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Curso Extensivo – E - Colégio OBJETIVO

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) Ele já tornara a peça assunto do capítulo LXXII, mas apenas agoratem ocasião de vê-la. Do ponto de vista da estru tura do romance,isso implicaria alguma contra di ção? Justificar, se for o caso.RESOLUÇÃO:Não há contradição. A ordem cronológica da ação do roman ce é truncadapelas digressões do narrador, que, posicionado no presente da narração,da escrita de suas memórias, interfere livremente no passado e na açãopara comentá-los. A técnica impressionista de recompor o passadoatravés de “manchas” de recordação permite, pela imposição do tempopsicológico, a fusão de presente e passado. O capítulo LXXII, de carátermetalin guístico, é uma reflexão do memorialista que interrompe e elucidaa ação romanesca. O capítulo CXXXV integra a própria ação doromance, recapitulando o passado. Não há, portanto, qualquercontradição estru tural no fato de, no capítulo LXXII, o narrador revelaro conhecimento de uma peça que a personagem, na sequência da ação, sóveria no capítulo CXXXV. Basta não confundir narrador e personagem.7. (FUVEST-SP) – Como bom espectador, o narrador sabia que Des -dê mona era inocente. Por que ele não se compadece da morte dela?RESOLUÇÃO:A tragédia de Shakespeare deixa patente a inocência de Desdêmona, e aprova incriminatória, o fatídico lenço, não passou de um ardil de Iago,que materializou, na consciência atormen tada de Otelo, a convicção doadultério. Bentinho, contudo, está tão envolvido nas teias do ciúme, e onarrador é tão solidário com Otelo, que a inocência de Desdêmona éirrelevante. O narrador-personagem identifica-se com Otelo e, como ele,assume o papel do marido que, supondo-se traído, exerce sua “justa”vingança. É um indício da subjetividade do ponto de vista.PORTUGUÊS E6. (FUVEST-SP) – “Os lenços perderam-se, hoje são precisos ospróprios lençóis; alguma vez nem lençóis há, e valem só as camisas.”Por que o narrador contrapõe lençóis e camisas, de seu tempo, alenços, do tempo da tragédia?RESOLUÇÃO:Há, na contraposição entre os lenços do passado e os lençóis e camisas dopresente, uma crítica à decadência dos costumes do tempo de enunciaçãode Dom Casmurro. Na época retratada por Shakespeare, bastavamindícios materiais para configurar o adultério; hoje (o presente danarração, da enunciação) são necessárias provas mais contun dentes: aexibição da intimidade dos amantes, dos “lençóis”, das “camisas” (=peças íntimas).8. (FUVEST-SP) – “Ouvi as súplicas de Desdêmona, as suaspalavras amorosas e puras, e a fúria do mouro, e a morte que este lhedeu entre aplausos frenéticos do público.” O modo como o narradorvê a reação do público revela algo. De que se trata?RESOLUÇÃO:O narrador, equivocadamente, interpreta os aplausos do público comoaplausos ao ato de vingança de Otelo, como se o público estivesseassumin do o papel do príncipe mouro, solidário com sua ira. Na verdade,o público aplaudia o espetáculo, o desempenho dos atores, não a atitudedo marido “traído”. É mais uma evidência da importância do foconarrativo na construção de Dom Casmurro.– 43

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