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A comunicação nos órgãos públicos Rio - Tribunal de Contas do ...

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Palavras <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte<br />

A<br />

<strong>comunicação</strong>, tema <strong>do</strong> atual número da Revista<br />

TCMRJ, é <strong>de</strong> capital importância para a administração<br />

pública, o que enseja uma reflexão sobre o seu<br />

papel, seus limites e suas responsabilida<strong>de</strong>s.<br />

Nos <strong>órgãos</strong> <strong>públicos</strong>, além da publicida<strong>de</strong> e divulgação<br />

<strong>de</strong> seus atos, obe<strong>de</strong>cen<strong>do</strong> aos mandamentos constitucionais,<br />

a <strong>comunicação</strong> se caracteriza, notadamente, pela necessária<br />

interlocução com os cidadãos, pelo permanente diálogo com a<br />

socieda<strong>de</strong>, atuan<strong>do</strong> como um canal <strong>de</strong> reivindicação <strong>de</strong> direitos<br />

e <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa da cidadania.<br />

Existem três instâncias distintas <strong>de</strong> <strong>comunicação</strong>: a pública,<br />

que se refere à interação e ao fluxo <strong>de</strong> informação, vincula<strong>do</strong>s a temas <strong>de</strong> interesse<br />

coletivo; a governamental, que se encarrega da informação e <strong>do</strong> relacionamento entre<br />

o Executivo e a socieda<strong>de</strong>; e, por fim, a política, que diz respeito ao discurso e a ação<br />

<strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a conquistar a opinião pública em relação a i<strong>de</strong>ias ou ativida<strong>de</strong>s relacionadas<br />

com o po<strong>de</strong>r.<br />

É incontestável a importância da <strong>comunicação</strong> pública para a <strong>de</strong>mocracia, ten<strong>do</strong> em<br />

vista que a transparência, o diálogo e o <strong>de</strong>bate são essenciais no regime <strong>de</strong>mocrático.<br />

Para<strong>do</strong>xalmente, alguns membros <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas instituições públicas utilizam-na<br />

<strong>de</strong> forma anti<strong>de</strong>mocrática, confundin<strong>do</strong> aqueles três conceitos e âmbitos <strong>de</strong> atuação a<br />

que me referi anteriormente, a pública, a governamental e a política, aten<strong>do</strong>-se, exclusivamente,<br />

a esta última, no que tange ao objetivo <strong>de</strong> atrair, a qualquer preço, a opinião<br />

pública. No afã incontrolável da autopromoção, utilizam-se <strong>do</strong>s <strong>órgãos</strong> <strong>de</strong> <strong>comunicação</strong><br />

para levantar suspeitas e acusar membros <strong>de</strong> instituições públicas e até mesmo os<br />

próprios Po<strong>de</strong>res da República, atingin<strong>do</strong> sua credibilida<strong>de</strong>, atacan<strong>do</strong> sua imagem e<br />

infringin<strong>do</strong> os direitos e garantias individuais <strong>de</strong> ampla <strong>de</strong>fesa e <strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> processo<br />

legal. Servem-se da mídia – ou vice-versa – para atingir seus objetivos particulares,<br />

movi<strong>do</strong>s, única e exclusivamente, pela vaida<strong>de</strong> e caprichos pessoais.<br />

Acusam, <strong>de</strong>smoralizam, aviltam e con<strong>de</strong>nam as instituições e os Po<strong>de</strong>res, através<br />

<strong>do</strong>s meios <strong>de</strong> <strong>comunicação</strong>, num processo quase irreversível <strong>de</strong> recuperação da honra<br />

e da dignida<strong>de</strong> atingidas. Tu<strong>do</strong> em nome da satisfação <strong>de</strong> uma alegada opinião pública,<br />

que, convenhamos, não se po<strong>de</strong> sequer aferir, e que, muitas vezes, é formada e construída<br />

por setores da própria mídia. Alenta<strong>do</strong>s pelos meios <strong>de</strong> <strong>comunicação</strong>, tornam-se<br />

reféns <strong>de</strong> sua envai<strong>de</strong>cida e ilusória imagem pessoal, sem qualquer compromisso com<br />

o interesse público, fornecen<strong>do</strong>-lhes, precipitadamente, informações privilegiadas, sem<br />

qualquer preocupação com a apuração da verda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>s, até mesmo<br />

em flagrante <strong>de</strong>srespeito à ética <strong>de</strong> suas funções e cargos <strong>públicos</strong>.<br />

O Po<strong>de</strong>r Judiciário, guardião máximo da <strong>de</strong>mocracia e <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>mocrático<br />

<strong>de</strong> Direito, vem sen<strong>do</strong> alvo <strong>de</strong> críticas e acusações, numa tentativa <strong>de</strong> conspurcar<br />

sua imagem e a <strong>de</strong> seus membros perante a socieda<strong>de</strong>, e <strong>de</strong> <strong>de</strong>sacreditar suas ações.<br />

É sempre bom lembrar que as funções <strong>do</strong> Judiciário são essenciais à preservação das<br />

garantias e <strong>do</strong>s direitos fundamentais e da própria <strong>de</strong>mocracia.<br />

É <strong>de</strong> se lamentar que a <strong>comunicação</strong> pública praticada por algumas instituições e<br />

<strong>órgãos</strong> <strong>públicos</strong> assemelhe-se mais ao discurso político, que visa a angariar a simpatia<br />

e a a<strong>de</strong>são da opinião pública, em <strong>de</strong>trimento <strong>do</strong> interesse público.<br />

Thiers Montebello<br />

Revista TCMRJ n. 49 - j a n e i r o 2012<br />

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