29.01.2015 Views

Lendo as ondas do “Movimento de Acesso à Justiça”: epistemologia ...

Lendo as ondas do “Movimento de Acesso à Justiça”: epistemologia ...

Lendo as ondas do “Movimento de Acesso à Justiça”: epistemologia ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

KIM ECONOMIDES 63<br />

reforma da lei e <strong>do</strong>s serviços jurídicos com o intuito <strong>de</strong> melhorar o acesso a estes<br />

serviços. A segunda área relaciona-se com <strong>as</strong> <strong>de</strong>finições contemporâne<strong>as</strong> <strong>de</strong><br />

justiça, ou seja, com o problema epistemológico <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir a que realmente<br />

queremos dar acesso aos cidadãos. <strong>Acesso</strong> a quê O principal argumento aqui<br />

refere-se à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se fazer uma conversão <strong>de</strong> justiça civil para justiça cívica.<br />

5 É importante lembrar que os direitos sociais e políticos <strong>de</strong> Marshall são,<br />

na prática, freqüentemente media<strong>do</strong>s e implementa<strong>do</strong>s pelo mo<strong>de</strong>rno Welfare<br />

State e que os conflitos sobre concessão <strong>de</strong> direitos são, invariavelmente, expressos<br />

por meios jurídicos. Em outros termos, a afirmação <strong>de</strong> tais direitos está relacionada<br />

muito <strong>de</strong> perto com o trabalho <strong>do</strong>s advoga<strong>do</strong>s, ainda que estes optem<br />

por não reconhecer este fato. Po<strong>de</strong> mostrar-se necessário, portanto, que nos<br />

af<strong>as</strong>temos <strong>de</strong> uma aplicação rígida da cl<strong>as</strong>sificação <strong>de</strong> Marshall que, embora útil<br />

para compreen<strong>de</strong>r o escopo <strong>do</strong> problema, provavelmente nos <strong>de</strong>sviaria <strong>de</strong> importantes<br />

conexões que existem, ou que talvez existam, no nível da prática.<br />

Como po<strong>de</strong>m, ou <strong>de</strong>vem, os advoga<strong>do</strong>s, por intermédio <strong>de</strong> processos legais, ir<br />

além da representação <strong>de</strong> pleitos civis individuais para articular direitos mais coletivos<br />

— políticos, civis ou, até mesmo, sociais e econômicos<br />

Na conclusão, objetivo enfatizar que não <strong>de</strong>vemos nos confinar neste<br />

nível macropolítico, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> apen<strong>as</strong> <strong>as</strong> aplicações e significa<strong>do</strong>s da justiça<br />

distributiva ou corretiva, termos geralmente <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s no senti<strong>do</strong> aristotélico.<br />

Ao contrário, é hora <strong>de</strong> examinar também, no nível micro, <strong>as</strong> compreensões<br />

particulares <strong>de</strong> justiça alcançad<strong>as</strong> por membros individuais da profissão<br />

jurídica: o movimento contemporâneo <strong>de</strong> acesso à justiça precisa voltar sua<br />

atenção para o novo tema da ética profissional. Isso não significa que <strong>de</strong>vemos<br />

optar entre est<strong>as</strong> abordagens, m<strong>as</strong> que, ao contrário, <strong>de</strong> algum mo<strong>do</strong><br />

precisamos criar, sustentar e equilibrar em nossa análise <strong>do</strong> acesso à justiça<br />

uma nova síntese entre os níveis macro e micro.<br />

Meto<strong>do</strong>logia<br />

Voltan<strong>do</strong>-nos agora para a meto<strong>do</strong>logia, creio ser razoável dizer que,<br />

após 20 anos <strong>de</strong> intensa pesquisa sócio-jurídica e comparada, já compreen<strong>de</strong>mos<br />

os contornos gerais da natureza <strong>do</strong> problema <strong>do</strong> acesso à justiça, ainda<br />

que, necessário admitir, <strong>as</strong> soluções prátic<strong>as</strong>, efetiv<strong>as</strong>, para este problema permaneçam<br />

in<strong>de</strong>finid<strong>as</strong>. 6 Formula<strong>do</strong>res <strong>de</strong> política <strong>de</strong> diferentes governos e sistem<strong>as</strong><br />

jurídicos, permanentemente engaja<strong>do</strong>s em experimentos locais volta<strong>do</strong>s<br />

5 David Trubek & Louise Trubek, Civic justice through civil justice: a new approach to public<br />

interest advocacy in the United States, in Mauro Cappelletti & Bryant Garth (eds.), op. cit.<br />

6 Ver Marc Galanter, Why the “haves” come out ahead: speculation on the limits of legal<br />

change. Law & Society Review, 9(95), 1974. Ver também Russell Smith & Sally Lloyd-Bostock,<br />

Why people go to Law: an annotated bibliography of social science research (Oxford, Centre for<br />

Socio-Legal Studies, 1990) e o Windsor Yearbook of Access to Justice (Windsor, Ontario, Faculty<br />

of Law, University of Windsor, 1981).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!