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Lendo as ondas do “Movimento de Acesso à Justiça”: epistemologia ...

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KIM ECONOMIDES 69<br />

em gran<strong>de</strong> escala que tenham conseqüênci<strong>as</strong> polític<strong>as</strong> ou econômic<strong>as</strong> significativ<strong>as</strong><br />

para a socieda<strong>de</strong> como um to<strong>do</strong>. 24 Os direitos relativos ao meio ambiente<br />

— ou “direitos metaindividuais” —, por exemplo, que transcen<strong>de</strong>m os<br />

interesses <strong>de</strong> qualquer indivíduo em particular afetan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os cidadãos,<br />

não são freqüentemente bem representa<strong>do</strong>s, quer pelos prove<strong>do</strong>res <strong>de</strong> serviços<br />

jurídicos, quer pelos grupos particulares <strong>de</strong> clientes que preten<strong>de</strong>m representar<br />

a cl<strong>as</strong>se mais ampla.<br />

Para concluir esta análise, gostaria <strong>de</strong> chamar a atenção para a interação<br />

entre <strong>as</strong> três variáveis acima e fazer du<strong>as</strong> observações <strong>de</strong> caráter geral.<br />

Em primeiro lugar, o problema <strong>de</strong> acesso à justiça não é simplesmente um<br />

problema <strong>de</strong> opção individual <strong>do</strong> cidadão: <strong>as</strong> responsabilida<strong>de</strong>s pela garantia<br />

<strong>de</strong> que tal acesso seja <strong>as</strong>segura<strong>do</strong> a grupos excluí<strong>do</strong>s recaem tanto no governo,<br />

quanto nos organismos profissionais. Em segun<strong>do</strong>, como a <strong>de</strong>pendência<br />

<strong>do</strong> merca<strong>do</strong> po<strong>de</strong>, <strong>de</strong> muit<strong>as</strong> maneir<strong>as</strong>, perpetuar espaços vazios na oferta <strong>de</strong><br />

serviços jurídicos, não apen<strong>as</strong> em termos <strong>de</strong> áre<strong>as</strong> <strong>do</strong> direito, m<strong>as</strong> também <strong>de</strong><br />

áre<strong>as</strong> geográfic<strong>as</strong>, é preciso uma ação <strong>de</strong>terminada <strong>do</strong> governo e d<strong>as</strong> profissões<br />

jurídic<strong>as</strong> (ambos agin<strong>do</strong> em consonância) para que tais espaços vazios sejam<br />

um dia preenchi<strong>do</strong>s.<br />

Epistemologia<br />

Nesta terceira parte, preten<strong>do</strong> analisar mais <strong>de</strong> perto a natureza, o papel<br />

e <strong>as</strong> responsabilida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s principais formula<strong>do</strong>res <strong>de</strong> política no interior<br />

<strong>do</strong> governo e d<strong>as</strong> profissões ligad<strong>as</strong> ao sistema jurídico no provimento da estrutura<br />

<strong>de</strong>ntro da qual po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>senvolvid<strong>as</strong> reform<strong>as</strong> visan<strong>do</strong> ao acesso à<br />

justiça. Algum<strong>as</strong> questões preliminares po<strong>de</strong>m ser produtivamente colocad<strong>as</strong><br />

neste ponto: <strong>de</strong> quem é o “acesso à justiça” <strong>de</strong> que estamos falan<strong>do</strong> Por que,<br />

governo e profissionais, <strong>de</strong>veriam se incomodar com nosso tema <strong>de</strong> “acesso à<br />

justiça” Que conseqüênci<strong>as</strong> po<strong>de</strong>m advir da falta <strong>de</strong> acesso<br />

Uma resposta imediata a est<strong>as</strong> pergunt<strong>as</strong> relaciona-se à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

legitimação <strong>do</strong> governo e d<strong>as</strong> profissões jurídic<strong>as</strong>, cuja credibilida<strong>de</strong>, quan<strong>do</strong><br />

não a própria sobrevivência, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> que a retórica que cerca os direitos<br />

e os i<strong>de</strong>ais profissionais seja, em certo ponto, materializada na prática. O acesso<br />

à justiça está, portanto, vincula<strong>do</strong> aos tem<strong>as</strong> <strong>de</strong> cidadania e constitucionalismo,<br />

apoian<strong>do</strong> e reforçan<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> direito, o qual, como observa Roberto<br />

Mangabeira Unger, “…é a alma <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>rno. O estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> sistema<br />

legal leva-nos diretamente aos problem<strong>as</strong> centrais encara<strong>do</strong>s pela própria<br />

24 Abram Chayes, The role of the judge in public law litigation. Harvard Law Review, 89<br />

(1.281), 1976.

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