Rio de Janeiro é transformado emsede <strong>da</strong> Conferência NacionalIntersindical, congregando representantesdos trabalhadores rurais,bancários, industriários eportuários. Nessa conferência, adefesa <strong>da</strong> reforma agrária foi unânime,contando com a presença desindicalistas rurais de quase todosos estados. Foi o início de uma articulaçãoampla, urbana e rural, deconsoli<strong>da</strong>ção de uma chapa paraconcorrer às eleições <strong>da</strong> CONTAG.Fruto <strong>da</strong> união operária ecamponesa, por apenas umvoto de diferença, a chapaencabeça<strong>da</strong> por JoséFrancisco <strong>da</strong> Silva impõea derrota a José Rotta.Empossa<strong>da</strong>, a nova diretoriaconvocou to<strong>da</strong>s asfederações para um encontro,em Petrópolis(RJ), a fim de elaborar umPlano de Integração Nacional- PIN. Diante <strong>da</strong> divisão políticarevela<strong>da</strong> no processo eleitoral, apreocupação maior era criar uminstrumento capaz de garantir auni<strong>da</strong>de do Movimento Sindical deTrabalhadores Rurais – MSTR.O PIN elegeu a reforma agráriacomo uma <strong>da</strong>s bandeiras de lutacapaz de propiciar a uni<strong>da</strong>de domovimento, pois seria de fun<strong>da</strong>mentalimportância não apenaspara os diretamente envolvidosnos conflitos pela terra, mas tambémpara o pequeno produtor e oassalariado.O PIN previu ações específicaspara ca<strong>da</strong> setor. No caso dosassalariados, por exemplo, foramincentiva<strong>da</strong>s as ações coletivas,em grande número, para abarrotaras Juntas de Conciliação eJulgamento, forçando uma toma<strong>da</strong>de posição favorável aos trabalhadores.Essa proposta, quandoleva<strong>da</strong> à prática, causaria umareação violenta do patronato e dopoder público, que ameaçavam epuniam os líderes sindicais porpromoverem reuniões nos Sindicatosde Trabalhadores Rurais.A formação de líderes era essencialpara o futuro do MSTR. Pormeio de cursos sobre a reali<strong>da</strong>debrasileira, legislação trabalhista,agrária, agrícola, cooperativismoe de organização sindical, aCONTAG iniciou um contínuo trabalhode conscientização dostrabalhadores rurais sobre os seusdireitos, qualificando-os para aluta cotidiana.O PIN marcou a singulari<strong>da</strong>de doMSTR dentro do sindicalismo brasileiro.Enquanto as outras confederaçõesurbanas existentes tinhamdúvi<strong>da</strong>s entre resistir ou aceitar aintervenção no movimento sindical,a CONTAG optou pelo enfrentamentoao poder econômico e político emuma de suas principais bases: ademocratização <strong>da</strong> terra e a organizaçãopolítica dos trabalhadoresrurais, por meio <strong>da</strong> formação delideranças.Durante os ‘<strong>anos</strong> duros’ doregime ditatorial militar, 1968 e1969, os dirigentes do MSTR aceleraramo processo de organizaçãoe politização <strong>da</strong> categoria.Lançaram o periódico “O TrabalhadorRural”, informativoque levava as idéias epropostas <strong>da</strong> CONTAG àsFederações e Sindicatos detodo o país.Nesse período, a direção<strong>da</strong> CONTAG qualificou ain<strong>da</strong>mais a sua forma de comunicaçãocom a base, lançandoa revista mensal “O TrabalhadorRural”, apresentando análisessobre a conjuntura nacional esugerindo encaminhamentos parareflexão nos estados.Os textos reproduzidos noperiódico demonstram explicitamenteo enfrentamento <strong>da</strong> CONTAGdiante <strong>da</strong>s políticas do governomilitar. Num dos primeiros númerosdessa revista, por exemplo,foi transcrita a carta ao Papa PauloVI, assina<strong>da</strong> por José Francisco,que reafirmava: “É, para vencerbarreiras centenárias de irracionali<strong>da</strong>desgera<strong>da</strong>s pelo latifúndio,sinônimo de um poder político,econômico, social e cultural quecontrariam a função social de20 - CONTAG <strong>40</strong> ANOS
Iniciode 1969Finalde 1971MunicípiosbrasileirosFonte: <strong>Revista</strong> O Trabalhador RuralMunicípiosc/ sindicatosproprie<strong>da</strong>de, é necessária umadecisão drástica e enérgica pelareforma agrária”.A necessi<strong>da</strong>de de organizar ostrabalhadores nos municípios econstituir sindicatos era uma <strong>da</strong>sgrandes deman<strong>da</strong>s do movimentosindical naquele momento. Arevista “O Trabalhador Rural” eraum dos meios utilizados parachamar os trabalhadores paraorganização sindical. Existia umaseção chama<strong>da</strong> “Conversa deCaboclo”, que contava estóriassobre o cotidiano dos trabalhadoresrurais, rotina repleta dedificul<strong>da</strong>des e injustiças. Cria<strong>da</strong>spela equipe técnica <strong>da</strong> <strong>Contag</strong> eassina<strong>da</strong>s com nomes fictícios, asestórias chamavam a atenção doscamponeses sobre a importância<strong>da</strong> organização sindical. Em umadessas estórias consta esse trecho:“E quem é esse sindicato,que vai <strong>da</strong>r nosso valor? É umasocie<strong>da</strong>de composta de agricultor.Nós vai lá se reunir, pra acabar coma tal de meia. Que sempre nos temtrazido amarrado no nó <strong>da</strong> peia.”A luta essencialmente corporativa,nunca foi a marca domovimento sindical coordenadopela CONTAG, já em 1968,preocupados com a importância<strong>da</strong> educação para o desenvolvimentodo campo, foi organizadoum Encontro Nacional, em Petrópolis/RJ.No evento, diversosrepresentantes <strong>da</strong>s Federaçõesconcluíram que: “a) o diálogo deveser a base para a construção deuma proposta educativa para ocampo e; b) o método a serutilizado, deve levar em conta oconhecimento <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, queserá critica<strong>da</strong>, para <strong>da</strong>í se chegarà escolha <strong>da</strong> ação e a própriaação, conhecimento e crítica”.Na revista “O Trabalhador Rural”,a direção <strong>da</strong> CONTAG politizouo debate sobre o papel <strong>da</strong>organização sindical e utilizourepeti<strong>da</strong>mente o lema “Sindicalismoautêntico, é Sindicalismolivre”. Denunciou a intenção decooptação do governo através doassistencialismo. Demonstrou queo conceito de desenvolvimento dogoverno era diferente <strong>da</strong> idéia doMSTR: “milhões de camponesescontinuam morrendo de fome (...),mas o Brasil está em franco crescimento.Sim, porque crescer é bemdiferente de desenvolver”.Levantamento elaborado pelaCONTAG, em 1971, demonstrouque a estratégia adota<strong>da</strong> peloMSTR foi acerta<strong>da</strong> nos 22 estados,inclusive Brasília e Guanabara,conforme a tabela.Municípioss/ sindicatosMédia de sóciospor sindicato3959 705 3254 8003959 1045 2914 1132Outros <strong>da</strong>dos, sobre ocrescimento e consoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong>CONTAG, foram apresentadospelo Presidente JoséFrancisco, na abertura doCongresso Nacional de TrabalhadoresRurais, em 1979:“apesar <strong>da</strong>s condiçõesdesfavoráveis para o trabalhosindical entre o últimoCongresso e os dias atuais,passamos de 19 para 21 Federações,de 1.500 sindicatospara 2.275, de dois milhõese meio de associados paramais de cinco milhões”.A CONTAG estava consoli<strong>da</strong><strong>da</strong>,não como um espaçodesse ou <strong>da</strong>quele ‘modo depensar o sindicalismo’, masde to<strong>da</strong>s as correntes políticasexistentes. Rompeu coma visão imediatista <strong>da</strong> lutasindical e buscou atender aoutras dimensões e necessi<strong>da</strong>desdo ser humano, inclusive,apontando o conceito dedesenvolvimento que se queriapara o campo: “O desenvolvimentodeve vir acompanhadode transformaçõessociais e políticas”.O mesmo aconteceu com oestímulo à participação. Emregistros internos percebe-seque reuniões de avaliação eplanejamento sempre estiverampresentes na históriadessa enti<strong>da</strong>de, inclusive coma participação <strong>da</strong> assessoria,demonstrando como praticardemocracia interna mesmo emmomentos difíceis e sob ameaçaconstante dos militares.CONTAG <strong>40</strong> ANOS - 21
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