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Novembro 2014 Actualidade<br />
Lusitano de Zurique– 17<br />
cabeças de quem arrastou<br />
Portugal para o estado em<br />
que se encontra: triste, pobre,<br />
envergonhado e sem<br />
esperança.<br />
Atenção à factura, António.<br />
Não te podes dar ao luxo<br />
de desbaratar a mobilização<br />
que conseguiste, e<br />
mais ainda a que vais conseguir,<br />
transformando esta<br />
esperança que geraste em<br />
mais uma desilusão, quiçá,<br />
para muitos a derradeira.<br />
Não o podes fazer. A responsabilidade<br />
está do teu<br />
lado. Não te vou dizer o que<br />
deves fazer, tu saberás.<br />
Ainda assim, como alguém<br />
que se encontra fora dos<br />
meandros políticos, digo-te<br />
o que é voz corrente cá por<br />
baixo, e me parece essencial<br />
que tenhas em conta.<br />
Acredito na tua sabedoria.<br />
Ela te levará a não marginalizar<br />
a gente boa que<br />
apoiou AJS. O poder que<br />
vais constituir precisa de<br />
muita dessa gente. Saberás<br />
separar o trigo do joio<br />
dos que à tua volta se concentraram<br />
antes e depois<br />
da tua vitória; vi muitas caras<br />
bem conhecidas, que,<br />
por diversas razões, não<br />
deixaram saudades quando<br />
passaram pelo poder.<br />
A tua sabedoria levar-te-á<br />
a recuperar algumas ideias<br />
que Seguro deu a conhecer<br />
– quando começou a<br />
falar. Não me refiro à redução<br />
do número de deputados,<br />
pura demagogia sem<br />
uma nova lei eleitoral, mas<br />
de uma absoluta necessidade<br />
de estreitar a ligação<br />
entre eleitos e eleitores. Os<br />
eleitos não podem, como<br />
sempre fizeram, lembrar-<br />
-se dos eleitores apenas<br />
quando precisam dos seus<br />
votos. É preciso aproximar<br />
os portugueses da política,<br />
António. A participação<br />
dos portugueses não se<br />
pode resumir ao papel de<br />
mero votante. Faz lá como<br />
entenderes, mas não o esqueças<br />
– é vital para a democracia.<br />
Muito cuidado<br />
com a ligação dos eleitos<br />
políticos aos negócios. A<br />
carne é fraca, bem o sabemos,<br />
e não vale a pena<br />
arriscar, mas muito menos<br />
vale pôr a cabeça na areia.<br />
Interdição completa a esse<br />
tipo de ligações. Às comissões<br />
parlamentares não<br />
pode pertencer gente com<br />
interesses negociais aos<br />
assuntos que estão em discussão.<br />
Jamais! Não basta<br />
ser é preciso parecer. Têm<br />
sido muitos os casos em<br />
que a classe política aparece<br />
chamuscada. Basta!<br />
A descrença alastra também<br />
por via disso. Os políticos<br />
não podem ficar-se<br />
por um altamente suspeito:<br />
«Provem!». Além de ser<br />
é preciso parecer. Por fim,<br />
o Estado não pode cobrar<br />
dívidas aos privados quando<br />
lhe faltam meios para<br />
cobrar as suas. É preciso<br />
mais Estado, António. Os<br />
portugueses têm de voltar<br />
a acreditar. Dá ouvidos aos<br />
anseios de esquerda dos<br />
que te elegeram.<br />
Não gosto de fantasiar, vais<br />
ser rodeado de muitos tubarões<br />
que pensam em<br />
tudo menos no interesse<br />
público. Está atento aos sinais<br />
e que não te falte a coragem<br />
de os afastar. Tu, e<br />
só tu, és o responsável por<br />
esta onda de esperança<br />
que vai crescer, não desbarates<br />
a confiança que<br />
em ti depositamos.<br />
Um abraço<br />
Contas bancárias a nu<br />
Os Estados-membros vão trocar<br />
automaticamente, a partir de 2017,<br />
informações entre si para combater<br />
a fraude fiscal de cidadãos que<br />
têm rendimentos fora do país em<br />
que residem, numa medida que inclui<br />
acesso às contas bancárias.<br />
Segundo as novas regras, as autoridades<br />
fiscais terão o poder de recolher<br />
informações das contas bancárias<br />
e de, automaticamente, as trocar<br />
com os outros países participantes.<br />
Com isto, as autoridades fiscais do<br />
país em que o cidadão reside passam<br />
mais facilmente a poderem cobrar os<br />
impostos que são devidos pelos seus<br />
residentes que têm rendimentos no<br />
exterior.<br />
Inicialmente, Luxemburgo e Áustria<br />
resistiram a esta legislação, preocupados<br />
com o facto de as regras mais<br />
duras os colocarem em desvantagem<br />
face a outros países como a Suíça e<br />
o Liechtenstein, mas acabaram por<br />
concordar.<br />
O acordo sobre a troca automática<br />
de informações foi tomado esta semana<br />
no Conselho de Ministros das<br />
Finanças dos 28 Estados-membros<br />
(o chamado Ecofin).<br />
“O sigilo bancário está morto e automática<br />
troca de informações será<br />
aplicado na sua forma mais ampla”,<br />
disse Algirdas Semeta, comissário<br />
europeu dos Assuntos Fiscais.<br />
Segundo o comunicado do Conselho,<br />
as autoridades fiscais da UE<br />
passarão a ter a obrigação de trocar<br />
automaticamente as informações sobre<br />
todos os rendimentos considerados<br />
importantes (juros, dividendos e<br />
outros tipos similares de rendimento),<br />
mas também saldos de contas e receitas<br />
da venda de activos financeiros.<br />
As regras que estão, actualmente,<br />
em vigor já abrangem o intercâmbio<br />
automático de informações sobre<br />
emprego, honorários, seguros de<br />
vida, pensões e bens imóveis, mas<br />
desde que essas informações estivessem<br />
disponíveis. Esta legislação<br />
irá mais longe, uma vez que além de<br />
acrescentar novas categorias não faz<br />
depender do facto de a informação<br />
estar acessível.<br />
Ao mesmo tempo, a Comissão Europeia<br />
continua a negociar acordos fiscais<br />
mais fortes com Suíça, San Marino,<br />
Andorra, Mónaco e Liechtenstein.<br />
in Agências