem <strong>medo</strong> Incerto<br />

Ilustração n.4<br />

4 Com Medo Sem <strong>medo</strong> Incerto


58<br />

Ilustração n.5<br />

5 Com Medo Sem <strong>medo</strong> Incerto<br />

Ilustração n.6<br />

6 Com Medo Sem <strong>medo</strong> Incerto


59<br />

Ilustração 7<br />

7 Com Medo Sem <strong>medo</strong> Incerto<br />

Ilustração 8<br />

8 Com Medo Sem <strong>medo</strong> Incerto


60<br />

Ilustração 9<br />

9 Com Medo Sem <strong>medo</strong> Incerto<br />

Ilustração 10<br />

10 Com Medo Sem <strong>medo</strong> Incerto


61<br />

Subteste II:<br />

Ilustração 1


Ilustração 2<br />

62


Ilustração 3<br />

63


Ilustração 4<br />

64


Ilustração 5<br />

65


Subteste III:<br />

66


67<br />

Anexo D – Autorização para realização da pesquisa nas dependências da<br />

clínica


68<br />

APÊNDICES<br />

Apêndice A- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido<br />

Título do Projeto: “Ansiedade e Medo Infantil <strong>no</strong> Ambiente Odontopediatrico:<br />

Diagnóstico e Correlação dos Fatores Influenciadores”<br />

Pesquisador Responsável: Ana Maria Gondim Valença<br />

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO<br />

Prezado (a) Senhor (a)<br />

Somos cirurgiões-dentistas e pesquisadores e estamos realizando um estudo<br />

com o objetivo de diag<strong>no</strong>sticar e correlacionar os possíveis fatores influenciadores<br />

da <strong>ansiedade</strong> e do <strong>medo</strong> <strong>infantil</strong>. Essa pesquisa é importante porque irá fornecer<br />

informações científicas para maior compreensão do comportamento <strong>infantil</strong> frente ao<br />

atendimento odontológico. Nesse trabalho, serão aplicados dois testes para<br />

verificação da <strong>ansiedade</strong> e <strong>medo</strong> da criança e um formulário aos seus responsáveis<br />

legais. Informamos que esta pesquisa não oferece riscos, nem qualquer meio de<br />

discriminação dos participantes do estudo. Informamos que a sua participação é<br />

voluntária e que não será prejudicado de forma nenhuma caso não queira participar<br />

do estudo, sendo também garantido ao participante o direito de desistir da pesquisa,<br />

em qualquer tempo, sem que essa decisão o prejudique. Todas as informações<br />

obtidas em relação a esse estudo permanecerão em sigilo, assegurando proteção<br />

de sua imagem e respeitando valores morais, culturais, religiosos, sociais e éticos.<br />

Os resultados dessa pesquisa poderão ser apresentados em congressos ou<br />

publicações científicas, porém sua identidade não será divulgada nestas<br />

apresentações, nem serão utilizadas quaisquer imagens ou informações que<br />

permitam a sua identificação.<br />

Esperando contar com o seu apoio, desde já agradecemos a sua colaboração.


69<br />

Contato com o pesquisador responsável:<br />

Caso necessite de maiores informações sobre o presente estudo, favor ligar para o<br />

pesquisador Prof. Dra. Ana Maria Gondim Valença. Telefone (83) 99864397,<br />

endereço: Av. Jacineto Dantas, 94/206 – Manaíra.E-mail: anaval@terra.com.br<br />

Atenciosamente<br />

A coordenação de Pesquisa<br />

AUTORIZAÇÃO<br />

Após ter sido informado sobre a finalidade da pesquisa “Ansiedade e Medo Infantil<br />

<strong>no</strong> Ambiente Odontopediatrico: Diagnóstico e Correlação dos Fatores<br />

Influenciadores”,<br />

AUTORIZO a realização do exame:<br />

João Pessoa, _____ de _________________ de 2010.<br />

_______________________________<br />

Assinatura do participante voluntário<br />

______________________________<br />

Assinatura do pesquisador responsável


70<br />

Apêndice B - Formulário<br />

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA<br />

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE<br />

DEPARTAMENTO DE CLÍNICA E ODONTOLOGIA RESTAURADORA<br />

Tema: Ansiedade e Medo Infantil <strong>no</strong> Ambiente Odontopediatrico: Diagnóstico e<br />

Correlação dos Fatores Influenciadores<br />

Dados do responsável:<br />

Grau de parentesco: __________<br />

Idade: ____<br />

Escolaridade: _______<br />

Dados da criança:<br />

Sexo: ________<br />

Idade:_____<br />

1. A criança já recebeu atendimento odontológico antes<br />

Sim Não<br />

<strong>2.</strong> O atendimento recebido foi do tipo:<br />

Curativo Preventivo Curativo e Preventivo<br />

3. Como você acha que a criança reage aos procedimentos odontológicos<br />

Muito Mal Moderadamente Mal Moderadamente Bem Muito Bem<br />

4. Se a criança tem irmãos, como você classifica as experiências odontológicas<br />

deles<br />

Muito Mal Moderadamente Mal Moderadamente Bem Muito Bem<br />

5. Como você classifica suas próprias experiências odontológicas<br />

Muito Mal Moderadamente Mal Moderadamente Bem Muito Bem


71<br />

Apêndice C - Resultados obtidos <strong>no</strong>s subtestes do CDFP-M e <strong>no</strong> VPT para<br />

cada criança<br />

Subteste I do Subteste II do Subteste III do<br />

Crianças VPT CDFP CDFP<br />

CDFP<br />

1 0 0 0 0<br />

2 0 0 0 0<br />

3 0 0 0 1<br />

4 0 1 0 1<br />

5 0 0 0 0<br />

6 0 0 0 0<br />

7 0 0 0 0<br />

8 4 0 0 0<br />

9 0 0 0 0<br />

10 0 1 0 0<br />

11 0 0 0 0<br />

12 0 0 0 0<br />

13 0 0 0 0<br />

14 0 0 0 0<br />

15 0 0 1 1<br />

16 0 0 0 0<br />

17 0 2 2 0<br />

18 0 1 0 1<br />

19 0 0 0 0<br />

20 0 0 2 0<br />

21 0 0 0 0<br />

22 8 0 2 1<br />

23 0 0 0 0<br />

24 0 1 0 0<br />

25 0 0 2 0<br />

26 0 1 0 0<br />

27 0 0 0 0<br />

28 0 0 0 0<br />

29 8 2 0 0<br />

30 1 0 0 0<br />

31 0 0 0 0<br />

32 0 0 0 0

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