Lyndolpho SilvaPrimeiro presidente <strong>da</strong> CONTAGNas comemorações dos <strong>40</strong> <strong>anos</strong>de criação <strong>da</strong> CONTAG, LyndolphoSilva encontrava-se em São Paulo,hospitalizado. O depoimento é umresgate <strong>da</strong>s suas declaraçõesquando <strong>da</strong>s comemorações dos 30<strong>anos</strong> <strong>da</strong> Confederação, em 1993.Durante as festivi<strong>da</strong>des dos 30<strong>anos</strong> <strong>da</strong> CONTAG, em Brasília,Lyndolpho reproduziu parte <strong>da</strong>história de lutas do MSTTR. Elerecordou que a luta dos posseirosconcentrava-se na defesa <strong>da</strong>titulação <strong>da</strong> terra, com base na leide usucapião, já que cultivavama terra e pagavam impostos. Oempenho político dos assalariadostinha outra vertente: a obtençãode salários condizentes.Lyndolpho explicou que amaioria dos camponeses era maisque trabalhador do campo. Asituação representava o elo deligação entre o trabalho comoforma de sobrevivência e amanutenção <strong>da</strong> terra como valoreconômico nas mãos do proprietário.Este elo era representadopor um aspecto quase feu<strong>da</strong>l narelação com o latifúndio: o lavradormorava na fazen<strong>da</strong>. A classesocial a que pertencia constituíaum semiproletariado.O pioneiro <strong>da</strong> CONTAG tambémexplicou, em respostas aos críticosdos primeiros momentos <strong>da</strong>atuação política <strong>da</strong> CONTAG, queo surgimento <strong>da</strong> Confederação nãofoi uma “outorga” do estado, masuma combinação de dois fenômenos:um político com o recuo dogoverno para acalmar os ânimos,e outro social, com a persistência<strong>da</strong> classe trabalhadora rural.José Francisco <strong>da</strong> Silvaex-presidente <strong>da</strong> CONTAGFoi o primeiro presidente <strong>da</strong>CONTAG depois <strong>da</strong> retoma<strong>da</strong> <strong>da</strong>instituição, em 1968. Ligado aopartido comunista, “ZéFrancisco”, dirigiu a enti<strong>da</strong>de por21 <strong>anos</strong>, nos piores momentos <strong>da</strong>vi<strong>da</strong> institucional do país.Enfrentou o latifúndio e arepressão militar nas suas maisagressivas formas de expressão.Ele apostou na formação e naorganização do MovimentoSindical de Trabalhadores eTrabalhadoras Rurais.Apesar <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des deorganizar mobilizações nos <strong>anos</strong>iniciais <strong>da</strong> CONTAG, a enti<strong>da</strong>decresceu e tem realizações. Quefeitos <strong>da</strong> CONTAG o senhor <strong>da</strong>riadestaque?A organização dessa enti<strong>da</strong>de,a estrutura dela hoje, com eleiçãoem Congresso, atuando por secretaria,tudo isso é uma grandeconquista. O avanço <strong>da</strong> reformaagrária, que era quase impossívelhá <strong>40</strong> <strong>anos</strong>, está acontecendo. Aquestão <strong>da</strong> previdência no campo,a organização dos agricultoresfamiliares, com programas específicosde crédito. São fenômenostremen<strong>da</strong>mente importantes queeram perseguidos passo a passoe que são grandes conquistas.Temos que lembrar os assalariadosque sofreram um baque com amodernização <strong>da</strong> agricultura, maso pessoal está deixando de serassalariado e está partindo paralutar pela conquista <strong>da</strong> terra.Com se deram as lutas em defesados interesses no período decerceamento <strong>da</strong>s liber<strong>da</strong>des?Havia muita união. O inimigofoi cedendo, aos poucos, àsnossas pressões. Naquela época,<strong>40</strong> - CONTAG <strong>40</strong> ANOS
“O avanço <strong>da</strong> reforma agrária, que era quase impossível há<strong>40</strong> <strong>anos</strong>, está acontecendo.”já realizávamos essa defesa lançandomão até dos instrumentosjurídicos que se tinha, como aConstituição, o Estatuto do Trabalhador,o Estatuto <strong>da</strong> Terra, oartigo 508 do Código Civil, que dádireito à defesa <strong>da</strong> posse. A classetrabalhadora não era desuni<strong>da</strong>como pensam. O que havia era umabuso de poder bem maior do quese vê hoje. Se nos dias atuais olatifúndio quase não tem medo dena<strong>da</strong>, imagine naquela época, como estado, a política e o dinheirogarantindo as oligarquias.O senhor fez referências a umacerta evolução do espaço democrático<strong>da</strong>s lutas camponesas. Oque isso representa?A partir de 1979, houve umespaço bem maior para ampliação<strong>da</strong> luta. É preciso levar em contaque naquela época começaram osprimeiros movimentos <strong>da</strong> redemocratizaçãodo país, a exemplo <strong>da</strong>Campanha <strong>da</strong>s “Diretas Já”,dentre outros. Tivemos a Constituiçãode 1988, que permitiuavanços importantes para asclasses trabalhadoras do campo <strong>da</strong>e <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, em relação, sobretudo,no que se referia a direitostrabalhistas, questão <strong>da</strong> terra, <strong>da</strong>previdência, <strong>da</strong> organizaçãosindical e, principalmente,autonomia e liber<strong>da</strong>de sindical.Quer dizer, no caminho <strong>da</strong>s lutas<strong>da</strong> CONTAG, se percebia que aca<strong>da</strong> dia o pessoal envolvidoprocurava ocupar estes espaços.Com isso, o processo democráticoia se consoli<strong>da</strong>ndo, porque namedi<strong>da</strong> em que se recorria aosinstrumentos que se foramforçosamente criando ao longo <strong>da</strong>spressões dos trabalhadores, seencontrava, ao mesmo tempo,condições de se somar conquistas.Aloísio CarneiroEx-presidente <strong>da</strong> CONTAGAloísio Carneiro chegou àCONTAG em 1983, como suplente,integrando a oitava diretoria <strong>da</strong>instituição. Baiano, ele atuou noSindicato dos TrabalhadoresRurais de Retirolândia, de ondeseguiu para a direção <strong>da</strong>Federação dos Trabalhadores naAgricultura <strong>da</strong> Bahia. A partir de1986, Aloísio assumiu aPresidência <strong>da</strong> CONTAG para umman<strong>da</strong>to de três <strong>anos</strong> (1986/1989). Podemos dizer, que <strong>da</strong>ícomeçava o Movimento Sindical deTrabalhadores e TrabalhadorasRurais, com dois Ts.Aloísio chega à liderança doMSTR no segundo ano do Governodo Presidente José Sarney. Nocampo, a violência levou o governoa criar, na estrutura do Ministério<strong>da</strong> Reforma e Desenvolvimento –MIRAD, uma coordenação específicapara acompanhar os conflitosagrários. Nesse cenário, surgiu aUnião Democrática Ruralista, umainstituição ultradireita, cujo objetivoera impedir qualquer avançona reforma agrária. Nesse climade tensão, entre as forças favoráveise contrárias às reformas nocampo, Aloísio Carneiro atuou nãosomente em defesa dos interessesdos trabalhadores rurais,buscou avançar também na lutapela eliminação do trabalhoinfanto-juvenil e <strong>da</strong> escravidão.Foi ain<strong>da</strong> em sua gestão queocorreram os embates na AssembléiaConstituinte para garantir osdireitos dos trabalhadores etrabalhadoras do campo. Aloísiofaleceu em 2002. Ao grandecompanheiro o reconhecimento detodos os homens e mulheres quelutam por condições digna de vi<strong>da</strong>no campo.CONTAG <strong>40</strong> ANOS - 41
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