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Curso Extensivo – E - Colégio OBJETIVO

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PORTUGUÊS E3. (VUNESP-SP) – Se um estudante emprega, numa disserta ção, overbo ter no sentido de “existir”, numa frase como “Tem muitosalunos na escola”, é penalizado na correção pelo professor, querecomenda nesse caso o emprego do verbo haver. O mesmo professorconsiderará perfeitamente normal que a personagem feminina da peçade Millôr Fernandes empregue, por duas vezes, “Tem gente”.Justifique por que essas atitudes do professor não são contraditórias.RESOLUÇÃO:As atitudes do professor não são contraditórias, pois se referem acontextos linguísticos diferentes. Quando, numa dissertação ou outrotrabalho escolar, o professor condena o emprego do verbo ter no lugar dehaver, ele está chamando a atenção do aluno para o fato de que o uso deter, no sentido de “existir”, é popular e coloquial, só devendo ocorrer compropriedade em situações informais. Portanto, é perfeitamente aceitável,num contexto como o da peça teatral de Millôr Fernandes, que apersonagem empregue a variante popular, porque esta condiz com oambiente e a situação representados.O catecismo começou a infundir-me o temor apavorado dos orá -cu los obscuros. Eu não acreditava inteiramente. Bem pensando,acha va que metade daquilo era invenção malvada do Sanches. Equando ele se punha a contar histórias de castidade, sem atenção àparvidade da matéria do preceito teológico, mulher do próximo,Conceição da Virgem, terceiro-luxúria, brados ao céu pela sensua -lidade contra a natureza, vantagens morais do matrimônio, e porquea carne, a inocente carne, que eu só conhecia condenada pelaquaresma e pelos monopolistas do bacalhau, a pobre carne do beef,era inimiga da alma; quando retificava o meu engano, que era outraa carne e guisada de modo especial e muito especialmente trinchada,eu mordia um pedacinho de indignação contra as calúnias à santacartilha do meu devoto credo. Mas a coisa interessava e eu iacolhendo as informações para julgar por mim oportunamente.Na tabuada e no desenho linear, eu prescindia do colega maisvelho; no desenho, porque achava graça em percorrer os caprichosostraços, divertindo-me a geometria miúda como um brinquedo; natabuada e no sistema métrico, porque perdera as esperanças depassar de medíocre como ginasta de cálculos e resolvera deixar aMaurílio ou a quem quer que fosse o primado das cifras.Em dois meses tínhamos vencido por alto a matéria toda do curso;e, com este preparo, sorria-me o agouro de magnífico futuro, quandoveio a fatalidade desandar a roda.(POMPEIA, Raul. O Ateneu.Rio de Janeiro, Biblioteca Universal Popular, 1963.)As questões de números 4 a 7 tomam por base um fragmento doromance O Ateneu, de Raul Pompeia (1863-1895), em que o narradorcomenta suas reações ao ensino que recebia no colégio:4. (VUNESP-SP) – Nesta passagem de O Ateneu, romance que acrítica literária ainda hesita em classificar dentro de um único estiloliterário, a personagem narradora se refere ao ensino de religião cristã,desenho e matemática, mostrando atitudes diferentes com relação aosconteúdos de cada disciplina. Releia o texto e, a seguir, explique arazão de a personagem narradora declarar, no penúltimo parágrafo,que prescindia do colega mais velho no aprendizado de desenho.RESOLUÇÃO:Diferentemente do que ocorria com o estudo da tabuada e do sistemamétrico, matérias que já não seduziam o narrador, visto que ele se diz,nelas, um “medío cre” sem esperanças, o trabalho com o desenho o atraíae entretinha: “achava graça em percorrer os caprichosos traços,divertindo-me a geometria miúda como um brinquedo”. Este o motivopelo qual, no caso, ele “prescindia do colega mais velho”, cujo auxílio lhevalia no estudo de religião e seria inútil no de matemática.34 –O ATENEUA doutrina cristã, anotada pela proficiência do explicador, foiocasião de dobrado ensino que muito me interessou. Era o céu aber -to, rodeado de altares, para todas as criações consagradas da fé. Cu -rio so encarar a grandeza do Altíssimo; mas havia janelas para opurgatório a que o Sanches se debruçava comigo, cuja vista muitomais seduzia. E o preceptor tinha um tempero de unção na voz e nomodo, uma sobranceria de diretor espiritual, que fala do pecado semmacular a boca. Expunha quase compungido, fincando o olhar noteto, fazendo estalar os dedos, num enlevo de abstração religiosa;expunha, demo rando os incidentes, as mais cabeludas manifestaçõesde Satanás no mundo. Nem ao menos dourava os chifres, que me nãofizessem medo; pelo contrário, havia como que o capricho de surpre -ender com as fantasias do Mal e da Tentação, e, segundo o linea -mento do Sanches, a cauda do demônio tinha talvez dois metros maisque na realidade. Insinuou-me, é certo, uma vez, que não é tão feio odito, como o pintam.

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