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A comunicação nos órgãos públicos Rio - Tribunal de Contas do ...

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COMUNICAÇÃO NOS ÓRGÃOS PÚBLICOS<br />

Vale registrar, a propósito, o que,<br />

já no início <strong>do</strong>s a<strong>nos</strong> 1980, escrevia<br />

Candi<strong>do</strong> Teobal<strong>do</strong> <strong>de</strong> Souza Andra<strong>de</strong><br />

(1982, p. 81-92). Ao discorrer sobre<br />

os fundamentos <strong>de</strong> relações públicas<br />

governamentais, o autor enumerava<br />

vários itens, <strong>de</strong>ntre os quais sobressaem<br />

alguns que são bem pertinentes ao que<br />

está sen<strong>do</strong> aborda<strong>do</strong> neste artigo. Para o<br />

autor, o direito <strong>do</strong> cidadão à informação e<br />

o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> informar <strong>do</strong>s governantes estão<br />

sustenta<strong>do</strong>s pela Declaração Universal <strong>do</strong>s<br />

Direitos <strong>do</strong> Homem, sen<strong>do</strong> esse o primeiro<br />

direito <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática; a<br />

administração pública não po<strong>de</strong> funcionar<br />

sem a compreensão <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s<br />

e <strong>de</strong> seus processos; a separação entre<br />

governantes e governa<strong>do</strong>s é consequência<br />

principalmente da falta <strong>de</strong> informação;<br />

cabe ao governo manter abertas as fontes<br />

<strong>de</strong> informação e os canais <strong>de</strong> <strong>comunicação</strong>;<br />

o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>mocrático <strong>de</strong>ve proteger e<br />

facilitar a formação da opinião pública<br />

contra influências perniciosas e <strong>de</strong> grupos<br />

<strong>de</strong> pressão com interesses ilegítimos,<br />

ou seja, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o interesse público;<br />

além disso, ele tem que ser sincero e<br />

transparente, informan<strong>do</strong> sobre tu<strong>do</strong> o<br />

que fez, inclusive seus erros e as medidas<br />

tomadas para corrigi-los.<br />

Weber (2011, p.111), ao <strong>de</strong>stacar<br />

o papel <strong>de</strong> relações públicas, consi<strong>de</strong>ra<br />

como ativida<strong>de</strong>s específicas <strong>de</strong>ssa área as<br />

que “abrangem formas <strong>de</strong> relacionamento<br />

da instituição como uso <strong>de</strong> procedimentos,<br />

instrumentos e canais que permitem o<br />

diálogo personaliza<strong>do</strong> entre um cidadão<br />

(ou um grupo restrito <strong>de</strong> cidadãos)<br />

e o agente público”. Abrir canais <strong>de</strong><br />

<strong>comunicação</strong> com os <strong>públicos</strong>, a opinião<br />

pública e a socieda<strong>de</strong> em geral <strong>de</strong>ve<br />

ser parte primordial <strong>de</strong> uma política <strong>de</strong><br />

<strong>comunicação</strong> <strong>do</strong>s sistemas e das assessorias<br />

/coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>rias <strong>de</strong> <strong>comunicação</strong> <strong>do</strong>s<br />

<strong>órgãos</strong> <strong>públicos</strong> estatais.<br />

Um estu<strong>do</strong> teórico e aplica<strong>do</strong> que<br />

po<strong>de</strong> ilustrar bem isso é o <strong>de</strong> Ana Lúcia<br />

Novelli (2010), que salienta o papel<br />

<strong>do</strong> po<strong>de</strong>r legislativo na formulação<br />

<strong>de</strong> políticas públicas e na abertura <strong>de</strong><br />

canais <strong>de</strong> <strong>comunicação</strong> como garantia<br />

<strong>de</strong> transparência. A autora relata a<br />

bem-sucedida experiência <strong>de</strong>senvolvida,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1997, pela Secretaria Especial<br />

<strong>de</strong> Comunicação Social <strong>do</strong> Sena<strong>do</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral, com o “Alô Sena<strong>do</strong>!”, um serviço<br />

<strong>de</strong> atendimento ao cidadão que tem<br />

possibilita<strong>do</strong> uma aproximação direta <strong>do</strong><br />

parlamento com a socieda<strong>de</strong>. A autora<br />

<strong>de</strong>monstra a eficácia <strong>de</strong>sse canal, que<br />

tem permiti<strong>do</strong> a participação ativa da<br />

opinião pública. Seu estu<strong>do</strong> mostra<br />

como a opinião pública po<strong>de</strong> exercer<br />

impactos e influenciar a formação <strong>de</strong><br />

políticas públicas e a responsabilida<strong>de</strong><br />

das instituições <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> na gestão<br />

<strong>do</strong>s seus meios <strong>de</strong> <strong>comunicação</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

que as instituições públicas promovam<br />

oportunida<strong>de</strong>s reais e bem planejadas <strong>de</strong><br />

interlocução com seus <strong>públicos</strong>.<br />

Em síntese, cabe às relações públicas,<br />

em suas práticas nas instituições e<br />

organizações, <strong>de</strong>sempenhar suas funções<br />

administrativa, estratégica, media<strong>do</strong>ra<br />

e política (Kunsch, 2003), que norteiam<br />

a realização <strong>de</strong> inúmeras ativida<strong>de</strong>s.<br />

Planejar e administrar estrategicamente a<br />

<strong>comunicação</strong>, superan<strong>do</strong> a antiga a<strong>do</strong>ção<br />

da pura e simples função técnica <strong>de</strong><br />

assessoria <strong>de</strong> imprensa, <strong>de</strong> divulgação e <strong>de</strong><br />

produção midiática, <strong>de</strong>ve ser a tônica das<br />

práticas <strong>de</strong> relações públicas e mesmo <strong>do</strong><br />

jornalismo, como direi mais adiante.<br />

Enfim, enten<strong>do</strong> que a área <strong>de</strong> relações<br />

públicas po<strong>de</strong>ria e <strong>de</strong>veria contribuir <strong>de</strong><br />

uma forma muito mais expressiva e efetiva<br />

na atuação da <strong>comunicação</strong> pública e<br />

governamental. É o que procurei salientar<br />

em publicações anteriores:<br />

No âmbito <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, quantas<br />

ações construtivas po<strong>de</strong>riam<br />

ser realizadas para contemplar<br />

as carências, necessida<strong>de</strong>s da<br />

população e <strong>do</strong>s cidadãos! É notório<br />

como o po<strong>de</strong>r público subestima o<br />

potencial <strong>de</strong> relações públicas,<br />

priorizan<strong>do</strong> a propaganda e a<br />

assessoria <strong>de</strong> imprensa, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> realizar ações comunicativas<br />

proativas e empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>ras com<br />

vista ao <strong>de</strong>senvolvimento integral<br />

da socieda<strong>de</strong> (Kunsch, 2007, p.<br />

177).<br />

No trabalho <strong>de</strong> parceria entre o público<br />

e o priva<strong>do</strong>, por exemplo, cabe à área <strong>de</strong><br />

relações públicas um importante papel.<br />

Por meio <strong>do</strong> terceiro setor ou em conjunto<br />

com ele, po<strong>de</strong>rá promover mediações<br />

entre o esta<strong>do</strong> e a iniciativa privada,<br />

repensan<strong>do</strong>-se o conteú<strong>do</strong>, as formas, as<br />

estratégias, os instrumentos, os meios e as<br />

linguagens das ações comunicativas com<br />

os mais diferentes grupos envolvi<strong>do</strong>s, a<br />

opinião pública e a socieda<strong>de</strong> como um<br />

to<strong>do</strong>.<br />

Outra subárea da <strong>comunicação</strong><br />

institucional é a <strong>de</strong> jornalismo, um<br />

campo que abre amplas possibilida<strong>de</strong>s<br />

no tocante às práticas da <strong>comunicação</strong><br />

pública e governamental. No contexto<br />

<strong>de</strong> toda a convergência das mídias, é<br />

gran<strong>de</strong> a varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> instrumentos e<br />

ações disponíveis, envolven<strong>do</strong> veículos<br />

impressos e eletrônicos, mídias sociais,<br />

agências <strong>de</strong> notícias, reportagens,<br />

entrevistas etc., bem como a organização<br />

das fontes <strong>de</strong> informação e <strong>de</strong> prestação<br />

<strong>de</strong> contas à socieda<strong>de</strong>, que <strong>de</strong>vem constar<br />

da pauta diária.<br />

A informação jornalística <strong>de</strong>ve ser<br />

fundamentada e guiada pelos seguintes<br />

valores: “ouvir” a socieda<strong>de</strong> – ser sensível às<br />

<strong>de</strong>mandas sociais e políticas; verda<strong>de</strong> – ser<br />

transparente, pois os receptores precisam<br />

ser respeita<strong>do</strong>s e os fatos publica<strong>do</strong>s/<br />

divulga<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m ser objeto <strong>de</strong> verificação,<br />

análise e comentários; rapi<strong>de</strong>z – aten<strong>de</strong>r<br />

às <strong>de</strong>mandas sociais com a maior presteza<br />

possível; sincerida<strong>de</strong> – elucidar fatos que<br />

merecem esclarecimento <strong>do</strong>s diversos<br />

segmentos (cidadão, entida<strong>de</strong>s, socieda<strong>de</strong><br />

civil, opinião pública, imprensa etc.);<br />

cordialida<strong>de</strong> – uma marca que <strong>de</strong>ve guiar<br />

as relações entre fontes governamentais<br />

e a mídia; e credibilida<strong>de</strong> – a confiança na<br />

fonte é algo imprescindível.<br />

Uma terceira subárea da <strong>comunicação</strong><br />

institucional é a <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> e<br />

propaganda institucional e <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong><br />

pública, cujas práticas estão centradas<br />

em campanhas e em sua veiculação<br />

nas mídias. Os gover<strong>nos</strong> <strong>de</strong>veriam<br />

fazer propaganda/publicida<strong>de</strong> paga A<br />

socieda<strong>de</strong> tem conhecimento <strong>do</strong>s milhões<br />

que são investi<strong>do</strong>s na mídia paga pelos<br />

gover<strong>nos</strong> municipal, estadual e fe<strong>de</strong>ral<br />

em todas as esferas <strong>do</strong>s três po<strong>de</strong>res<br />

Acredito que a publicida<strong>de</strong> governamental<br />

<strong>de</strong>va ter como princípio fundamental o<br />

caráter <strong>de</strong> interesse e <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública<br />

e não a ênfase nas glórias e conquistas<br />

<strong>do</strong>s fazeres <strong>de</strong> um governo. Aí se justifica<br />

a veiculação paga. A propaganda <strong>de</strong>ve<br />

procurar informar e esclarecer o cidadão<br />

sobre seus direitos e <strong>de</strong>veres, bem como<br />

8 janeiro 2012 - n. 49 Revista TCMRJ

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